Sob direção de Miwa Yanagizawa, ator Gabriel Saito mistura memória afetiva e ancestralidade nipônica em peça autoral
Créditos: Nadja Kouchi
O Projeto “Okama” segue em temporada até 08 de outubro no Sesc Ipiranga, com espetáculo solo e ações formativas voltadas ao tema da ancestralidade. O ator e performer Gabriel Saito leva ao palco a história da imigração japonesa no Brasil, à medida em que revive suas memórias afetivas. O resultado é uma mistura, cujo processo artístico é tema de oficina artística e debate após exibição de curtas.
Sob direção de Miwa Yanagizawa, Saito convida o público a se conectar com símbolos da tradição asiática por meio de uma experiência sensorial em diferentes momentos da peça. Assim, nos interiores do Sesc, o espectador é levado por Saito aos antigos atores do teatro Kabuki, suas relações homoafetivas com os samurais e as vivências de Saito.
Oficina de Memória e Fabulação
Como parte da temporada de “Okama”, o ator e a diretora promovem a oficina artística “Memória e Fabulação”,
de 03 a 06 de outubro. Gratuita, a oficina ocorre no auditório do Sesc Ipiranga.
Durante as aulas, cada aluno é provocado a criar expressões artísticas a partir das próprias recordações,
ao modo como Saito e Miwa Yanagizawa construíram no espetáculo em cartaz.
Créditos: Nadja Kouchi
A oficina propõe uma intersecção entre artes cênicas, audiovisual e performance na criação de projetos autorais sobre o tema da memória e o que isso significa para o artista enquanto membro da sociedade. “A relação com a memória é uma das grandes potências no projeto. O Brasil é um país com medo da memória”, afirma Saito.
Sessão de curtas metragens com bate-papo
No sábado, 07 de outubro, das 15h às 17h, o projeto exibe dois curtas metragens produzidos pelo ator Gabriel Saito “Takenoko” (2020/15min) e “Shawā” (2022/29min), após as exibições haverá um debate com a pesquisadora de arte nipônica Michiko Okano, com mediação da jornalista Cacau Ideguchi. No mesmo dia, às 18h, Gabriel apresenta seu penúltimo dia de “Okama”.
Sobre Okama
Okama significa “bicha”. Em japonês esse termo é pejorativo, mas foi fundamental para que o ator, performer e dramaturgo Gabriel Saito,
fluminense de ascendência nipônica, iniciasse a pesquisa acerca da sua ancestralidade.
Créditos: Nadja Kouchi
Os artistas do teatro contemporâneo têm apostado em refletir sobre a ideia de ancestralidade a partir também dos recortes raciais.
O encontro do artista com Miwa Yanagizawa na direção é outra potente interlocução ancestral. A dupla se une a partir de suas trajetórias de vida e identidades raciais
SINOPSE DO ESPETÁCULO
Espetáculo autoral do artista Gabriel Saito que realiza uma exumação simbólica do corpo de sua bisavó, migrante japonesa morta prematuramente alguns anos depois de sua chegada ao Brasil e da sua avó, primeira geração mestiça já brasileira, revelando processos de violência. Na fábula encenada em Okama, o ator visita a ancestralidade numa visão singular enquanto uma “bicha-mestiça-amarela” descendente dos atores do tradicional teatro kabuki, que se relacionavam sexualmente com os samurais como práticas que eram comuns na sociedade japonesa.
Ficha técnica:
Texto e atuação: Gabriel Saito
Direção: Miwa Yanagizawa
Coreografias Kabuki: Fujima Yoshikoto
Assistente coreografias Kabuki: Satie Hideshima
Desenho de luz: Sueli Matsuzaki
Cenografia: Maurício Bispo
Figurino: Teresa Abreu
Trilha sonora: Yugo Sano Mani
Videoarte: Gibran Sirena
Fotografia: Nadja Kouchi
Projeto Gráfico: Pedro Leobons
Supervisão de dramaturgia: Fabiano Dadado de Freitas
Preparação Vocal: Camilla Flores
Cenotécnica: Carol Bucek
Assessoria de imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira
Produção: Corpo Rastreado
Idealização: Gabriel Saito
Serviço:
Okama
Temporada: 1 de setembro a 8 de outubro
Sextas às 21h30, sábados e domingos, às 18h30
Sesc Ipiranga (Teatro) – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga
Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$10 (credencial plena)
Vendas pelo site sescsp.org.br
Bilheteria: a partir do dia 23 de agosto, em qualquer bilheteria do Sesc São Paulo.
Classificação: 16 anos
Duração: 75 minutos
Capacidade: 40 lugares
Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, baixa
visão e obesidade
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Oficina
De 03 à 06 de outubro, das 15h às 18h
(de terça à sexta-feira), Gratuito.
Inscrições pelo Portal Sesc SP/Unidade Ipiranga. Vagas limitadas. Destinada ao público adulto.
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Exibição de curtas metragens e bate papo
Com Michiko Okano e mediação de Cacau Ideguchi. Sábado, 07/10, a partir das 15h, Gratuito.
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Sobre os curta metragens
Curtas Projeto Okama:
Takenoko (2020)
Duração: 15 minutos
Sinopse: A família Saito, ao chegar ao Brasil, foi submetida à escravidão forçada e, em fuga, precisou reconstituir sua identidade. A fome foi um motor de resiliência que fez com que chegassem à pé do interior de São Paulo-SP até Petrópolis-RJ. Foi quando se depararam com os bambuzais abundantes na região. O broto de bambu, conhecido
pelos japoneses como takenoko, é uma iguaria com a qual se pode fazer muitos alimentos. Ao perceber que havia takenoko, perceberam que não passariam fome.
Shawā (2022)
Duração: 29 minutos
Sinopse: O termo “Shawā” significa banho em japonês. A criação de uma memória sobre a prematura morte de Massami Saito, uma imigrante japonesa, conduz seu bisneto a um processo de exumação simbólica através da fusão entre o passado e o presente, investigando as consequências desse misterioso trauma na formação de uma família brasileira-mestiça.
Michiko Okano Ishiki possui graduação pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, mestrado em Comunicação e Semiótica e doutorado em Comunicação e Semiótica, ambos pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é professora associada do programa de graduação e pós-graduação do Departamento de Artes da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo e professora colaboradora de pós-graduação do programa de Língua, Literatura e Cultura Japonesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. É coordenadora do Grupo de Estudos Arte Ásia (geaa.art.br) Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Arte Japonesa, atuando principalmente nos seguintes temas: arte japonesa, arte nipo-brasileira e cultura japonesa.
Currículo