Inaugurado em 1924, prédio que abriga hoje o Museu Catavento, já foi também sede da Assembleia Legislativa e até da Prefeitura Municipal de São Paulo
No dia 29 de abril de 2024, o Palácio das Indústrias, edifício que abriga o Museu Catavento, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, administrada em parceria com a Organização Social Catavento Cultural e Educacional, completa 100 anos de existência.
“O Palácio das Indústrias foi construído em uma época em que São Paulo crescia, estava despertando para o mundo, ainda era uma província. No início do século, quando começou a existir o crescimento da comercialização do café, entende-se que São Paulo precisa ter icônicos prédios para demonstrar essa força e potência”, afirma a secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, Marília Marton.
Assim, sob o investimento dos barões de café e com a necessidade dos industriais, comerciantes e agricultores paulistas em expor seus produtos e artigos, desponta a iniciativa da construção do prédio de parte da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado.
Localizado em uma enorme área disponível devido a retificação do Tamanduateí, o edifício começou a ser projetado em 1910 pelo arquiteto italiano Domiziano Rossi, parceiro do Escritório de Arquitetura Ramos de Azevedo, a principal firma de construção da época. Já responsáveis por outros grandes edifícios da cidade, como o Teatro Municipal, o Mercado Municipal e a Pinacoteca do Estado (antigo Liceu de Artes e Ofícios), o escritório ficou encarregado das obras, que duraram de 1911 a 1924.
A inauguração oficial deste edifício tão marcado por sua arquitetura eclética, que combina diversos estilos, ocorreu apenas no dia 29 de abril de 1924. Em sua fase de execução, abrigou ateliês de vários escultores, como Nicola Rollo e Victor Brecheret. Já em 1917, antes mesmo de sua inauguração, o Palácio das Indústrias estava repleto de exposições de caráter industrial, comercial, agropecuário e artístico, que durariam até 1947, quando o edifício se tornou a Sede da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, na época sob o nome Palácio Nove de Julho, em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932. Já em 1968, a Assembleia Legislativa passa a ser sediada no Ibirapuera e não mais no Palácio.
A partir de 1968, portanto, o edifício recebeu diversos órgãos públicos, como o Corpo de Bombeiros e o 1° Distrito Policial, sendo ocupado principalmente por sedes policiais e, assim, acabou perdendo parte de suas características arquitetônicas que eram próprias para fins expositivos.
Em 1982, ocorreu o processo oficial de tombamento do edifício, onde foi reconhecida a necessidade de preservar “um bem, cuja história está intimamente ligada à própria história econômica, política e cultural não só da cidade, como também do Estado de São Paulo”, de acordo com o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).
Já em 1989, surgiu o projeto para que o Palácio das Indústrias fosse a nova sede da Prefeitura Municipal de São Paulo, sob gestão de Luíza Erundina. Com isso, se iniciou o restauro do Palácio pelas mãos da arquiteta modernista ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, que se empenhou em preservar a tão característica arquitetura eclética idealizada nos primórdios por Rossi.
O Palácio se manteve como sede da prefeitura até 2004, quando esta passou a ser alocada no Edifício Matarazzo, no Vale do Anhangabaú, onde permanece até hoje. Ficou desocupado por alguns anos, até que, em 2007, o Governo do Estado de São Paulo o dedicou ao Museu Catavento, retomando assim a sua finalidade original: as exposições.
Atualmente, o Palácio das Indústrias é a casa do museu, que se dispõe entre uma área total de cerca de 12 mil metros quadrados, incluindo varandas cobertas. Um restauro foi realizado em 2007 para que o Museu Catavento abrisse, enfim, suas portas para o público em março de 2009, com o intuito de difundir a Ciência em todas as suas formas de maneira interativa para todas as idades. Aqui você aprende enquanto se diverte e, é claro, explora as nossas quatro grandes seções: Universo, Vida, Engenho e Sociedade.
Após um longo percurso histórico desde sua concepção até os dias atuais, o Palácio das Indústrias segue sendo cuidado, tanto em aspectos propriamente estruturais – vide a sua última restauração em 2017, a fim de preservar a sua imponente fachada principal, e a instalação de um projeto luminotécnico em 2022 – quanto em relação a sua memória histórica, que é intrinsecamente ligada a capital paulista e resgata traços de uma saudosa São Paulo.