Espetáculo “Marcas do Tempo”, de Maria Célia Nunes, baseado em três contos de sua autoria, estreia dia 14 de maio,
no Centro Cultural Vila Rica, em BH
O espetáculo “Marcas do Tempo”, dirigido por Alan Najara, aborda temáticas relacionadas ao processo histórico de exclusão, extermínio, escravização e vilipêndio dos povos originários, africanos e afrodescendentes. Espetáculo gratuito e com acessibilidade em Libras.
No dia 14 de maio, às 19h, acontecerá, no Centro Cultural Vila Rica, em BH, a estreia do espetáculo teatral “Marcas do Tempo”, de autoria de Maria Célia Nunes, baseado em três contos historicamente contextualizados e referentes às três matrizes etnoculturais formadoras do povo brasileiro. Com direção e música de Alan Najara, o projeto é gratuito e contará com intérprete de Libras, garantindo acessibilidade aos surdos e ensurdecidos a fim de democratizar o acesso aos bens culturais. O espetáculo é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte (LMIC).
A narração dos contos “As chamas e o Legado”, “O Menino e a Mulher” e “Amor Proibido”, de Maria Célia Nunes, é entremeada por cenas teatrais e cuidadosa produção musical. No espetáculo, a História, a Literatura e a Arte se entrecruzam para remontar às raízes de nosso passado histórico. A busca dos elos de conexão passado/presente suscitam reflexão e aguçam a visão crítica das demandas e distorções da atualidade.
Maria Célia traz, na composição do trabalho, a experiência de sua carreira como professora de História e Sociologia e narradora, há dezenove anos, o que lhe permitiu alinhavar o conhecimento artístico às pesquisas realizadas durante suas atividades acadêmicas. “Marcas do Tempo” aborda o processo histórico de exclusão, extermínio, escravização, discriminação e vilipêndio dos povos originários, africanos e afrodescendentes, cujas condições degradantes ainda persistem em nossa sociedade, marcada pela herança patriarcal machista, autoritária, discriminatória, misógina, moralista e hipócrita.
“O espetáculo tem por objetivo cooperar com o fortalecimento da tradição da narração oral como veículo privilegiado de perpetuação da memória coletiva, abrindo caminho para que sejam abrangidas todas as possibilidades de expressão da palavra nas mais diversas manifestações da cultura popular e literária, que incluem contos, crônicas, anedotas, causos, cordéis, lendas, fábulas, poemas e canções”, diz a autora.
Desde 2005, Maria Célia vem desenvolvendo trabalhos no campo artístico da narração de histórias em diversos projetos. A autora também integra o grupo de narradoras de histórias “Prosa Mineira”. Dessa maneira, o projeto “Marcas do Tempo” também tem como propósito dar vez e voz a uma profissional idosa que sonha em compartilhar conhecimentos e saberes por meio de um espetáculo, apresentado de forma democrática e universalizada.
Após a estreia no Centro Cultural Vila Rica, no dia 14 de maio, o espetáculo “Marcas do Tempo” será realizado em outras regionais da cidade, como nos centros culturais Venda Nova, Salgado Filho e Padre Eustáquio, e também no Museu de Moda de Belo Horizonte e no Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado. A previsão do projeto é beneficiar um público estimado em 700 pessoas de diversos segmentos sociais, regiões, e com idade acima de 14 anos.
Sobre os contos que compõem o espetáculo “Marcas do Tempo”
O primeiro conto, intitulado “As Chamas e o Legado”, gira em torno da trajetória de vida de uma nativa, Inaiá, matriarca e ponto de intersecção de nove gerações de mulheres, quatro anteriores que viveram em Pindorama, e cinco, a partir dela, após a invasão das terras de Pindorama pelos portugueses e início da dominação degradante das gentes, das terras, da destruição das matas e da exploração das riquezas.
Em “O Menino e a Mulher”, a narrativa se passa em tempos da escravatura no Brasil, mostrando um lado pouco explorado nas escolas, quando se trabalha o tema da escravidão: a captura de homens, mulheres e crianças na África, o tráfico intercontinental de seres humanos e o comércio de escravizados no Brasil. A história também traz, como tema, uma outra dimensão do amor, construída a partir da dor, do sofrimento e da solidão.
Já no terceiro conto, “Amor Proibido”, o enredo se passa no final do século XIX. A história de um rumoroso escândalo de envolvimentos amorosos que se entrelaçam como uma teia urdida pelas mãos do destino. A trama se desenrola em um contexto social elitista branco, conservador, misógino e hipócrita, marcado por rígidos padrões éticos e morais de comportamento.
Os três contos narrados no espetáculo teatral “Marcas do Tempo” foram premiados. “O menino e a Mulher” e “As Chamas e o Legado” foram classificados em primeiro lugar, na categoria Conto, no concurso do “Cabeça de Prata do Minas Tênis Clube”, respectivamente em 2016 e 2019. Já “Amor Proibido” recebeu o prêmio de terceiro lugar, na categoria Conto, no “Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes”, em 2021.
Sobre Maria Célia Nunes
Licenciada em História pela UFMG, em 1973, e especialista em História do Brasil pelo PREPES da PUC-MG, em 1990. Desde 2005, Maria Célia Nunes vem se dedicando à arte da narração de histórias, tendo participado de diversas oficinas realizadas no Instituto Aletria e em cursos como “Conta Contos”, pelo grupo Tudo Era Uma Vez (2005); “Arte de contar Histórias”, por Sandra Bittencourt (2006); “Pontos para Tecer Histórias”, por Benita Prieto (2006); “Contos Africanos”, por Vera Lúcia da Silva Sales Ferreira (2007); “Hora H da Leitura”, pelo núcleo artístico da FMC (2007); “Um conto, dois contos, três pontos”, com Fabiano Moraes (2007); além de cursos regulares de teatro ministrado pela diretora teatral Beth Haas (2007 – 2008).
Outros cursos frequentados pela autora são “A Arte de Contar Histórias”, com Beatriz Myrrha (2007); “Curso de aperfeiçoamento de Contadores de Histórias”, com Rosana Mont’Alverne e Beatriz Myrrha (2008); “Boca Cheia de Histórias”, com José Bocca (2008); “Contos terapêuticos com Clara Haddad (2013); “A Poética na Narração de Histórias, com Gislayne Matos (2014); “A Musicalidade da Palavra”, com Beatriz Myrrha (2015); “Mil e Uma Noites”, com Gislayne Matos (2016 e maio de 2023); e “Personagens infanto-juvenis”, com Daniel D’Andrea (SP – 2020).
Sobre Alan Najara
Professor de Teatro no projeto Kyrius, em Contagem – MG – 2022). Alan participou como músico e ator no espetáculo “O Vale Encantado”, dirigido por Oswaldo Montenegro, nos Teatros Dom Silvério e Alterosa (1998); e dirigiu peças como “Mineirice”, no Teatro do Net e Ministério da Fazenda (1995 a 1996); “Que Trem Danado Sô”, na Sala Juvenal Dias – Palácio das Artes (2001); “A Voz do Morro no Compasso da Arte”, no Teatro Dom Silvério – Projeto Abrindo Portas; “Contos de Gaia”, na Sala Juvenal Dias – Palácio das Artes (2007 e 2008).
Como músico, atuou na banda “Caçamba Swing” – SLU (1995); no espetáculo “Mulheres”, com Maria Célia Nunes, no Automóvel Clube (2019); em apresentações no Colégio Magnum (Feira Literária) com o espetáculo “O Encanto do Encontro do Conto com a Magia da Poesia” (2015), “Minas de Grandes Segredos, Minas de Grandes Enredos (2016), e “Das Montanhas de BH Ecoam Mistérios e Sussurros” (2018). Em 2018, Alan participou do evento literário “Minas de Grandes Segredos, Minas de Grandes Enredos (2017), no Minas Tênis Clube e na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH, onde também se apresentou no evento “Mulheres de Outrora, Mulheres de Agora” (2017 e 2018). Com o grupo de narradores “Prosa Mineira”, atuou em diversas apresentações ao lado de Maria Célia Nunes e, em 2019, participou do “Festival Descontorno Cultural”.
Como narrador de histórias, Najara trabalhou nos espetáculos “Quero Brincar” – Mostra Literária SEDUC, na Prefeitura de Contagem (2008), e também na BPIJBH, em comemoração aos 15 anos da Biblioteca (2006). Entre os concursos que participou, estão “Os Melhores Contadores de histórias – BPIJBH – 2000; “História para todas as Horas – Cursos e Oficinas Ministrados Cantatória – ASSEMP (2019 e 2020); “Vivências Teatrais” (2019 e 2020). Em 2005, participou de “A Arte de Contar Histórias” – SEDUC Cidade Alto Caparaó e Santa Rita de Minas – 2005 e “Sempre um Papo – Workshop sobre a Arte de Contar Estórias”.
Ficha técnica:
Maria Célia Nunes: contadora de história e autora dos contos
Alan Najara: direção e música do espetáculo
Flávia Mafra: gestão e produção executiva
Iarla Marques: figurino
Dione Marcos Aurélio: cenário
Márcio Macedo: iluminação
Debris Oliveira: sonorização
Dinalva Andrade: intérprete de libras
Helga Prado: assessoria de imprensa
Júlia Mafra: assessoria de redes
Maracujá: arte gráfica
Gabriel Caram: foto e vídeo
SERVIÇO
Estreia do espetáculo “Marcas do Tempo, de Maria Célia Nunes, dia 14 de maio
Local: Centro Cultural Vila Rita, às 19h – Rua Ana Rafael dos Santos, 149, Vila Santa Rita
Horário: 19h
Classificação: 14 anos
*Espetáculo gratuito, com intérprete de Libras.
Apresentações em outros centros culturais, Museu da Moda e Parque Lagoa do Nado
Datas de maio:
Dia 16 de maio, no Centro Cultural Venda Nova, às 14h30 – Rua José Ferreira dos Santos, 184 – Jardim dos Comerciários (Regional Venda Nova)
Dia 17 de maio, no Museu da moda, às 19h – Rua da Bahia, 1.149 – Centro
*Retirada de ingresso, 30 minutos antes, sujeito à lotação do espaço.
Datas de junho:
Dia 7 de junho, no Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, às 15h – Rua Ministro Hermenegildo de Barros, 904 – Itapoã
Dia 8 de junho, no Centro Cultural Salgado Filho, às 16h – Rua Nova Ponte, 22 – Salgado Filho
Dia 13 de junho, no Centro Cultural Padre Eustáquio, às 15h – Rua Jacutinga, 550 – Padre Eustáquio