Por Newton Carneiro Primo
Do meio para o fim da pandemia, o dissenso político-ideológico explodiu no Brasil, dividindo pessoas e afastando familiares e amigos. Infelizmente, esse quadro segue como triste realidade e o país ainda é palco de uma guerra ideológica virulenta.
Quando entenderemos que essas desavenças são periféricas porque, no fundo, o que um lado e outro desejam é exatamente o mesmo: o bem, a justiça e sobretudo o amor? Acredito que isso acontecerá quando compreendermos que acima de tudo deve estar o respeito, a harmonia, corporificados no amor.
Do amor decorre o entendimento, a fraternidade, o respeito a diferentes formas de pensar e a construção de um mundo melhor e mais inclusivo. O amor é quase que indefinível, pois, ao mesmo tempo em que parece abstrato, é tudo o que há de mais denso e poderoso.
Ele está em nós em maior ou menor medida e dele necessitamos para nos mobilizarmos na vida, no mundo. Não podemos abdicar de sua força criadora e restauradora. Por outro lado, a tolerância é um termo, a meu ver, incompleto e inadequado. Como devemos apenas tolerar o outro? Não é salutar.
Na verdade, o que o outro precisa é, no mínimo, de respeito e consideração e isso só se obtém com amor. Mas só conseguiremos apreender isso perfeitamente quando formos capazes de enxergar a nós mesmos nas outras pessoas.
Foi a partir dessa premissa que escrevi o romance “O amor em meio ao dissenso”, obra profunda que permeia as camadas factual, filosófica e política de nosso tempo. O enredo do livro destaca ainda o aspecto espiritual como uma grande força impulsionadora para a conciliação de contrários.
Em uma realidade marcada por extremos opostos, faço o convite para podermos evoluir em nossas concepções, a partir não de conveniências pessoais, mas do sentimento que é capaz de mudar o mundo e modificar positivamente as pessoas: o amor.
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Newton Carneiro Primo é juiz e autor de “O amor em meio ao dissenso”