Uma excursão para Foz do Iguaçu. Assim começa Rio Lento, ensaio visual da fotógrafa Camila Svenson. Além das imagens, existe também um texto escrito por Camila. E é nessa relação de fotografias e texto que a curadora e pesquisadora Nathalia Bertazi enxerga “uma fricção constante entre o banal e o grandioso.”
“E se as palavras enunciam claramente se tratar de um documento declaradamente emotivo, as imagens reforçam o lugar inventado pela artista. A ausência de aglomerações em lugares que esperamos hiper movimentados cria uma atmosfera quase surreal e meditativa”, escreve Nathalia.
PAISAGENS EPIDÉRMICAS por Vera Chaves Barcellos & Fernanda Pitta
Em ensaio publicado na edição impressa da revista ZUM #27, e agora aberto no site, os fragmentos de corpo ampliados pela artista gaúcha Vera Chaves Barcellos transformam a pele em paisagens que aproximam a escala íntima e humana à vastidão infinita do cosmos.
Para a curadora e pesquisadora Fernanda Pitta a “obra representa um ponto de virada na exploração da identidade e da corporeidade na arte, expandindo a definição de paisagem para incluir a pele humana como um território, uma topografia e um universo em si mesma”.
DIÁRIO CORPO PRETA – 2 por muSa michelle mattiuzzi
Artista selecionada na Bolsa ZUM/IMS de 2023, muSa michelle mattiuzzi conta o processo criativo e o desenvolvimento do ensaio Corpo Preta, composições com rosas vermelhas para arquivo em preto e branco. Em formato de diário, nesta segunda parte mattiuzzi escreve cartas para dois artistas que a inspiraram na concepção do ensaio: Jayme Fygura e Arthur Bispo do Rosário.
“Nessa maldita vida capitalista os humanos de todas as espécies cores gêneros e credos correm em busca de uma tranquilidade e são capazes de tudo, de trair a confiança conquistada por tantos anos de convivência por não ter coragem de assumir seu próprio corpo.” [Foto: Jos Nelissen]
ARQUIVO ZUM
Do fluxo, da rua, do funk – Cria do Grajaú, na periferia de São Paulo, a fotógrafa Fernanda Souza conta que, sem ter feito faculdade para aprender técnicas e teorias, foi na rua, botando a mão na massa e buscando dicas e aulas online que ela desenvolveu as habilidades que coloca em prática hoje. “Trago nas minhas fotos um outro ponto de vista sobre o funk. Tipo, cores, afetividade, símbolos. Acredito sim que o meu trampo constrói um contraponto contra o racismo e o preconceito sobre a cultura funk, os corpos das pessoas pretas.”
Entrevista – A artista Vera Chave Barcellos conversa com a curadora e pesquisadora Pollyana Quintella sobre questões e procedimentos significativos em sua obra, como os desafios ligados à percepção e duração das imagens, a profanação da fotografia e outros temas. “Creio que a minha obra se origina numa postura de fotojornalismo, isto é, a partir da simples documentação de coisas, da natureza ou de pessoas. Num segundo momento, ao analisar essas imagens, começo a construir um discurso que faça sentido”.
Corpo contra o grid – Nascida na Grécia e radicada no Brasil, a artista Gretta Sarfaty precisou romper com as expectativas familiares sobre os papéis em sua vida doméstica e profissional. O que em alguma medida justifica o caráter autobiográfico de sua obra desde meados dos anos 70. A pesquisadora Ana Maria Maia destaca que a artista “somou papéis de modelo e diretora de cena, exerceu o protagonismo de alguém que, naquele ensaio, assim como na vida, quebrou paradigmas e foi tudo ou quase tudo o que quis ser.”
RECOMENDAÇÕES
50 anos após o seu lançamento, o fotógrafo Larry Clark está lançando uma versão mais “delicada” de seu clássico livro Tulsa. Com um novo título – Return (Retorno) – Clark conta do convite da editora Stanley/Barker para a nova edição: “Eles queriam fazer algo com algumas das minhas fotografias mais antigas que não tinham sido vistas, então meu assistente Zeljko e eu selecionamos uma coleção delicada e sensual. [Site da AnOther]
O site Artnet publicou uma resenha sobre a exposição Life Dances On: Robert Frank in Dialogue (A vida dança: Robert Frank em diálogo), em cartaz no MoMA de Nova York até janeiro de 2025, e que apresenta 200 trabalhos de praticamente todos os momentos da carreira de Robert Frank, menos as imagens de The Americans (Os Americanos), obra que o tornou mundialmente reverenciado. [Site Artnet]
Fotolivro narra a história de Alan Adler, “a pessoa mais fotografada da Austrália”. Hoje com 92 anos, Adler é o técnico responsável por uma cabine fotográfica localizada em Melbourne há mais de 50 anos. “O livro é realmente um agradecimento nosso e de gerações de clientes, para celebrar o homem ‘sem rosto’ por trás da cortina que, antes das mídias sociais, era um trabalho ingrato onde você lidava apenas com reclamações”. [Site It´s Nice That]
O “encontro” da cineasta francesa Agnès Varda e o fotógrafo espanhol Joan Fontcuberta. “Ao longo de 1983, a televisão francesa transmitiu um programa criado por Agnès Varda em que a cineasta e vários convidados comentavam uma fotografia diferente a cada dia. Em Une Minute pour une image foram analisadas 170 fotografias, entre as quais Autoretrat(Presságio de mutilação), de Joan Fontcuberta. [Site CCCBLab]