Nota de pesar Jô Soares/ por Carlinhos Brown
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NOTA DE PESAR
Jô – O Gênio — Soares, como eu costumava brincar com ele, deixa a Terra para ascender às luzes mais bem-humoradas. O Xangô de Baker Street estava nele não só como uma forma espiritual, mas de uma forma justa e justiceira como ele conduzia a cultura, com uma generosidade de pensar junto com qualquer indivíduo, qualquer cidadão, sendo artista ou não. Ele estava sempre atento para fazer a ponte entre a comunicação e o outro. Ele fez o seu melhor.
Jô tinha uma perspicácia e deixou pra gente ensinamentos que são únicos. Viva o gordo, viva esse homem que viveu bem e intensamente, e deixou somas incríveis na Terra. Aprendamos com ele. Faça amor, não faça guerra. Sorrir é um ato de paz, e o Jô fez isso como ninguém.
Vá em paz, que Olorum te receba com as trombetas de sorrisos e alegrias, você merece. Obrigado por tudo. Foi uma honra ter convivido com você em momentos especiais da minha vida. Obrigado, Jô!
Jô Soares, embaixador do jazz na cultura brasileira
Daniel De Thomaz
Jô Soares foi um grande humorista, escritor, apresentador, entrevistador, comunicador. Mas entre suas diversas facetas artísticas, ele também foi um amante e músico de jazz.
Assim como Woody Allen, o cineasta e humorista que adorava arranhar seu clarinete com músicos como Chick Corea (falecido em 2021), Jô também se arriscava com seu bongô ou seu pocket trumpet, um trompete menor que o convencional em jazz sessions. Aliás, parece que humor e jazz formam uma boa combinação criativa. O escritor Luís Fernando Verissimo, outro apreciador do gênero, dividia a pena com seu belo sax alto Selmer nas horas vagas.
No SBT, Jô Soares começou a estimular o gosto pelo jazz a partir do “Quinteto Onze e Meia”, em seu célebre programa de entrevistas. Foi uma boa oportunidade para público da TV aberta dos anos 90 conhecer e curtir um pouco de jazz, em meio a tanto sertanejo, pop e rock, predominantes nas programações.
O jazz é uma música de alto nível, sua composição e performance são complexas. É um tipo de música que exige excelente preparo prévio para uma performance de alto nível. Jô mostrou isso em seu programa, tanto na abertura quanto ao longo das entrevistas que realizava. Ele pontuou que existe um gênero importante da música popular, oriundo na música popular norte-americana, mas que foi incorporada por praticamente todas as linguagens musicais do mundo. Nessa mesma época, na Rádio Eldorado, Jô também divertiu os ouvintes trazendo o melhor do gênero com seu programa de jazz.
Jô Soares sempre aplicou em sua carreira um recurso essencial do mundo jazz: a improvisação, ou seja, a capacidade de criar no exato momento da performance. Além disso, usando sua fantástica capacidade de se comunicar, educou os ouvidos brasileiros na difusão do gênero, importantíssimo no Brasil ao longo do século XX. Por exemplo, essa música influenciou o nascimento da Bossa Nova, no final dos anos 50. O jazz está presente em todas as linguagens musicais e aqui no Brasil não podia ser diferente. Obrigado, Jô, por ser seu divertido embaixador.
Daniel De Thomaz é jornalista, músico, integrante do duo Morde & Assopra, e professor de Jornalismo Cultural da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) está na 71a posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa Times Higher Education 2021, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Comemorando 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.
Beijo do Gordo: O adeus a Jô Soares
Um dos maiores humoristas brasileiros faleceu e deixou um legado de revolução para o humor brasileiro
No dia 05 de agosto, sexta-feira, Jô Soares faleceu no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. O artista que tinha 84 anos e estava internado há mais de um mês não resistiu ao tratamento. José Eugênio Soares deixou um legado na dramaturgia, literatura e TV.
O motivo da sua morte não foi divulgado. De acordo com o G1, a cerimônia de despedida será íntima e terá apenas familiares e amigos mais próximos. As informações sobre homenagens, envio de coroa de flores e velório ainda não foram divulgadas pela família do artista.
Jô, como era conhecido artisticamente, nasceu no Rio de Janeiro em 1938 e abandonou a carreira de Diplomata para se dedicar à TV. Veja agora alguns dos momentos mais importantes do Jô e os motivos pelos quais ele será inesquecível à arte brasileira.
Antes algumas curiosidades: Ele namorou a Claudia Raia, teve um filho que faleceu aos 50 anos e fazia Charges para lá de censuradas durante a Ditadura Militar!
O pai do Chris… ele tinha 3 empregos!
Para quem não entendeu a analogia, o bordão dos 3 empregos é usado por Rochele, esposa do Julius na série, Todo mundo Odeia o Chris. Ela alegava que não precisava trabalhar porque o marido tinha 3 empregos.
O mesmo aconteceu com Jô no início da sua carreira. Ao estrear na televisão em 1958, ele conseguiu prestar serviços para 3 emissoras ao mesmo tempo. A TV Rio, TV Continental e TV Tupi. Depois de dois anos, se mudou para São Paulo e dedicou-se apenas à TV Record.
O Humor começa a aparecer
Entre 1967 e 1971, Jô ganhou o programa de destaque “Família Trapo” onde era roteirista com o, também, humorista Carlos Alberto de Nóbrega. Nesta mesma série, tempos depois ele ganhou o papel do Mordomo Gordon.
Em 1970, assinou com a TV Globo e estreou na emissora com “Faça Humor, Não Faça Guerra”. Além destes, passou por outros programas até estrear o Viva o Gordo (maior ícone de sucesso humorístico da sua carreira).
Jô, o apresentador
Em 1987, Jô não renovou contrato com a Globo e decidiu ir para o SBT. Começou a apresentar um programa de entrevistas. O “Jô Soares onze e meia” ficou no ar por 11 anos. Segundo Jô, esse estilo de arte era o que mais lhe dava prazer. Ele afirmou que se sentia vivo conversando com os entrevistados.
No ano 2000 ele retornou à Globo e ficou no ar até 2016 com “O Programa do JÔ“. Este modelo de programa se tornou um marco na televisão brasileira.
Jô, o literato!
Além da TV e do humor, JÔ Soares era também um escritor nato. Além de publicar crônicas Nos jornais “O Globo” e “Folha de São Paulo”, ele lançou livros aclamados: “O Astronauta sem Regime”, “O Xangô de Baker Street”, “O Homem que matou Getúlio Vargas”, Assassinatos na Academia Brasileira de Letras e As Esganadas.
Beijo do gordo
Ao longo de sua carreira na televisão, Jô ficou marcado por alguns bordões. Entre eles, o “beijo do gordo”. O humorista usava essa frase em seu programa para se despedir do público.
Despedir-se de Jô Soares é, para muitos fãs e artistas, um momento de lembranças, tristeza e saudade. Durante toda a sua carreira, Jô fez história, lançou artistas, tirou do marasmo uma população que carecia de sorrisos leves. Certamente, o artista se tornará imortal no coração daqueles que acompanhavam sua carreira, seus feitos e sua contribuição. A nós, fica um “muito obrigada” por revolucionar o humor, o talk-show e a vida de inúmeros brasileiros.
Nota de pesar – Jô Soares |
O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) lamenta profundamente a morte do apresentador, humorista, diretor, ator, compositor e escritor Jô Soares, nesta sexta-feira, dia 05, aos 84 anos. Neste momento de tristeza e dor, a instituição se solidariza com seus familiares e amigos.
Com uma carreira dedicada ao humor, ao teatro e à televisão, Jô deixa um enorme legado ao entretenimento brasileiro como um dos importantes comediantes do país e grande apresentador de TV, com seus programas de entrevistas, como o “Programa do Jô” na TV Globo. Jô Soares também deu sua contribuição para a música brasileira ao deixar 10 canções autorais e 76 gravações cadastradas no banco de dados do Ecad. |