De nomes consagrados a jovens talentos, o colégio reafirma o teatro como patrimônio cultural e espaço de formação de gerações
Rafael Marchione, aluno da 3ª série do Ensino Médio, faz teatro no Arquidiocesano desde 2022, onde melhorou sua habilidade em oratória, que acredita que vai ajudá-lo na carreira em Relações Internacionais –
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Uma das cenas mais lembradas da teledramaturgia brasileira, a clássica “guerra de comida” entre Paulo Autran e Fernanda Montenegro em Guerra dos Sexos, tem raízes em um palco bem conhecido pelos alunos do Colégio Marista Arquidiocesano, em São Paulo. Foi lá que Autran, um dos maiores nomes do teatro nacional, deu seus primeiros passos na atuação, em um tablado que hoje leva seu nome.
No Dia Nacional do Teatro, celebrado nesta sexta-feira (19), o colégio centenário relembra uma tradição que atravessa gerações: a força do teatro escolar como espaço de aprendizado, expressão e descoberta de talentos.
Atualmente, cerca de 80 estudantes participam do curso de teatro da escola, dividido em turmas de iniciação, intermediário A e B e avançado. Há também o Grupo de Teatro Arquidiocesano (GTA), criado nos anos 1970 por iniciativa dos próprios alunos e, há 21 anos, dirigido pela professora de teatro Marlene França. Mais que um espaço de ensaios, o GTA se consolidou como patrimônio cultural da escola, oferecendo aos jovens a vivência completa do ofício teatral, da atuação à produção de luz, som, cenário e figurino.
A professora destaca que o teatro funciona como um laboratório de habilidades essenciais para a vida contemporânea. “Eles exercitam a comunicação, fortalecem a autoconfiança, aprendem a colaborar em grupo e ampliam a criatividade. Também desenvolvem empatia ao interpretar diferentes realidades e resolvem problemas de forma criativa durante os processos de criação”, explica Marlene.
Essas competências dialogam diretamente com as chamadas habilidades do século XXI, como pensamento crítico, colaboração e capacidade de se comunicar em diferentes contextos, hoje cada vez mais valorizadas tanto no mercado de trabalho quanto na vida em sociedade.
Herança cultural
O palco do Arquidiocesano já foi ponto de partida para artistas como Armando Bógus, Mariana Ximenes, Rodrigo Faro, Manu Gavassi e Norton Nascimento, que transformaram a vivência escolar em carreiras que marcaram a cultura brasileira.
A lista também inclui histórias curiosas, como a de Paulo Autran, tímido nos corredores, mas imponente no palco com voz firme e postura marcante. Mariana Ximenes, por sua vez, participou com entusiasmo de montagens escolares, sempre esbanjando uma energia contagiante.
Entre os ex-alunos mais recentes que seguiram carreira está Luan Iaconis, hoje ator e apresentador. Segundo Marlene, o ex-aluno começou no palco do Arquidiocesano ainda tímido, mas foi ganhando coragem, confiança e a certeza de que queria seguir nesse caminho.
Presente e futuro
Da nova geração, o aluno Rafael Hildebrandi Marchione, da 3ª série do Ensino Médio, mostra como essa tradição se renova. “Entrei no teatro em 2022, inspirado por uma montagem que assisti no colégio. Desde então, já vivi personagens muito diferentes, de José Dias em Dom Casmurro a Moscariello em Porca Miséria, que será apresentado neste ano. O teatro me ensinou oratória e trabalho em grupo, habilidades que quero levar para minha futura carreira em Relações Internacionais. Mais que isso, me deu amizades e a sensação de fazer parte de um legado que atravessa gerações”, afirma o estudante.
Para dialogar com os jovens de hoje, cercados por tecnologia, o teatro do Arquidiocesano também incorporou recursos digitais em suas montagens, como projeções, trilhas eletrônicas e até inspirações das redes sociais.
“Isso aproxima os alunos, pois reconhecem sua realidade no palco. Mas, ao mesmo tempo, eles descobrem algo que não cabe em uma tela: o olhar nos olhos, o tempo compartilhado, a construção coletiva. É esse equilíbrio entre palco e tela que mantém o teatro atual e essencial”, completa Marlene.
Entre os próximos passos, a professora destaca montagens que dialoguem com os temas atuais, a participação em festivais culturais e a realização de projetos interdisciplinares. “Nosso palco seguirá sendo um berço de descobertas. Assim como tantos ex-alunos consagrados começaram aqui, novas gerações também terão a chance de experimentar, criar e trilhar seus próprios caminhos”, conclui.
Sobre Marlene França:
Marlene França é professora de Teatro no Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo há mais de 21 anos e diretora do Grupo de Teatro Arquidiocesano (GTA). Formada em Artes Cênicas pelo Senac e licenciada em Artes pela Belas Artes de São Paulo, ela consolidou o teatro escolar como espaço de formação integral, desenvolvendo competências como comunicação, criatividade e trabalho em equipe. Sob sua orientação, o GTA mantém viva a tradição cultural do colégio e já inspirou gerações de alunos, incluindo nomes de destaque no cenário artístico nacional.
Sobre o colégio:
O Colégio Marista Arquidiocesano faz parte da rede de colégios e escolas do Marista Brasil, que está presente em 20 estados brasileiros, atendendo cerca de 100 mil crianças, jovens e adultos em 96 unidades de ensino. Os estudantes recebem formação integral, composta pela tradição dos valores Maristas e pela excelência acadêmica alinhada aos desafios contemporâneos. Por meio de propostas pedagógicas diferenciadas, crianças e jovens desenvolvem conhecimento, pensamento crítico, autonomia e se tornam mais preparados para viver em uma sociedade em constante transformação. Saiba mais em: maristabrasil.org/.