Por Virginia Garcia
Há alguns dias atrás, perguntei a um menino de 11 anos de idade o objetivo de irmos à escola. Prontamente, ele me respondeu: “Para passar de ano!” De imediato, lembrei do pedagogo e educador catalão Antoni Zabala que diz, criticamente, que “A escola virou um jogo, cuja a meta é passar de fase.” Na verdade, devermos ir à escola para aprender e isso deveria ser óbvio para aquele diretamente interessado, o aluno!
Se formos avaliar os profissionais que nos cercam atualmente, veremos que a habilidade mais importante no seu desenvolvimento contínuo é o de aprender a aprender. Nós educadores temos que capitanear a mudança para que o aluno enxergue o motivo real de estar na escola.
O mundo em que vivemos em 2018 é bem diferente daquele de 50 anos atrás. Os bancos oferecem gerentes digitais, a medicina descobriu cura para doenças que sequer existiam naquele tempo, os celulares mudaram nossa forma de comunicação com aplicativos cada vez mais complexos, mas que facilitam nossas vidas e o professor se tornou o moderador da aprendizagem. Ou seja, como ensinar? Quais serão as necessidades futuras dos alunos que se encontram hoje em nossas salas de aula?
Segundo estudo do Instituto para o Futuro (IFTF), 85% das profissões que existirão em 2030 ainda não foram criadas. Assim, é difícil precisarmos quais serão as necessidades profissionais que os nossos alunos terão em 2040 ou 2050. Uma coisa, contudo, é certa, a inteligência artificial e a robótica poderão substituir os humanos em “[…] tarefas de “rotina”, aquelas baseadas em regras explícitas que podem ser articuladas, mas não aquelas “não-rotineiras”, que envolvem alguma inteligência que nós não sabemos como sistematizar.” (Susskind, D O Futuro das Profissões).
Assim sendo, para fazer frente a desafios futuros e viabilizar a adequação do aluno a mudanças que certamente ocorrerão neste século, precisamos potencializar o que temos de mais humano: as habilidades de comunicação – negociação e argumentação -, coisas como criatividade, pensamento crítico, capacidade de trabalhar em equipe, de responder a desafios, de pensar de forma inovadora, desenvolvendo flexibilidade e empatia, aquilo que uma máquina não tem e, quiçá, nunca terá.
No centro do desenvolvimento das habilidades que capacitarão o aluno como cidadão do século XXI, temos a comunicação. Por meio do aprendizado integrado de uma língua, como o inglês, poderemos viabilizar o aprender a aprender, a mobilidade profissional, a capacidade de alinhamento com as mudanças e inovações. O uso de mais uma língua para acelerar o desenvolvimento de habilidades ou competência socioemocionais é de suprema importância atualmente.
O ensino bilíngue é hoje uma realidade que veio para ficar. Muito já foi dito e feito por meio do ensino bilíngue, mas não podemos parar já que abordagens pedagógicas surgem a cada ano. Para desenvolver ainda mais a capacidade de trabalho em equipe dos estudantes, programas bilíngues como o da International School, amplia o uso da abordagem Project-Based Learning, PBL, em tradução livre, Aprendizagem Baseada em Projetos.
Tal abordagem visa desenvolver habilidades como criatividade, inovação, empreendedorismo, pensamento crítico e resolução de problemas, entre outras, por meio do uso da língua inglesa. A abordagem PBL segue uma tendência muito atual na Europa e visa intensificar o protagonismo do estudante no processo de aprendizagem. O PBL aguça a curiosidade e criatividade do aluno gerando um claro propósito para a aprendizagem de diferentes áreas do conhecimento por meio do inglês. Isso motiva o estudante a investigar o desafio inicial e a propor soluções variadas que enriquecem o processo ensino-aprendizagem. Como resultado, teremos um estudante que irá desenvolver sua autonomia tornando-se responsável pelo processo de aprendizagem.
A tecnologia educacional também empresta ao programa bilíngue soluções pedagógicas que irão, sem dúvida, fomentar o aprendizado dos alunos com alto nível motivacional. Por meio de plataformas gamificadas e desafios de games educacionais, o aluno terá que pensar soluções e desafios do presente do século XXI para desenvolvermos os cidadãos – mulheres e homens -, éticos, solidários, inovadores e conscientes que irão comandar o mundo que temos a nosso redor.
Atualmente, esses cidadãos estão sentados em nossas salas de aula. Temos que prepará-los para o futuro com o desenvolvimento de competências. Precisamos fazer com que aquele menino de 11 anos entenda que o motivo de irmos à escola é para garantir sua capacidade de aprender a ser, a conviver, a fazer e aprender a aprender sempre que for necessário.
Virginia Garcia é educadora e gestora pedagógico-acadêmica. Atualmente, é a Diretora de Publishing R & D da International School, empresa focada em soluções de ensino bilíngue, sendo responsável pela pesquisa, desenvolvimento de materiais didáticos impressos e digitais, assim como também pela área de Formação de Professores e Inovação Editorial e Tecnológica.