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Cinemateca Brasileira apresenta Perspectivas indígenas sobre o fim do mundo
De 28 de novembro a 1º de dezembro com entrada gratuita
Ficha Técnica e Programação
Site Cinemateca Brasileira
Entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro, a Cinemateca Brasileira realiza a mostra Perspectivas indígenas sobre o fim do mundo. Será exibida uma seleção de filmes majoritariamente feitos por diretores indígenas e composta por obras de diferentes gêneros e estilos que destacam as denúncias e as resistências dos povos originários a processos de destruição ambiental.
As ideias de dois dos mais influentes pensadores da atualidade, Ailton Krenak e Davi Kopenawa, guiam a mostra e são apresentadas nos dois primeiros filmes da programação: A queda do céu (2024), de Ery Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, e Ailton Krenak e o sonho da pedra (2017), de Marco Altberg. O filme de Eryk e Gabriela é baseado nas palavras de Kopenawa e fez parte da seleção oficial da Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes deste ano. Trata-se de uma crítica contundente ao garimpo ilegal e às consequências das invasões de forasteiros em terras indígenas. Por sua vez, o trabalho de Marco Altberg traz imagens, depoimentos e reflexões de Krenak em diferentes momentos de sua vida, incluindo a trajetória nacional e internacional do líder indígena, autor do célebre livro Ideias para adiar o fim do mundo.
Em resposta às queimadas que se espalham de forma desenfreada pelo Brasil repercutindo fortemente na mídia em 2024, a sessão FEBRE E FOGO traz filmes proféticos sobre a tragédia que assustou até as grandes cidades, mas que já vem há anos ameaçando a sobrevivência das populações originárias e dos biomas brasileiros. Em Sonho de fogo (2020), o premiado diretor Alberto Alvares, da etnia Guarani Nhandeva, narra em primeira pessoa um sonho em que um fogo surgia para acabar com o nosso mundo. Na cosmogonia do povo guarani, sonhar com fogo significa grande doença ou mau presságio. Na época, ele não sabia que poucos meses depois o país seria atingido pela pandemia de Covid-19 e, alguns anos depois, em 2024, devastado por grandes incêndios. Já em A febre da mata (2022), de Takumã Kuikuro, o grito de uma onça é o sinal para o Pajé de que uma destruição avassaladora se anuncia.
Em consonância com o alerta de Ailton Krenak sobre as armadilhas de grandes corporações que devoram florestas, montanhas e rios, por meio da mineração, do agronegócio, da poluição e do desmatamento, a sessão DESEQUILÍBRIOS reúne filmes que apontam as consequências concretas dos processos de destruição ambiental para a continuidade da vida no planeta. Essa questão é central, por exemplo, no longa-metragem Mata (Fábio Nascimento, Ingrid Fadnes, 2020), que aponta os efeitos da substituição da vegetação nativa pelo plantio desenfreado de eucaliptos, uma forte ameaça a rios, lagos, ao lençol freático e ao regime de chuvas.
A mostra apresenta também a sessão OS GUARDIÕES DA FLORESTA, um eco da resistência dos povos indígenas que desde a colonização vêm protegendo a fauna e a flora mesmo com a própria vida. Em Zawxiperkwer Ka’a – Guardiões da floresta (2019), de Jocy e Milson Guajajara, os Guajajara se armam e travam uma guerra contra invasores para proteger seu território, a última floresta contínua do estado do Maranhão.
Essa resistência se dá também na escolha de técnicas ancestrais de cultivo, de caça e pesca – algumas das estratégias de um vasto repertório de práticas indígenas para viver em comunhão com a terra e sem uma dependência excessiva do Estado e da civilização predatória. Essas técnicas são destacadas nas sessões MANEJOS ANCESTRAIS E TERRA SAGRADA, compostas por filmes que criam um contraponto ao agronegócio. Em uma das obras, Aguyjevete Avaxi’i (Kerexu Martim, 2023), é celebrada a retomada do plantio das variedades do milho tradicional do povo Guarani M’bya em uma área seca e degradada, dominada por décadas pela monocultura do eucalipto. Já em A gente luta mas come fruta (Wewito Piyãki, Isaac Pinhanta, 2006), o manejo agroflorestal é ensinado para crianças do povo Ashaninka para repovoar rios e matas com espécies nativas.
A mostra conta ainda com uma sessão especial do filme Vento na fronteira (Marina Weis, Laura Faerman, 2022), organizada pela Associação Brasileira de Cinematografia, dentro da programação da Sessão ABC. Premiado em diversos festivais nacionais e internacionais, o longa mostra o embate entre uma professora indígena que defende o direito de sua comunidade às terras ancestrais e uma poderosa advogada que se diz herdeira do terreno.
A entrada é gratuita e os ingressos distribuídos uma hora antes da sessão.
CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana
Horário de funcionamento
Espaços públicos: de segunda a segunda, das 08 às 18h
Salas de cinema: conforme a grade de programação.
Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h, exceto feriados
Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)
Sala Oscarito (104 lugares)
Retirada de ingresso 1h antes do início da sessão
PROGRAMAÇÃO
Quinta, 28 de novembro
20h30 – A Queda do Céu
Sexta, 29 de novembro
19h15 – Sessão Ideias para adiar o fim do Mundo
– Ailton Krenak e o sonho da Pedra
20h30 – Sessão Desequilíbrios
– Floresta-Casa derrubada (A última maloca do fim do mundo)
– Equilíbrio
– Mata
Sábado, 30 de novembro
15h – Sessão ABC seguida de debate
– Vento na Fronteira
18h10 – Sessão Os guardiões da floresta
– Floresta-Casa derrubada (A última maloca do fim do mundo)
– Yvy reñoi – sementes da terra
– Ka’a zar ukyze uá – os donos da floresta em perigo
– Zawxiperkwer Ka’a – guardiões da floresta
Domingo, 1º de dezembro
16h – Sessão Febre e fogo
– A fumaça e o diamante
– Sonho de fogo
– A febre da mata
– Quentura
17h15 – Sessão Manejos ancestrais
– Ava marangatu
– Sigyat – Pescaria do timbó
18h35 – Sessão Terra Sagrada
– Pinjawuli: O veneno me alcançou
– Aguyjevete, avaxi’i
– A gente luta mas come fruta
CINEMATECA BRASILEIRA
A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.
O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.