Branding e Faustão: como podemos aprender com o apresentador sobre construção de marca?
Mariana Munis
“O louco, bicho!”, “Quem sabe faz ao vivo”, “O filho de fulano e o pai de beltrano”, “esse cara aí é fera”, “tá pegando fogo, bicho”. Relógio grande, camisa da marca Polo com o cavalo gigante, leitura de agradecimentos escrito num papelzinho surrado, no meio dos blocos do programa. Balé no auditório, vídeo cassetadas.
Ao ler todos os elementos de marca, não tenho dúvidas que você pensou exclusivamente em uma pessoa: Faustão. Fausto Silva começou sua carreira como radialista esportivo. Fez tanto sucesso que, em 1984, foi chamado para apresentar o programa Perdidos na Noite, que iniciou na TV Gazeta, depois foi para TV Record e mais tarde para TV Bandeirantes.
Eis que em 1989, Faustão estreia o programa Domingão do Faustão, o qual apresentou ininterruptamente até 2021, sendo substituído por Tiago Leifert e, na sequência, por Luciano Huck. E essa foi uma das notícias que mais chocaram o Brasil em 2021: Faustão longe da Globo e não mais fazendo parte de nossas tardes e noites de domingo.
Ledo engano que o Faustão não passava de um “tiozão”: o nome do apresentador tem muito poder, tanto que foram anos no horário nobre da maior emissora de TV do país, atraindo patrocinadores de peso e, ao ir para Band, conseguiu fechar parcerias com grandes marcas, além de trazer convidados renomados. Por enquanto, até o momento que escrevi esse texto, a atração ocorre na Band de segunda a sexta.
Na primeira semana de estreia, Faustão conseguiu o marco histórico de derrubar a audiência do Jornal Nacional. Dados da Kantar Ibope Media divulgados pelo site Notícias da TV mostraram que o telejornal da Globo perdeu pontos em todos os dias da semana de estreia de Fausto Silva, chegando a cair quase 4 pontos na comparação entre as duas últimas semanas (antes do programa Faustão na Band).
No programa, dessa vez, Faustão fracionou seus quadros famosos em diferentes dias da semana: na segunda-feira, Pizza do Faustão; terça-feira, jogo Grana ou Fama; quarta-feira, Dança das Feras; quinta-feira, Pista do Sucesso; e sexta-feira, Churrascão do Faustão. Para essa temporada, Fausto Silva conta com apoio do seu filho, João Guilherme, e a apresentadora Anne Lotterman, e todos os dias contará com o quadro “Cassetadas do Faustão”.
Mas, o que podemos aprender com esse ícone da cultura pop brasileira, no que se refere a concepção de marcas fortes?
Branding diz respeito a criar estruturas mentais e ajudar o consumidor a organizar seu conhecimento sobre produtos ou serviços, de modo que torne sua decisão mais esclarecida e, nesse processo, gere valor a empresa.
Além do mais, Branding é a gestão das estratégias de marca de uma empresa, com o objetivo de torná-la mais desejada e positiva na mente de seus clientes e do público geral.
Branding também é uma maneira de gerir as estratégias de marca de uma dada empresa, incluindo um planejamento a longo prazo e criação e gerenciamento dos elementos de sua identidade visual para, assim, conseguir potencializar a percepção da sua empresa na mente dos consumidores.
Resumindo, branding atua com o conceito de que uma marca precisa ser planejada, estruturada, gerida e promovida, fazendo a gestão de marca tornar-se parte desse trabalho. E note que todos os elementos da marca Faustão (falas, relógio grande, camisetas icônicas) são trabalhados com o propósito de construir alianças fortes com seu público e seus parceiros de negócio.
Além do mais, Faustão, ao reforçar os elementos de sua marca, consegue trabalhar com o sentimento de nostalgia em sua audiência e, ao mesmo tempo, gerar memes para continuar perpetuando sua marca entre o público mais jovem, que não o acompanhou desde a infância.
Destarte, o objetivo de Branding é assegurar que todos seus stakeholders entendam seu posicionamento, aumentar sua relevância no mercado, potencializar sua visibilidade e fazer com que sua empresa tenha uma boa reputação com seu público. São estratégias que garantem que sua empresa cresça de maneira sustentável.
Note que, embora a audiência tenha caído, após estreia do programa, devido a curiosidade dos espectadores, podemos aprender com Faustão que uma marca forte não se constrói do dia para a noite: é necessário ter muita paciência e persistência, afinal, são quase 40 anos de programas na TV.
Além do mais, toda credibilidade do apresentador, devido as suas atitudes profissionais atrás das câmeras, como respeitar funcionários, estimulá-los a estudar, construir alianças com artistas renomados, ser uma pessoa que auxilia muita gente, sem se promover, faz com que Faustão torne-se uma marca atrativa para parceria com anunciantes. Aprendemos assim, com o apresentador, que uma marca forte não deve se preocupar apenas com os clientes (audiência), mas sim com todos os parceiros da organização.
A hora é agora. Vamos torcer para que o Faustão na Band continue gerando entretenimento ao povo brasileiro e aguardamos ansiosamente quais serão seus próximos memes e ações que impactam, consequentemente, o branding.
Mariana Munis é professora de Marketing e Comportamento do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie está na 103º posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.