A atriz Naty Bittencourt fala sobre Lei Rouanet, Roger Waters, liberdade de expressão e o posicionamento político da classe artística em tempos de polarização política, e do receio do retorno ao autoritarismo, do avanço do fascismo e da censura.
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Em época de eleição, é comum ver artistas e formadores de opinião posicionarem-se para o seu público. Assim como a arte imita a vida, os artistas buscam expressarem sua ideologia, opinião e posicionamento através da música, das artes cênicas, da literatura e diversas outras manifestações culturais.
O artista brasileiro tem em seu DNA o posicionamento político e ideológico. O Brasil tem um histórico de militância da classe artística em épocas de repressão, como a Ditadura Militar, onde alguns expoentes como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil precisaram exilar-se no estrangeiro, frente à censura sofrida por sua arte e sua opinião.
Em tempos de polarização política, a atriz e modelo Naty Bittencourt tem se posicionado a favor da liberdade de expressão e da democracia, e reafirma o engajamento da classe artística em defesa do livre pensamento: “a arte cumpre um papel de liberdade e de reflexão sobre o modelo de sociedade que queremos. Vejo que é muito importante para a democracia que a população tenha acesso a cultura e às artes, pois contribui para a formação do senso crítico e do exercício da livre manifestação de idéias e pensamentos”, afirma Naty.
A atriz também reitera a importância do incentivo estatal à cultura, como ferramenta valiosa para a sociedade: “Apesar da polêmica que envolve o mau uso da Lei Rouanet, precisamos focar na necessidade e utilidade real do incentivo estatal à cultura. É importante para democratizar o acesso à cultura dos menos favorecidos, que os artistas brasileiros possam ser fomentados pelo estado, especialmente aqueles que ainda não caíram nas graças da Fama. Esse grupo tão carente de incentivos é ainda assim produtor de conteúdo cultural, e que em geral comunica a um público que provavelmente não será atingido por grandes espetáculos que se limitam a excursionar à capitais, com maior projeção, rentabilidade e bilheteria”.
Recentemente o músico do Pink Floyd, Roger Waters, foi vaiado por posicionar sua opinião política durante um show em São Paulo. Para Naty Bittencourt, o artista precisa se posicionar politicamente, e artes e opinião política em geral andam lado a lado: “Roger Waters posicionou-se, e já era esperado dele isso. Não é a toa que a mídia e a sociedade cobram o posicionamento político de seus artistas, pois eles formam opinião; e qualquer opinião formada através da arte tem por princípio o compromisso com a liberdade e o respeito. Portanto arte e política estão intimamente ligados, devendo os artistas lutar sempre pela democracia e liberdade de expressão, que faz da sociedade um espaço de convívio para diferentes opiniões, pois nossa luta como artistas é contra o fascismo e a favor da liberdade de expressão”, conclui.
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