Dirigida por Sérgio de Carvalho, a peça segue em cartaz até 16 de Março no Sesc 14 Bis;
encenação inédita da companhia explora o confronto entre artistas e as violências históricas do país
Foto: Miriam Silva
A Companhia do Latão, uma das mais consagradas do teatro de grupo brasileiro, segue em temporada até 16 de Março com seu novo espetáculo “A Banda Épica na NOITE DAS GERAIS”. Ambientada no auge da repressão militar no Brasil, a montagem aborda a produção artística da contracultura, ao mesmo tempo influenciada pelas lutas revolucionárias e tensionada pelo avanço da cultura de massa. O espetáculo, com texto e direção de Sérgio Carvalho, conta com trilha sonora executada ao vivo.
No enredo, uma banda de rock alternativo enfrenta um revés em sua turnê pelo interior de Minas Gerais quando o ônibus quebra próximo ao Rio Doce, região marcada por violências históricas contra os povos originários. No encontro com pessoas da região (uma caminhoneira, a dona de um pequeno bar da região, um militar de baixa patente, o funcionário de uma grande estatal e um fazendeiro), os artistas enfrentam situações inéditas que os despertam para reflexões sobre o papel da arte face às profundas violências constitutivas do país.
“A Banda Épica na NOITE DAS GERAIS” transcende o contexto histórico de 1972, ao dialogar com questões atuais do Brasil contemporâneo. O espetáculo dá continuidade às pesquisas da Companhia do Latão sobre as relações entre cultura e política durante a ditadura militar, iniciadas em 2010 com a montagem de Ópera dos Vivos.
“A peça [A Banda Épica] faz pontes com o passado e as possibilidades de futuro que podem despontar entre as imagens sombrias que dominam nosso horizonte. Por vias tortas, o espetáculo se filia à tradição dos musicais políticos épicos do teatro brasileiro que surge nos anos 1960.”, afirma Sérgio de Carvalho.
Neste novo espetáculo, a companhia aposta em uma narrativa arrojada, na qual teatro e música se misturam em uma atmosfera de memória e sonhos. É estruturado com base em trilha sonora executada ao vivo por uma banda composta por bateria, baixo, guitarras, teclado, violão e acordeon.
Foto: Miriam Silva
“É como se fosse um documentário falhado em que a fala dos artistas não corresponde sempre às cenas mostradas, como se o país real sempre estivesse enfumaçado ou além, confundindo-se com uma visão de faroeste.”, explica o diretor.
“A Banda Épica na NOITE DAS GERAIS” contribui de maneira significativa à atual efervescência cultural brasileira, que recentemente ganhou prestígio internacional com produções como “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, filme do qual participam dois atores do espetáculo: Helena Albergaria e Caio Horowicz. A peça reforça o papel da arte como testemunha crítica dos desafios históricos e sociais do país.
Foto: Miriam Silva
Sinopse
O novo espetáculo da Companhia do Latão acompanha uma banda de rock
alternativo que excursiona pelo interior de Minas Gerais no ano de 1972. Quando seu ônibus quebra numa estrada perto do rio Doce, o grupo se depara com imagens
realistas e fantásticas de um país violento.
Serviço
“A Banda Épica na NOITE DAS GERAIS”- Companhia do Latão
Temporada de 14 de Fevereiro a 16 de Março de 2025
Quinta à sábado, às 20h e domingos, às 18h – Exceto: 02/03/2025
130 minutos | 14 anos
Ingressos: R$ 70 (inteira) / R$ 35 (meia) / R$ 21 (credencial Sesc)
Vendas pelo site centralrelacionamento.sescsp.
Sesc 14 Bis – Teatro Raul Cortez
Rua Dr. Plinio Barreto, 285 – Bela Vista
FICHA TÉCNICA
Criação coletiva da Companhia do Latão
a partir de argumento original de Sérgio de Carvalho
Atuação e música
Be Cruz, Beatriz Bittencourt, Caio Horowicz, Carlos Albergaria, Carlos Escher, Felipe
Botelho, Gabriel Stippe, Helena Albergaria, Leonardo Ventura, Ney Piacentini, Nina
Hotimsky, Rubens Alexandre, Sara Mello Neiva, Susanna Oliveira
Concepção, roteiro final e direção: Sérgio de Carvalho
Direção musical e composições originais: Felipe Botelho e Nina Hotimsky
Colaboração em dramaturgia e preparação de elenco: Helena Albergaria
Assistência de direção, coordenação de pesquisa e produção: Maria Lívia Goes
Assistência de direção e dramaturgia: Ana Hirszman
Equipe cenográfica: Cássio Brasil, Anick Matalon, Carlos Oliveira (Nande), Rodolfo da
Silva França
Figurinos: Daniela Carvalho
Estagiária de figurino: Rosa Albergaria
Iluminação: Melissa Guimarães
Desenho de som: Camila Fonseca
Técnico de som: Lucas de Sá
Arte para o programa: Marcius Galan
Fotos do programa: Miriam Silva
Textos do programa: Maria Lívia Goes e Sérgio de Carvalho
Assessoria de imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira
Coordenação de Produção: Mosaico Produções
Produção executiva: Cícero Andrade
Produtoras assistentes: Dani Simonassi e Érika Rocha
Realização: Companhia do Latão
Companhia do Latão
A Companhia do Latão, fundada em 1997, é um marco no teatro brasileiro, reconhecida pela integração entre pesquisa estética e politização. Com uma trajetória que inclui peças icônicas como “A Comédia do Trabalho” (200) e “O Patrão Cordial” (2013), o grupo se destaca pelo diálogo com a tradição brechtiana e pela reflexão sobre a sociedade brasileira. Além de montagens premiadas, desenvolve experimentos cênicos e projetos audiovisuais. Foi reconhecida com o prêmio “El Gallo de La Habana”, concedido pela Casa de las Américas a grupos com contribuição histórica ao teatro latino-americano. A atuação da companhia abrange formação artística, dramaturgia inovadora e uma abordagem crítica que marca profundamente o teatro contemporâneo.
Sérgio de Carvalho
Dramaturgo, encenador e pesquisador de teatro, Sérgio é professor titular de Dramaturgia na Universidade de São Paulo. Tem doutorado em Literatura Brasileira, mestrado em Artes Cênicas, graduação em jornalismo e colaborou nos principais veículos de comunicação do país. Realizou conferências em países como Alemanha, Argentina, Cuba, Espanha, Grécia, México e Portugal, em instituições como Brecht Haus e Akademie der Künste de Berlim e Teatro São Luiz de Lisboa. Foi premiado como encenador pela União dos Escritores e Artistas de Cuba pela montagem de “O círculo de giz caucasiano”, de Brecht, em 2008. Entre seus muitos espetáculos estão “O nome do sujeito” (1998), “A comédia do trabalho” (2000), “Ópera dos vivos” (2010) e “O pão e a pedra” (2016). Dirigiu também a ópera “Café” no Theatro Municipal de São Paulo (2022), além de shows de música e filmes, como “Valor de troca” (TV Cultura, 2007). Entre seus livros se destacam “Introdução ao teatro dialético” (Expressão Popular 2009), “Companhia do Latão 7 peças” (Cosac Naify, 2008), “Três Peças Companhia do Latão” (Temporal, 2019) e “O Drama Impossível” (Edições Sesc, 2023).
Helena Albergaria
Atriz premiada em festivais nacionais e internacionais, Helena participou de peças como “O Pão e a Pedra” e “Lugar Nenhum”. Atuou em filmes de diretores como Walter Salles e Anna Muylaert e na TV em “Santo Maldito”.
Ney Piacentini
Membro fundador da Companhia do Latão, Ney participou de quase todas as montagens do grupo desde 1997. Foi premiado pelo APCA e Questão de Crítica por suas atuações. É mestre em teoria da atuação pela USP e autor do livro “O Ator Dialético” (2018).
Caio Horowicz
Ator e dramaturgo formado pela ECA-USP, Caio foi destaque na lista Forbes Under 30. No cinema, recebeu prêmios por “Califórnia” e atuou em séries como “Boca a Boca” (Netflix). Fundou a companhia À Espreita.
Felipe Botelho
Diretor musical do Teatro Oficina Uzyna Uzona, Felipe colaborou em diversas produções de Zé Celso, como “Roda Viva”. Fez trilhas para filmes e foi baixista da Trupe Chá de Boldo.
Nina Hotimsky
Musicista, atriz e professora, Nina é doutoranda em Artes Cênicas pela ECA/USP. Com formação musical pela EMESP Tom Jobim, atua como compositora e intérprete no Latão desde 2018. Integrou a Companhia da Revista (2012-2017), dirigida por Kleber Montanheiro.
Rubens Alexandre
Ator formado pela EAD, Rubens também atua como músico. Integra a companhia Teatro do Osso e colabora com a Companhia do Latão desde 2022. Em 2023, atuou em “Noite de Brinquedo no Terreiro de Yaya”, de Antônia Mattos.
Susanna Oliveira
Atriz, arte-educadora e artista do corpo, Susanna integra o grupo À Tona de teatro-dança. Cursa Licenciatura em Teatro pela UNESP. Atuou em espetáculos como “Teias”, direção de Ana Noronha e “Gota D’Água”, direção de Rogério Pércore.
Leonardo Ventura
Ator formado pela UNICAMP, Leonardo trabalhou com diretores renomados como Antunes Filho e João das Neves. Na Companhia do Latão, esteve em “O Mundo Está Cheio de Nós” (2019). Dirigiu espetáculos como “Elizabeth Costello” e “A História do Soldado”, apresentados no Sesc em 2024.
Beatriz Bittencourt
Atriz e licenciada pela USP, Beatriz atua no Latão desde 2018, participando de peças como “O Pão e a Pedra”. No cinema, participou de filmes como “Quando as Máquinas Param”. Também leciona como professora do Ensino Fundamental.
Carlos Escher
Ator desde 2001, Carlos realizou mais de 30 espetáculos, entre eles seu solo “O sapateiro ruço” e “Ópera dos Vivos”, da Companhia do Latão, em que atua há mais de dez anos. No cinema, participou de filmes como “Três tigres tristes”, de Gustavo Vinagre. É diretor, diretor de arte, figurinista e arte-educador.
Gabriel Stippe
Graduado em Teatro, Gabriel é ator desde 2006 e integrou o elenco de diferentes grupos de teatro em São Paulo. Desde 2017 colabora com a Companhia do Latão, em espetáculos como “O Pão e a Pedra”, “Estação da Luz” e “O Mundo Está Cheio de Nós”. No cinema, atuou em filmes como “Idade da Pedra”, de Renan Rovida.
Carlos Albergaria
Licenciado em Arte e Teatro pela UNESP, Carlos integra o Latão desde 2019, com atuações em peças como “Estação da Luz”. Trabalhou em filmes como “Estado de Arte” e “Quando Eu Era Vivo”. Dirigiu “Edificação Antígona” em 2020.
Sara Mello Neiva
Atriz, professora e pesquisadora de teatro, formada em Artes Cênicas pela Unicamp, com mestrado e doutorado pela ECA-USP. Possui experiência em grupos como Madeirite Rosa, Cia Acidental, Grupo do Trecho e, atualmente, Cia Kambas de Teatro. É autora do livro O Teatro Paulista do Estudante nas Origens do Nacional Popular.
Be Cruz
Be Cruz iniciou sua trajetória musical aos 7 anos e, ao longo dos anos, se dedicou à bateria e percussão, com formação no Instituto de Bateria Vera Figueiredo. É baterista e artista, com experiência em bandas, como a Boca de Leoa, e desenvolve seu projeto solo, produzindo músicas autorais. Também é professora de musicalização para crianças.