O filme ‘Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald’ vem apaixonando os fãs de J. K. Rowling, autora do roteiro, por trazer novos elementos para a saga de Harry Potter. A obra, porém, pode ter uma outra leitura, bem mais importante, porque envolve a luta contra intolerância e contra a indiferença que deve ser valorizada.
No enredo, Newt Scamander, com sua maleta repleta de alguns dos mais simpáticos seres imaginários já vistos no cinema, parte para Paris para combater o bruxo das trevas Grindelwald que, após escapar da prisão, começa a reunir seguidores para realizar seu sonho de dominar o mundo.
Na melhor cena do filme, Grindelwald faz um discurso em que prega a separação entre magos de sangue puro e seres não-mágicos. Uma jovem maga acaba sendo morta no evento, o que justifica a ordem do autoritário todo-poderoso de espalhar por todos os cantos e dimensões que os violentos são aqueles que desejam reprimir o domínio total dos magos “puros”. Começa assim uma escalada de inversão de valores ou, se preferirem, fake news.
A fala é claramente inspirada no nazismo e em outras doutrinas eugenistas, baseadas na concepção de que existem serem melhores do que outros por critérios de raça, cor, credo, religião ou qualquer outro imaginável. A luta entre o bem e o mal expressa no filme é maior do que isso, pois traz, em seu bojo, a disputa entre a liberdade e o dogmatismo, que sempre merece ser derrotado.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.