Por Janaína Cunha*
No final da década de 1970, o projeto Mambebão promoveu no eixo Rio de Janeiro-São Paulo-Brasília apresentações de grupos de teatro e dança das cinco regiões do país. A experiência reverberou no cenário cultural e provocou o encontro de diferentes manifestações e modos de fazer teatral, sendo um marco inspirador no processo de difusão das artes cênicas no país.
Nesse fio de história nasceu o Palco Giratório, iniciativa do Sesc que propunha não só a circulação de grupos e apresentação de espetáculos pelo país, como também trazia o diferencial de ações educativas, por meio de cursos e oficinas. A ideia era ampliar as oportunidades e mexer com a cena artística, proporcionando a formação de plateias e o encontro de artistas para a troca de experiência e incentivo às manifestações regionais.
Em sua primeira edição, em 1998, seis grupos viajaram por 20 cidades em 7 estados, em um total de 39 apresentações. No ano seguinte, o projeto já chegava em 12 estados e em 2009 o Palco já girava por todo o país. Essa grande teia de circulação, que atingia desde capitais até as cidades mais longínquas, teceu um novo panorama para as artes cênicas.
Para além das apresentações, o encontro de artistas de diferentes locais do país alimentou debates que foram transportados para os palcos nas mais diversas linguagens. Questões da sociedade foram levadas ao público em narrativas que provocavam risos, lágrimas, estranhamento, transformação, em um grande registro histórico dos cenários que se apresentavam ano a ano. Em 25 anos de estrada, o projeto girou com 380 grupos, ofereceu aproximadamente 10 mil apresentações e atendeu a um público estimado em 5 milhões de espectadores.
A chave do sucesso deste projeto está na curadoria, formada por profissionais do Sesc de todo o país, que acompanham o cenário teatral em suas regiões e trazem seus olhares para uma discussão coletiva. Desse compartilhamento nasce a programação do circuito anualmente, uma importante amostra da produção cênica brasileira. Dessa forma, olhar o Palco Giratório nesses 25 anos é fazer uma viagem pela história do teatro no Brasil. É ser contagiado de afetos, emoções, lembranças e registros revelados por este circuito que se consolidou como o maior projeto difusão e intercâmbio das Artes Cênicas.
*Janaína Cunha é Diretora de Programas Sociais do Departamento Nacional do Sesc