Por Lucas Martini*
O que Marilyn diria se pudesse ver como sua imagem repercutiu depois de tantos anos? Ficaria orgulhosa de saber que seus cabelos loiros e seu incrível sorriso fazem sucesso até hoje? Ou ficaria decepcionada que a lembrança de seu intelecto e talento nato para atuar acabou apagada por sua própria sensualidade?
Bem, o fato é que a diva sempre quis ser eterna, e sentia que não era lembrada o suficiente. Se elogiavam seu lado sexual, é porque não levavam a sério seu talento como atriz dramática. Por outro lado, ao atuar em um drama, Marilyn não podia deixar de transparecer seu lado lânguido e quente.
Poucos sabem é que a loira ingênua e sexy que aparece nas telas trabalhou duro por muitos anos para criar uma personagem que ganhasse a paixão do público. Frequentou aulas de atuação, leu muitos livros, cursou Literatura Mundial em um intensivo de dez semanas… E de fato conseguiu se tornar uma excelente atriz dramática, e não há exagero nessa afirmação. Duvida? Repare em filmes como “Almas Desesperadas”, “Torrentes de Paixão” e “Os Desajustados”. Marilyn entrega uma performance excelente em todos eles, mostrando conseguir ser uma atriz séria quando preciso.
Porém… uma atriz séria não era bem o que Hollywood queria dela. Queriam ver seu vestido levantando sobre a saída de ventilação do metrô, queriam vê-la chamando um mordomo de garçom, queriam vê-la como uma secretária bonita e ingênua chegando atrasada e se desculpando ao chefe por não ter uma boa “pontuação”.
Ser Marilyn Monroe às vezes era tão cansativo que ela por vezes pensava em desistir de tudo e simplesmente se ater às suas tarefas de esposa – sim, Marilyn amava a ideia de cuidar da casa, de ter filhos, esperar seu marido chegar do trabalho e recebê-lo com um abraço e um beijo. Ela deixou isso claro em muitas cartas e páginas de diário, afinal, amava escrever. Apesar de tudo isso, acabou cedendo aos caprichos da mídia e dos diretores e decidindo dar tudo de si como a loira gostosona que todos queriam.
Marilyn morreu aos 36.
Estava cansada. Todas as tentativas de ter filhos haviam falhado. Não tinha mais marido. Nenhum dos parceiros que tivera soube dividi-la com o mundo. Podemos dizer que, ao menos em um aspecto, ela conseguiu enfim atingir seu objetivo, talvez em um nível que jamais poderia sonhar: ter seu nome, seu sorriso, suas curvas, seu cabelo, sua pintinha e seu glamour lembrados por muitas décadas.
Para todos os efeitos, Marilyn Monroe se esforçou tanto para dar seu melhor – não para seus maridos, nem para os chefões de Hollywood, nem para o presidente – mas para seu público. Desejava o mundo tanto quanto nós a desejamos. E por todos esses 59 anos, e com certeza por pelo menos mais 59, ela foi e será… nossa.
*Lucas Martini nasceu em 1993, em Porto Alegre (RS) e trabalha como professor de inglês há mais de dez anos. Descendente de italianos, viajou para a Europa em 2015 e pôde aprender bastante sobre a cultura inglesa. Amante de filmes dos anos 1940 e 1950, adora escrever contos e romances ficcionais com grandes personalidades do mundo real. O pai de Marilyn Monroe é seu primeiro livro.