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A experimentação é intrínseca à arte. A liberdade criativa é fundamental para que os horizontes se expandam e cada vez mais artistas, criadores e produtores possam levar um espetáculo mais impressionante e único para o espectador. Esse tem sido o grande papel da tecnologia atualmente aplicada ao teatro.
Embora seja uma arte milenar, com pilares muito sólidos, como figurinos, atuação – o que inclui gestual e projeção vocal do ator – e cenários, a tecnologia vem constantemente dando toques importantes a essa linguagem artística. Luzes e sons, por exemplo, foram responsáveis por revolucionar o teatro em meados do século XIX e XX, possibilitando a incorporação de novos elementos.
Hoje, a discussão gira em torno dos limites do uso da tecnologia. Por um lado, tem ajudado a tornar o teatro em algo mais inclusivo. Por outro, correntes mais conservadoras não aceitam tão facilmente atores e cenários digitais. O fato é que, uma vez inseridas, dificilmente as tecnologias voltam atrás.
A projeção de imagens – base do funcionamento do cinema, este uma continuação do teatro – hoje encontrou nos vídeo-cenários uma maneira de trazer mais possibilidades na criação de uma ambientação na peça. Outra técnica é a do ator digital, onde um ator ou um grupo de atores interagem com a cena real e presente.
A pandemia de Covid-19 foi o momento catalisador dessas inovações tecnológicas. Sendo o teatro um dos segmentos econômicos mais afetados, afinal, não há teatro sem plateia, foi preciso se reinventar em meio a todos os problemas. O uso da tecnologia foi uma das soluções, portanto, para que os atores pudessem continuar exibindo sua arte.
O impacto desta experimentação ainda é incerto. Correntes acreditam na total substituição do teatro real pelo virtual, como acontece com os passeios a grandes museus em seus meios virtuais. Outros acreditam em apresentações híbridas. Inegável, porém, é que o aumento de possibilidades que a tecnologia traz é uma forma também de expandir o público.
Peças inclusivas são exemplo disso. Uma peça de teatro em São Paulo recebeu ajuda da Samsung em um projeto que visava ajudar deficientes auditivos a assistirem a um espetáculo. Por meio de óculos de realidade aumentada, o público podia acompanhar a peça enquanto os óculos traziam legendas transcritas em tempo real. A ajuda foi muito bem vinda, uma vez que havia dificuldade na tradução em Libras de acompanhar a dinâmica das peças.
Aplicativos também têm sido desenvolvidos para o aumento da interação do público com alguns espetáculos. Até mesmo a Inteligência Artificial, por meio de tecnologia semelhante a do ChatGPT, tem sido gradualmente inserida e responsável pela roteirização de pelo menos uma peça conhecida.
A maior interação pode levar a um fenômeno de gamificação do teatro, por exemplo, já que os games estão muito inseridos no dia a dia das pessoas, e cada vez mais elas esperam algo parecido nas suas interações. Jogos que pagam dinheiro de verdade por diversão são um grande atrativo para que isso ocorra, e certamente o teatro não escapará também desta demanda atual.