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No mês da Consciência Negra, Cinema do IMS apresenta programação especial

No mês da Consciência Negra, Cinema do IMS Paulista exibe filme de
Oscar Micheaux, pioneiro do cinema afro-americano, acompanhado de trilha ao vivo da Funmilayo Afrobeat Orquestra, além de obras de Lincoln Péricles, Steve McQueen e C.J. Fiery Obasi, entre outros destaques

 

A programação inclui também atividades do Festival Nicho Novembro, com foco no mercado cinematográfico.

Oscar Micheaux na direção de um de seus filmes. Imagem de Cinejornal Screen Snapshots.

No Novembro Negro, o Cinema do IMS Paulista estabele uma série de conexões afrodiaspóricas, em uma programação especial que reúne obras de autoria negra produzidas em diferentes territórios e períodos históricos.

 

Entre os destaques, estão as sessões com trilha sonora ao vivo do filme silencioso Dentro de nossas portas, de Oscar Micheaux, diretor pioneiro do cinema negro nos EUA, exibido em cópia restaurada em 4K. Lançado em 1920, Dentro de nossas portas é um dos mais antigos longas-metragens dirigidos por um cineasta afro-americano e o primeiro a sobreviver ao tempo e ser preservado. Marcadas para os dias 21 e 22/11, as exibições terão acompanhamento musical da Funmilayo Afrobeat Orquestra, banda brasileira de afrobeat formada exclusivamente por pessoas pretas.

 

Também será exibida uma seleção de curtas-metragens do cineasta e educador Lincoln Péricles, cuja produção é em grande medida focada no bairro do Capão Redondo (SP), onde o diretor nasceu e vive. Os filmes serão projetados nos dias 9/11 e 26/11, em sessões apresentadas por Lincoln.

 

Em novembro, o IMS dá continuidade à exibição da série antológica Small Axe, do cineasta britânico Steve McQueen, inspirada em personagens da comunidade afro-caribenha em Londres. Serão apresentados o segundo e o terceiro episódio da série: Lovers Rock (2020), exibido no dia 23/11, e White & Blue (2020), em 30/11. Outro destaque é o filme Mami Wata (2023), dirigido pelo expoente diretor nigeriano C.J. “Fiery” Obasi, com direção de fotografia premiada da brasileira Lílis Soares, projetado nos dias 12 e 24/11.

 

A programação inclui ainda parte das atividades da 6a edição do festival negro de cinema Nicho Novembro, realizado pelo NICHO 54. De 13 a 16/11, o IMS recebe os eventos do festival focados no mercado cinematográfico, com oficinas, rodadas de negócios e conversas com pessoas negras que atuam no campo do cinema.

 

Confira abaixo mais detalhes sobre cada sessão:

 

CINEMA DE MOVIMENTO: OS FILMES DE LINCOLN PÉRICLES LK

Imagem de divulgação do filme Roubar um plano, de Lincoln Péricles e André Novais Oliveira.

Do bairro do Capão Redondo (SP), Lincoln Péricles constrói uma obra que desafia e reinventa para o mundo o imaginário audiovisual sobre e a partir da periferia. Diretor, roteirista, montador e educador popular, Péricles soma mais de 12 anos trabalhando com filmes produzidos em seu território, que circularam entre cineclubes e coletivos periféricos, banquinhas de camelô, becos e vielas, e eventualmente em festivais nacionais e internacionais. Em fevereiro de 2020, teve seu trabalho destacado pela revista Cahiers du Cinéma, que descreveu sua obra como “um cinema longe do imaginário ligado às favelas, que inventa sua própria forma, áspera e necessariamente imperfeita, entre intervenção e arquivo visual do bairro”.
Nos dias 9/11, às 17h, e 26/11, às 19h30, o cinema exibirá uma seleção de sete curtas-metragens dirigidos pelo cineasta. Entre eles, Mutirão: o filme (2023), no qual uma criança entra em contato com os registros do movimento popular que construiu o bairro onde vive, Ruim é ter que trabalhar (2015), centrado em um operário que, dias antes da Copa do Mundo no Brasil, reflete sobre seu trabalho, e Meu amigo Pedro MIXTAPE (2024), em que o diretor revisita memórias registradas desde as primeiras câmeras e microfones que teve acesso (veja a lista completa de filmes no site). Lincoln estará presente nas duas sessões para apresentar os curtas e conversar com o público.
Além disso, a revista de cinema deste mês traz um texto do cineasta, no qual ele reflete sobre sua produção: “O que produzimos tem a capacidade de afetar as estruturas sociais diretamente, porque da classe trabalhadora somos o fruto e a terra fértil, com novas sementes surgindo o tempo todo no audiovisual, mais do que nunca”. A programação dialoga com a participação do cineasta na última edição do Festival ZUM, realizada em 2 e 3/11.

 

SESSÃO COM TRILHA AO VIVO
Nos dias 21 e 22/11, às 20h, o Cinema do IMS Paulista convida o público a assistir às sessões, com trilha sonora ao vivo, de Dentro de nossas portas (1920). Este é o segundo filme do cineasta afro-americano Oscar Micheaux (1884-1951), um dos precursores no campo, cuja filmografia questinou às políticas de segregação racial americana, destacando narrativas e personagens negras.

 

Exibido em cópia restaurada em 4k, Dentro de nossas portas narra a história de Sylvia, uma jovem idealista que tenta arrecadar dinheiro para uma escola primária que atenda à comunidade negra. Ao lidar com a política racial, Sylvia relembra episódios traumáticos de seu passado, incluindo o linchamento de seus pais por uma multidão branca. O filme foi feito em resposta ao longa-metragem O nascimento de uma nação (1915), de D. W. Griffith.
Nas exibições, a trilha sonora será executada ao vivo pela Funmilayo Afrobeat Orquestra. Criada em 2019 pela cantora e saxofonista Stela Nesrine e pela trompetista Larissa Oliveira, a banda traz em seu nome uma homenagem a Funmilayo Anikulapo-Kuti, pioneira na luta das mulheres por direitos na Nigéria e mãe de Fela Kuti, criador do afrobeat. Para esta trilha ao vivo, o grupo mescla afrobeat e música brasileira, visando a contribuir para a construção de novas narrativas sobre as questões de gênero e raça dentro da música negra.

 

Dentro de nossas portas será projetado junto a um breve trecho de cinejornal em que Oscar Micheaux interpreta a si mesmo durante a direção de um filme. A obra de Micheaux também é tema de texto da pesquisadora Kênia Freitas, publicado na revista de cinema deste mês.

 

SMALL AXE

 

Apresentada pela primeira vez em uma sala de cinema no Brasil, a série antológica Small Axe, de Steve McQueen, reúne histórias inspiradas em personagens da comunidade afro-caribenha em Londres, entre 1960 e 1980, abordando as lutas por direitos em diferentes esferas, dos tribunais às pistas de dança. Neste mês, o IMS Paulista apresenta o segundo e o terceiro episódio da série.

 

Projetado no dia 23/11, às 18h, Lovers Rock é uma ode às chamadas blues parties, festas caseiras que imigrantes caribenhos organizavam nos anos 1980, embaladas por reggaes românticos. O filme resgata a trilha sonora da época, com clássicos como “Silly Games”, interpretada por Janet Kay, registrando a potência da cultura como forma de afeto e resistência. Red, White & Blue, exibido no dia 30/11, às 18h, narra a história de um jovem que, após presenciar seu pai ser agredido por policiais, decide ingressar na polícia para modificar a corporação.
A revista de cinema publica um ensaio inédito da pesquisadora Mariana Queen Nwabasili sobre os dois episódios e a transcrição de uma conversa entre Steve McQueen e o sociólogo Paul Gilroy, disponibilizada originalmente como complemento à edição em blu-ray da série, lançada pela The Criterion Collection.

 

MAMI WATA E NICHO NOVEMBRO

 

Nos dias 12/11, às 19h30, e 24/11, às 16h, o centro cultural exibe Mami Wata (2023), terceiro longa-metragem do diretor nigeriano C.J. “Fiery” Obasi. Mami Wata é uma divindade adorada pelos habitantes da remota vila de Iyi, na África Ocidental. No filme, Mama Efe, representante de Wata, exerce autoridade espiritual na vila, até que a morte de uma criança perturba a paz da comunidade.

 

A fotografia do longa é assinada pela brasileira Lílis Soares, que, entre outros, fotografou também Diálogos com Ruth de Souza, de Juliana Vicente, Um dia com Jerusa e Ó paí, ó 2, de Viviane Ferreira. Em sua estreia no Festival de Sundance, em 2023, Mami Wata recebeu o Prêmio Especial do Júri para a Direção de Fotografia. Na sequência, foi premiado no Fespaco também por Melhor Fotografia, além do prêmio da Crítica Africana.

 

Neste mês, o Cinema do IMS também recebe a 6a edição do NICHO NOVEMBRO, festival de cinema negro realizado pelo Instituto NICHO 54. Em parceria com o Centro Cultural São Paulo e o IMS, a programação inclui exibição de filmes, conversas e show. O IMS sedia, entre 13 e 16/11, as atividades com foco no mercado cinematográfico. Durante os dois primeiros dias, acontecem eventos fechados, como oficinas, rodadas de negócios e pitching show, voltadas para produtores, roteiristas e diretores, previamente selecionados.

 

Já os dias 15 e 16/11 serão dedicados a painéis abertos ao público e gratuitos, com foco em conversas relevantes para realizadores negros em cinema. O destaque do dia 15 é o painel com a francesa Laurence Lascary, produtora, entre outros títulos, do novo filme de Raoul Peck, Ernest Cole, Lost and Found. Já no dia 16, a programação inclui encontros com Grace Passô e Julia Alves, que compartilharão o processo criativo do primeiro longa-metragem dirigido por Grace, Amores, e Lucas H. Rossi, que falará sobre o filme Othelo, o grande, exibido na Mostra deste ano.

 

SERVIÇO
Novembro Negro no Cinema do IMS Paulista
Datas de exibição:

Cinema em movimento: os filmes de Lincoln Péricles LK

9/11, às 17h, e 26/11, às 19h30

 

Sessão com trilha sonora ao vivo de Dentro de nossas portas

21 e 22/11, às 20h

 

Lovers Rock, episódio 2 de Small Axe

23/11, às 18h

 

Red, White & Blue, episódio 3 de Small Axe

30/11, às 18h
Mami Wata

12/11, às 19h30, e 24/11, às 16h

 

Festival Nicho Novembro – de 13 a 16/11

13 e 14/11 – programação fechada, com inscrições encerradas
15/11

14h – Painel “Mais mulheres na produção”, com Juliana Lira, Thaís Moresi e Rubian Melo

16h – Painel “Nicho 54 convida Ancine”, com Paulo Alcoforado

19h – Painel “Produção de documentário no Brasil e na França”, com Laurence Lascary

 

16/11

14h – Painel “A criatividade do arquivo, o caso de Othelo, o grande“, com Lucas H. Rossi

17h – Painel “Em produção”, com Grace Passô e Julia Alves
INGRESSOS

Para as exibições de Cinema em movimento: os filmes de Lincoln Péricles; sessões com trilha ao vivo de Dentro de nossas portas e Small Axe:

Entrada gratuita, com distribuição de senhas 1 hora antes da sessão e limite de uma senha por pessoa.

 

Para as sessões de Mami Wata:

R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Os ingressos podem ser comprados no site ingresso.com ou na bilheteria dos centros culturais para filmes do mesmo dia.
Para os painéis abertos do Nicho Novembro:

Entrada gratuita. Distribuição de senhas no hall de entrada do cinema (3º andar) a partir das 13h de cada dia. Limite de uma senha por pessoa. Sujeito à lotação da sala.

Confira mais informações sobre cada sessão no site do IMS.

 

IMS Paulista

Avenida Paulista, 2424. São Paulo, SP. Tel.: (11) 2842-9120


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