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MASP exibe trilogia de filmes de Janaina Wagner sobre a Transamazônica

Mostra inaugura ano de Histórias da Ecologia com vídeos sobre impacto da BR-230 no meio ambiente e no cotidiano das populações locais. Programação da Sala de Vídeo em 2025 também traz Emilija Škarnulytė, Maya Watanabe,

Inuk Silis Høegh,Tania Ximena e Vídeo nas Aldeias

Janaina Wagner, 2024, Quebrante (frame do vídeo)

 

 

7 de fevereiro a 30 de março de 2025

 

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 7 de fevereiro a 30 de março, a Sala de Vídeo: Janaina Wagner. A mostra marca a estreia do documentário experimental Quando o segundo sol chegar / um cometa nos teus olhos (2025), de Janaina Wagner (São Paulo, SP, 1989), que tem como elemento central a BR-230, conhecida como Rodovia Transamazônica.

 

Projetada para conectar a Amazônia à costa brasileira, a construção da Transamazônica, ocorrida durante o período militar, foi marcada por uma perspectiva extrativista e por tensões com as comunidades da região. A exposição destaca como a rodovia transformou a paisagem e deixou marcas profundas no meio ambiente e no cotidiano das populações locais, afetando tanto a cultura quanto a história do Brasil.

 

Com curadoria de Leandro Muniz, curador assistente, MASP, a sala de vídeo exibe uma trilogia de vídeos gravados no território amazônico: Curupira e a máquina do destino (2021), Quebrante (2024) e Quando o segundo sol chegar / um cometa nos teus olhos (2025). Na trilogia, a rodovia inacabada dialoga com figuras do folclore brasileiro, criando metáforas críticas sobre a realidade do país. “A obra de Janaína Wagner se apropria de figuras mitológicas ou folclóricas para abordar conflitos reais, como é o caso da Curupira. A personagem carrega simbolismos marcantes, especialmente o detalhe dos pés para trás que andam para a frente, o que, no trabalho de Wagner, sugere as contradições do desenvolvimento predatório”, comenta Muniz.

 

Os documentários experimentais de Wagner criam ficções para refletir sobre a realidade, entrelaçando história da arte, cinema e literatura. O documentário Iracema – uma transa amazônica (1974), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, foi uma referência central para a artista, que propôs uma continuação do longa-metragem ao contar novas histórias sobre o que acontece nas margens da rodovia BR-230. Como em Curupira e a máquina do destino (2021), filmado no distrito de Realidade (AM), que narra o encontro entre uma curupira e o fantasma encarnado de Iracema, personagem fictícia do filme de 1974.

 

Em Rurópolis (PA), primeira cidade fundada na BR-230 para servir de base aos trabalhadores que a construíram, transcorre Quebrante (2024). O vídeo acompanha Dona Erismar, a professora aposentada que descobriu as cavernas da região e ficou conhecida como “A Mulher das Cavernas”.

 

Encerrando a trilogia de pesquisa de Janaina sobre a Rodovia Transamazônica, Quando o segundo sol chegar / um cometa nos teus olhos (2025) anuncia a aproximação de um Segundo Sol e a catástrofe causada pela crise climática.

 

Sala de Vídeo: Janaina Wagner é a primeira exibição de 2025 no MASP, que, ao longo do ano, incluirá mostras audiovisuais de Emilija Škarnulytè, Maya Watanabe, Inuk Silis Høegh, Tania Ximena e Vídeo nas Aldeias. A Sala de Vídeo integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da Ecologia.

 

Confira a programação da Sala de Vídeo para 2025:

 

Sala de vídeo: Janaina Wagner

7.2 — 30.3.25

2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi

Curadoria: Leandro Muniz, curador assistente, MASP

 

A artista Janaina Wagner (São Paulo, SP, 1989) produz vídeos, fotografias, desenhos e instalações que misturam registros históricos e ficções, reflexões críticas e mitologias diversas a respeito de temas como crise climática, paisagem e como as interações humanas formam o espaço. A artista parte de trechos da história do cinema e da literatura para criar outras histórias, agregando complexidade às originais.
Sala de vídeo: Inuk Silis Høegh

11.4 — 1.6.25

2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi

Curadoria: Teo Teotônio, assistente curatorial, MASP
Inuk Silis Høegh (Qaqortoq, Groenlândia, 1972) é um artista e cineasta cujo trabalho elabora questões sobre as mudanças climáticas e os processos coloniais na Groenlândia. Filho de artistas, cresceu imerso em exposições e se inseriu profissionalmente no meio artístico a partir da produção audiovisual e escultórica, principalmente com documentários e instalações de grandes dimensões. Høegh se interessa pela relação entre humanidade e natureza, focando nos processos políticos e culturais do seu país e em como eles afetam os povos originários inuítes e o meio ambiente.
The Green Land [A terra verde] (2021) apresenta registros das intervenções visuais realizadas pelo artista na paisagem de sua terra natal, que enfrenta grandes mudanças devido ao aumento da temperatura média global. Com um ritmo lento e meditativo, o vídeo tematiza os quatro elementos naturais, todos representados por diferentes materialidades da cor verde. Água, fogo, terra e ar aparecem em momentos distintos, ora invadindo as monumentais montanhas e geleiras, ora integrando-se ao cenário. A cor, que dá nome ao país em inglês, é usada no trabalho como uma potência de transformação, seja pela recuperação da fauna e da flora, seja por sua degradação.

 

Sala de vídeo: Vídeo nas Aldeias

13.6 — 10.8.25

2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi

Curadoria: Isabela Ferreira Loures, assistente curatorial, MASP
O Vídeo nas Aldeias é um projeto audiovisual criado em 1986 com o propósito de fortalecer o cinema indígena brasileiro. Idealizado por Vincent Carelli (Paris, França, 1953), o Vídeo nas Aldeias se dedicou, inicialmente, a registrar a cultura de diferentes povos indígenas brasileiros, apresentando as filmagens para as próprias comunidades. A partir de 1997, o projeto expandiu suas atividades para incluir oficinas audiovisuais realizadas junto a esses povos e passou a distribuir equipamentos de filmagem para que os participantes tivessem autonomia na representação de sua própria cultura. Desde então, a formação de cineastas indígenas e o suporte técnico para a produção de filmes se tornaram pilares fundamentais da atuação do projeto.
Os filmes produzidos formam um acervo plural que reflete a diversidade dos povos indígenas brasileiros. A sala de vídeo dedicada ao Vídeo nas Aldeias pretende destacar filmes produzidos pelo projeto em parceria com comunidades indígenas, os quais abordam formas distintas de lidar com a terra e com o meio ambiente, retratando aspectos de suas culturas e cosmologias, além da urgente luta pela demarcação territorial.

 

Sala de vídeo: Tania Ximena

22.8 — 28.9.25

2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi

Curadoria: Matheus de Andrade, assistente curatorial, MASP

 

A primeira exposição individual de Tania Ximena (Hidalgo, México, 1985) no Brasil, apresentada na sala de vídeo, investiga as complexas relações entre humanidade, natureza e ciclos de transformação do planeta. A artista constrói narrativas que atravessam tempos geológicos e históricos, conectando formas de vida animadas e inanimadas, naturais e espirituais, manifestas em minerais, vegetais, animais, céu, terra e água. Por meio de imagens que combinam registros documentais, intervenções espaciais e fabulações poéticas, Ximena reflete sobre os impactos da ação humana no meio ambiente, apresentando a paisagem como protagonista de processos decisivos. Em sua obra, a paisagem não é apenas território ou recurso a ser explorado, mas um agente ativo que possibilita a existência humana.
Seu trabalho aborda desde rituais ancestrais que atraem chuva em regiões áridas e saberes tradicionais capazes de revelar cursos hídricos subterrâneos, até o derretimento de geleiras causado pelas mudanças climáticas. A artista navega por paisagens como vulcões, geleiras, rios e desertos, revelando a resiliência inerente à natureza e seus contínuos ciclos de transformação. Onde antes havia gelo, surge outro ecossistema. O que está em jogo não é a existência da Terra, mas a sobrevivência da humanidade nela. A obra de Ximena convida à reflexão sobre a interseção entre narrativas locais e formas não predatórias de existência.

 

Sala de vídeo: Emilija Škarnulytè

10.10 — 23.11.25

2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi

Curadoria: Daniela Rodrigues, supervisora, MASP
Emilija Škarnulytė (Vilnius, Lituânia, 1987) é artista e cineasta, trabalha na interseção entre o documental e o imaginário, entre o factual e o fantasioso. Através de narrativas poéticas e imagens impactantes – capturadas, modeladas em 3D ou reinterpretadas, e apresentadas de maneira imersiva –, Škarnulytė reflete sobre dilemas urgentes de nosso tempo. A sala de vídeo recebe a primeira exposição da artista no Brasil e na América do Sul.
Seus filmes exploram diversas paisagens, como o encontro de rios, cidades, servidores de dados submersos, zonas com níveis baixíssimos de oxigênio e oceanos profundos. Seu olhar investigativo sobre as cicatrizes deixadas pela humanidade no planeta nos coloca em contato com tempos geológicos, de milhares de anos de formação da Terra, até futuros distópicos, nos quais a ficção científica toma lugar. Seres que habitam suas imagens, como a sereia que a própria artista performa em alguns filmes, nadam por águas pré-históricas ou pós-humanas, refletindo sobre a fragilidade ecológica ao longo do tempo e sobre as relações entre o natural e o humano.

 

Sala de vídeo: Maya Watanabe

5.12 — 25.1.26

2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi

Curadoria: Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, MASP
A artista e pesquisadora Maya Watanabe (Lima, Peru, 1983) atua com performance, vídeo e instalações de vídeo multicanal que exploram os limites da representação, especialmente em contextos de violência política. Por meio de uma abordagem que investiga os possíveis espaços de interseção entre memória pessoal e memória histórica, a artista torna tangível a tensão e a violência que caracterizam os conflitos internos de seu país natal, o Peru, assim como de outras realidades ao redor do mundo. A artista evidencia como esses cenários impactam os modos de vida na contemporaneidade e produzem lacunas nas paisagens emocionais das pessoas atingidas.

 

SERVIÇO

SALA DE VÍDEO: JANAINA WAGNER

Curadoria: Leandro Muniz, curador assistente, MASP

 

2º subsolo, Edifício Lina Bo Bardi

Visitação: 7.2.2025 a 30.3.2025
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo, SP 01310-200

Telefone: (11) 3149-5959

Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até às 17h); fechado às segundas.

Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos

Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada)

 

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