Com protagonista negro no filme, falta de representatividade entre jornalistas da premiação ainda causa polêmica em 2021
No dia 28 de fevereiro aconteceu a 78ª edição do Globo de Ouro, que foi adaptado para ser um evento via videoconferência, devido às circunstâncias da pandemia. Alguns atores estavam devidamente trajados para o evento, com roupas de gala, e outros estavam mais à vontade, vestindo pijamas e moletons, o que foi motivo de descontração e piadas nas redes sociais pelos internautas. Os anfitriões da premiação foram as comediantes Tina Fey, diretamente de Nova York, e Amy Poehler, que estava em Los Angeles.
Um dos maiores destaques do Globo de Ouro desta vez é, sem nenhuma novidade, o filme “Soul”, que ganhou os prêmios de melhor animação e de melhor trilha sonora. O filme, dirigido por Pete Docter e codirigido por Kemp Powers e produzido pela Walt Disney Pictures, em parceria com a Pixar Animation Studios, já era um dos favoritos do público para ganhar o prêmio, visto que a animação recebeu 98% de aprovação no Rotten Tomatoes, um agregador de crítica; já no MetaCritic a nota dos especialistas em crítica de cinema para o longa foi de 88 – uma nota considerada alta.
A trilha sonora do filme foi feita por Trent Reznor e Atticus Ross, que são membros da banda de rock Nine Inch Nails, e dividiram o prêmio de melhor trilha sonora original ao lado de Jon Batiste, que lidera a banda à frente do Late Show With Stephen Colbert e que também participou das composições para o filme. Trent Reznor disse, ao agradecer pelo prêmio, que o longa é “a primeira obra de arte que fiz que posso mostrar aos meus filhos”, já que a animação tem como público-alvo crianças e pré-adolescentes.
No entanto, críticas a respeito da falta de representatividade negra no Globo de Ouro foram feitas, ainda que o filme de maior destaque (“Soul”) tenha como personagem principal um homem negro. Dos 80 jornalistas estrangeiros que compõem a crítica do Globo de Ouro, nenhum se autodeclara como negro; isso impactou negativamente a imagem do evento e também fez os internautas e outros jornalistas questionarem os critérios de avaliação, visto que longas com elencos negros não foram levados em consideração para a premiação.
A expectativa é de que ocorra uma mudança nas mentalidades e no corpo de profissionais que avaliam os filmes, especialmente com os novos jornalistas que se formarão nos próximos anos. Seja em cursos de grandes universidades de Jornalismo presencial ou Jornalismo EAD, mais pessoas negras estão se formando na profissão e devem ocupar cada vez mais espaços muito em breve.