Nesse sentido, as ideias retratadas nos enredos das produções teatrais podem ter um impacto negativo nos problemas da sociedade ou um impacto muito positivo. Retratando ideias e soluções positivas de maneira visualmente estimulante e, muitas vezes, interativa – o que é único ao teatro e à maneira na qual suas histórias geralmente são apresentadas – pode fazer muito para contra-atacar os estigmas negativos que se associaram à doença mental em geral.
Não é uma ocorrência rara
A verdade é que, ao considerar o fato de que estimados 45% de todas as pessoas vão sofrer algum tipo de doença mental em algum ponto de suas vidas, é muito provável que uma plateia típica inclua pessoas que, sim, sofram de alguma doença mental. Mais importante, a plateia em questão também inclui pessoas com conhecimento limitado ou sem nenhum conhecimento sobre doenças mentais. Muitas vezes é essa dinâmica que é extremamente desinformada ou mal informada, e provável de formar ideias que não sejam verdadeiras ou até mesmo prejudiciais.
Avançando com cuidado
Além da importância de retratar pessoas que convivem com doenças mentais para criar maior conscientização, é importante ter em mente que qualquer assunto ou enredo que lide com doença mental deve ser abordado com extremo cuidado, de modo a não promover ainda mais, de maneira involuntária, os estigmas associados às doenças mentais.
Assim, as tramas precisam ser abordadas e formuladas tendo uma série de considerações importantes em mente. Talvez a consideração mais importante de todas seja se o escritor da história tem conhecimento suficiente da doença mental que ele está tentando incorporar ao enredo.
É muito importante que qualquer personagem retratando uma pessoa que sofre de doença mental seja representada de maneira verossímil. Além disso, o personagem também precisa ser apresentado de maneira verossímil. Criar um cenário que seja implausível só servirá para cimentar os estigmas existentes com relação às doenças mentais.
Muitas pessoas têm a ideia errada de que quem sofre de uma doença mental como demência ou esquizofrenia não está ciente do que há a sua volta e perdeu completamente o senso da realidade. Isso não poderia estar mais longe da verdade, mas haverá membros da audiência que acreditam nessa ideia equivocada. Retratar um personagem de maneira inacreditável só servirá para reforçar equívocos comuns como esse.
Seja realístico
Criar uma história que envolva o máximo de cenários da vida real possível é essencial para que o teatro tenha um papel ativo na abordagem do estigma associado a doenças mentais. O público estará mais disposto a se equipar melhor para lidar com os problemas relacionados à doença mental se forem apresentados às ideias de uma maneira fiel à vida real.
Incorporar tudo, de escolhas de carreira a relacionamentos interpessoais no trabalho, bem como relacionamentos românticos e platônicos em casa, é crucial para proporcionar uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelas pessoas com doença mental, independentemente da dimensão ou do tipo de doença retratado.
Uma armadilha que deve ser evitada a todo custo é retratar um personagem com doença mental como sendo alguém maligno ou que nunca faça o bem. Isso só servirá para promover ainda mais o equívoco de que as pessoas que sofrem de doença mental são, de alguma maneira, socialmente inaceitáveis, e que a doença mental é algo a ser temido, em vez de algo que simplesmente precisa ser compreendido.
O teatro pode ser usado como um meio extraordinário para romper barreiras e remover estigmas, e no caso das doenças mentais, também pode nos ajudar a entender o que as pessoas que sofrem com elas precisam superar. Quando em sua versão mais poderosa, o teatro deixa uma impressão duradoura e muda para melhor a perspectiva das pessoas.
Fontes:
http://trace.tennessee.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=3059&context=utk_chanhonoproj
http://trace.tennessee.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=3059&context=utk_chanhonoproj
http://www.mindframe-media.info/for-stage-and-screen/portraying-mental-illness
https://www.medicinenet.com/script/main/art.asp?articlekey=118285