ABERTURA: dia 05 de dezembro (5ªf), às 16h30
ONDE: Espaço Cultural Cemitério de Automóveis
Rua Francisca Miquelina, 155, Bela Vista / SP
VISITAÇÃO: de terça a domingo das 19h à 0h – até 22 de dezembro
► E N T R A D A F R A N C A
A trajetória artística de Carcarah é marcada por sua sensibilidade em captar os aspectos menos explorados e mais sombrios da vida urbana, quando suas cicatrizes e seu silêncio ganham protagonismo. Essa abordagem intimista e crua busca os significados ocultos nas superfícies desgastadas e nos espaços esquecidos, e transforma caos e degradação em poesia visual.
O personagem da vez é gigante e muito maior que uma cidade – é a rodovia BR 101, uma das maiores e mais importantes do país, retratada em 32 quadros e 50 camisetas pintadas à mão na exposição “BR-101 – Caminho sem Volta”.
Carcarah, que já teve suas ilustrações publicadas pelas revistas Rolling Stone, Coyote, Jazz +; e pela Folha de SP, além de criar inúmeras capas de livros e CDs, expõe regularmente seu trabalho em mostras individuais e coletivas. Depois de retratar, em 2018, a cidade que escolheu para viver, na exposição “São Paulo Fantasma”, e realizar mais duas mostras individuais, o multiartista brasiliense lança agora seu olhar para a vida na estrada:
“Esta exposição foi originalmente marcada para 24 de março de 2020. Dez dias antes, o mundo entrou em lockdown. O adiamento me levou por outras direções. Outras coisas aconteceram. Em 2021, criei ‘Impróprios’, uma mostra de desenhos e pinturas de artistas ‘malditos’ que me influenciaram — trabalhos que fiz enquanto fugia na pandemia. Depois de várias produções teatrais e uma exposição com meu acervo pessoal, deixei a cidade e fui pra Bahia. Foi lá que comecei a me fixar na BR-101 e nas rodovias esquecidas que cruzam seu caminho. Isso me fez repensar esta exposição. Se antes ela tratava da figura do forasteiro, da fuga, agora o foco é a rodovia e seus viajantes.”, conta Carcarah.
A exposição “BR 101 – Caminho sem Volta” mergulha nos segredos guardados na vida on the road – a solidão, escolhida ou imposta; a contemplação; os bares e hotéis baratos; os postos de gasolina à beira da estrada; a poeira. A existência dos que não tem para onde voltar. Dos que têm no movimento permanente o seu pouso.
Somado ao mergulho neste universo kerouaquiano, Carcarah também foi atravessado pelos acontecimentos recentes do país, o clima de apreensão e perplexidade que hoje toma conta do Brasil, e que reforçou o seu desejo de romper as fronteiras – externas e internas.
“Cada obra foi escolhida para refletir as dualidades presentes na estrada: o progresso e o abandono, a beleza e a aspereza, a transitoriedade e a permanência. A curadoria se baseia em capturar o espírito dessa estrada como um reflexo do país — onde a estrada, em sua imponência e peculiaridade, se torna quase um personagem próprio. Os visitantes são convidados a percorrer os diversos aspectos dessa jornada, revelando as camadas da BR-101 em um processo contínuo de descoberta e interpretação.”, explica a curadora Vanessa Deborah.
CEMITÉRIO DE AUTOMÓVEIS
O Cemitério de Automóveis, pelas mãos do dramaturgo e diretor Mário Bortolotto, recebe mais esta mostra de Carcarah. Amigos de longa data, são parceiros frequentes em diferentes projetos artísticos.
“Essa nova exposição do Carcarah me parece um convite irrecusável a se perder em alguma estrada perdida, uma passagem só de ida para alguma imagem de cartão postal que parece piscar em neon a sentença “o paraíso não existe”. É como entrar em uma churrascaria vazia na beira de uma estrada qualquer (sempre na estrada) e não se surpreender com a imagem triste da garçonete solitária tirando uma mecha de cabelo da testa enquanto tenta matar uma mosca impertinente e recortar um cupom de algum concurso vagabundo.”, reflete Mário Bortolotto.
FICHA TÉCNICA
Curadoria e direção de arte: Vanessa Deborah
Texto de apresentação: Mário Bortolotto
Montagem e iluminação: Carcarah
Programação visual: Vanessa Deborah
Produção executiva: Isabela Bortolotto
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
CARCARAH
Henrique Figueiroa, ou Carcarah, nasceu em Brasília, em 1979. Mora em São Paulo desde 1998, mas sempre vagou por lugares improváveis na América Latina e na Europa. Aprendeu a desenhar com sua falecida avó Vilma, que o incentivava a ficar quieto com um papel branco na frente do rosto. Um hábito que foi sendo aperfeiçoado durante as intermináveis aulas do ensino médio. A descoberta dos quadrinhos também teve grande impacto em sua formação. Desenhistas como John Buscema, Alfredo Alcala, Ivo Milazzo, Andrea Pazienza, Tanino Liberatore e Robert Crumb foram essenciais na busca por novas técnicas e materiais. Artistas como Van Gogh, Joe Coleman, Toulouse Lautrec, Edward Hopper são inspirações eternas.
Carcarah também é ator e produtor do grupo Cemitério de Automóveis desde 2009. Já atuou em mais de 30 peças da companhia.
Como ilustrador, já teve suas obras publicadas pelas revistas Rolling Stone, Coyote, Jazz +; e pela Folha de SP. Já ilustrou capas de livro para as editora Martins Fontes, Córrego, Atrito Art, Edith, Alaúde, entre outras, além de diversas capas de discos.
Em dezembro de 2008, realizou sua primeira exposição individual, Noturno, no Coletivo Galeria de São Paulo. Dois anos depois, em 2010, lançou o livro Musa Chapada pela Editora Demônio Negro, em parceria com Ademir Assunção e Antonio Vicente Pietroforte. Sua segunda exposição solo, Barafunda, ocorreu em 2011, no espaço Cartel 011. Em 2014, apresentou Outra Manhã Imunda Nos Aguarda no Espaço Cemitério de Automóveis, onde também, em 2016, inaugurou a exposição Cidade Morta, focada na cidade de São Paulo. Em 2017, ilustrou e expôs mais de 20 originais para o livro Textos Putos, da autora Abhiyana. A trilogia sobre São Paulo se completou em 2018 com a exposição São Paulo Fantasma. Já em 2021, com Impróprios, reuniu mais de 50 originais que refletiam suas influências artísticas.
VANESSA DEBORAH – curadora e diretora de arte
Vanessa Deborah Hüdepohl nasceu em 1989 em Prien am Chiemsee, Alemanha. Sua mãe é brasileira e desde cedo sua vida foi marcada de idas e voltas para o Brasil, até que com 12 anos se mudou para Cuiabá (MT) com a família. Aos 17 anos voltou para a Alemanha e em 2010 se formou em Design Gráfico na cidade de Munique. Trabalhou como freelancer e estagiou em diversas agências durante a faculdade. Nessas suas idas e voltas entre Brasil e Alemanha decidiu, em 2012, se mudar para São Paulo. Com a arte impressa em declínio começou a migrar para o audiovisual e trabalhar também na área da pós-produção. Trabalhou em produtoras como a Dama Filmes e Polvo Content. Além disso continua desenvolvendo programação e identidade visual para diversos artistas e também bandas como Mustache e os Apaches, Mescalines, Lenna Bahule e também grupos como Bloco Explode Coração e Cemitério de Automóveis. Em 2017 foi produtora e designer no estudio Handquarters, do artista Rafael Grampá. E em 2018 trabalhou na exposição “São Paulo Fantasma” do artista Carcarah. Além da arte gráfica colabora com desenhistas na captação e tratamento de imagem de suas obras. |