Renato Borghi e o Teatro Promíscuo revisitam Oswald de Andrade em” Alegria é a Prova dos Nove” A obra do poeta e escritor, Oswald de Andrade, idealizador do Manifesto Antropófago, entrelaçada a sua própria vida, é o mote do espetáculo teatral “Alegria é a Prova dos Nove”, escrito por várias mãos, que reúne diversas manifestações artísticas. A nova montagem do Teatro Promíscuo estreia em 8 de novembro, no Sesc Pompeia.
A partir de um “diário de bordo”, esta viagem-vida bebe em materialidades como memórias, cartas, reportagens, peças, livros, fotos, caricaturas, pinturas e desenhos, nos revelando um Oswald pouco conhecido pelo grande público.
Tendo como um dos disparadores da pesquisa para a criação da peça o livro O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo, diário coletivo da “garçonnière” do jovem Oswald de Andrade, na Rua Libero Badaró, um “balão de ensaio” de procedimentos de escrita do modernismo.
Como “líder de cena”, o Teatro Promíscuo traz o ator Renato Borghi, que teve sua consagração cênica como Abelardo I, personagem central de O Rei da Vela. O espetáculo resgata Oswald de Andrade do ostracismo, projetando-o para o lugar de ícone da tropicália nos anos 1960, relevância que só aumenta no correr das décadas, consolidando sua figura como um dos grandes pensadores da cultura brasileira.
“Estamos construindo um roteiro inusitado e surpreendente, além de contarmos com uma equipe extraordinária: direção de Johana Albuquerque, direção de arte e cenografia de Simone Mina, iluminação de Wagner Pinto, videografismos de Vic Von Poser, figurinos de Carol Casarin, autora do livro “O guarda-roupa modernista”, além do maestro William Guedes, na direção musical”, diz Borghi.
“São nove provas para se chegar à alegria, já que o sorriso de Oswald, por trás, escondia uma grande mordida. Movidos por esta inspiração performativa, através de uma visitação antropofágica, Alegria é a Prova dos Nove é um banquete poético, espaço de apresentação que reúne um cardápio apetitoso com temperos ardentes e misturados entre peça teatral, instalação de artes visuais, música, vídeo e canto”, define a diretora Johana Albuquerque.
“A partir de uma perspectiva na qual a síntese e a sugestão possam ativar o imaginário da plateia, a espacialidade para Alegria é a Prova dos Nove é um experimento de instalação performativa e relacional com os intérpretes. O processo de criação se dá por atravessamentos e devorações poéticas de metodologias artísticas dos que vieram antes de nós. A visualidade do espetáculo ganhou forma a partir de experimentos dos anos 1970, como a Baba Antropofágica de Lygia Clark; a relação com o artista cenógrafo Hélio Eichbauer em 1999 – ocasião em que, junto com o Renato Borghi, fomos parceiros de trabalho na realização do espetáculo O Jardim das Cerejeiras – e a arte relacional de Flávio Império e Helio Oiticica”, esclarece a diretora de arte Simone Mina.
Realizar a estreia deste espetáculo no Teatro do Sesc Pompeia também é um fator determinante na afetividade do projeto, já que é um espaço projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, importante figura na trajetória de Borghi. Ele conheceu Lina Bo Bardi no ano de 1969, quando ela foi cenógrafa na montagem de “Na Selva das Cidades”, no Teatro Oficina, e trabalhou com ela, depois, no filme “Prata Palomares”, de 2005. Assim como Lina, José Celso Martinez Corrêa, parceiro artístico e de vida de Renato Borghi, também é um dos homenageados no espetáculo.
*Nota sobre o livro-inspirador – A elaboração coletiva, em forma de diário, é resultado de encontros em uma garçonnière mantida por Oswald de Andrade e amigos em 1918, no centro de São Paulo. Os frequentadores, entre eles Guilherme de Almeida, Vicente Rao, Leo Vaz, Monteiro Lobato e Daisy – única mulher e uma das grandes paixões de Oswald – registravam suas observações com bilhetes, receitas, poemas e desenhos. O livro, esgotado, foi publicado em 1987 em tiragem limitada pela editora Ex-Libris, e apoio do IMS (Instituto Moreira Sales), com um projeto gráfico cuidadoso, preservando detalhes como colagens e dobras. SINOPSE Alegria é a Prova dos Nove é uma “devoração oswaldiana”, uma conversa poética entre Oswald de Andrade, suas paixões femininas cruciais na formação de sua personalidade, seus amigos companheiros na atuação artística e seus personagens ficcionais, buscando “comer” seu espírito de juventude, seu ímpeto de festa, suas ideias, transgressões, descaminhos e utopias.
MINI BIOS
JOHANA ALBUQUERQUE – Direção e dramaturgia. Diretora, atriz, produtora, professora universitária e pesquisadora teatral. É pós doutora pela ECA/USP e dirige a Bendita Trupe, que tem 20 espetáculos encenados na cidade de São Paulo. Em 2023, encenou Desmascarados, uma (Des) Homenagem aos Reis da Vela do séc. XXI. Já realizou parcerias com o Teatro Promíscuo em 2013, adaptando e dirigindo “O Casamento”, romance de Nelson Rodrigues, e esteve como encenadora nas duas Mostras de Dramaturgia do SESI SP, produzida pelo grupo.
RENATO BORGHI – Ator. Um dos artistas mais destacados do Brasil, com três prêmios Molière e diversas honrarias. Fundou o Teatro Oficina em 1958 e realizou trabalhos marcantes como “Pequenos Burgueses” e “O Rei da Vela”. Nos anos 70, fundou o Teatro Vivo, produzindo espetáculos de resistência à ditadura militar. Como dramaturgo, escreveu peças de sucesso nos anos 80, como Lobo de Ray-Ban e A Estrela Dalva. Em 1993, fundou o Teatro Promíscuo com Elcio Nogueira Seixas, obtendo êxito com várias montagens. Ícone do Tropicalismo, imortalizou-se com “O Rei da Vela”, e em 2010, participou da embaixada do Teatro Brasileiro, percorrendo 15 países. Dentre seus trabalhos mais recentes destacam-se “Molière”, de 2022, e “O que Nos Mantém Vivos?”, 2023.
ELCIO NOGUEIRA SEIXAS – Ator e idealizador do projeto. Ator e diretor formado pela Escola Superior de Artes Célia Helena em 1992. Iniciou sua carreira no Teatro Oficina com “Hamlet” e fundou o Teatro Promíscuo com Renato Borghi. Ao longo de 30 anos, idealizou, dirigiu e atuou em várias produções notáveis, ganhando prêmios como o Shell e APCA por sua atuação na Mostra de Dramaturgia Contemporânea. Também recebeu o Prêmio Villanueva em Cuba pelo espetáculo “Dentro”. Em 2008, lançou o livro “Borghi em Revista”. Em 2022 e 2023 realizou e atuou, junto com Borghi, em “Molière” e “O que Nos Mantém Vivos?”.
REGINA FRANÇA – Atriz e idealizadora do projeto. É também produtora e artista plástica. Acumula mais de 30 espetáculos teatrais na biografia. Estudou Comédia Dell’Arte com Tiche Viana, Clown e Jogo Teatral com Cristiane Paolli Quito e, em Londres, estudou e atuou na École Philippe Gaulier, Shakespeare e Chekhov. Prêmio de Melhor Atriz por duas vezes no Festival de Teatro de Rio Preto (SP), por “Todos Os Que Caem”, de Samuel Becket e, por “A Sonata Fantasma”, de August Strindberg, ambos sob direção de André Pink. Há 20 anos atua no Teatro Promíscuo, grupo coordenado por Renato Borghi.
FERNANDA D´ UMBRA – Atriz. É também diretora, roteirista, compositora, letrista e vocalista da banda Fábrica de Animais. Fez mais de cem espetáculos de Teatro, oito séries para a TV e cinco filmes em Cinema. Trabalhou como atriz, diretora e produtora em dez companhias de Teatro em São Paulo.
Serviço
“Alegria é a Prova dos Nove” Local: Teatro Estreia em 08 de novembro até 08 de dezembro Quinta a sábado, às 20h, e Domingo, às 17h. Sessão extra na quarta-feira, dia 13/11, às 20h Classificação: 14 anos Duração: 120 minutos Ingressos: R$21 |R$ 35 |R$ 70 – Ingressos on-line a partir de 29 de outubro, às 17h. Nas bilheterias do Sesc, a partir de 30 de outubro, às 17h.
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.
Não temos estacionamento.
Para informações sobre outras programações, acesse o portal: sescsp.org.br/pompeia
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