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Sesc Interlagos recebe a exposição “Nós – Arte e Ciência por Mulheres” a partir de 22/08

Exposição sobre o protagonismo da produção científica, intelectual e artística das mulheres ocupa o Sesc Interlagos

 

“Nós — Arte e Ciência por Mulheres” apresenta a história e o trabalho de artistas e cientistas brasileiras e estrangeiras  

 

 

 

O Sesc Interlagos recebe a partir de 22 de agosto a exposição “Nós — Arte e Ciência por Mulheres”, sobre a trajetória da produção científica, intelectual e artística das mulheres como produtoras e mantenedoras de conhecimento. A mostra apresenta um panorama que valoriza sua contribuição e, ao mesmo tempo, as diversas camadas pelas quais historicamente foram invisibilizadas de suas atuações na sociedade.

 

A realização é do Sesc São Paulo, com concepção do Estúdio M’Baraká e cocuradoria de Isabel Seixas, Letícia Stallone, Gisele Vargas e Diogo Rezende, além da consultoria realizada pela pesquisadora Magali Romero Sá, especializada em História da Ciência. São apresentadas cerca de 300 obras a partir da apresentação de personagens, de iconografia histórica e científica e com os trabalhos de artistas contemporâneas como Berna Reale, Laura Gorski e Ana Teixeira.

 

Contemplando cenários históricos que vão desde a sabedoria ancestral até a crescente presença feminina nas instituições científicas, a narrativa da exposição propõe uma reflexão e um contraponto sob a perspectiva do feminino com dados históricos e contribuições. A mostra ilustra como, por meio de conhecimento, posturas e narrativas afirmativas, as mulheres atravessaram séculos de um pensamento hegemônico de opressão.

Nós, mulheres, sempre criamos, curamos, catalogamos, inventamos, analisamos e, sobretudo, lutamos. ‘Nós — Arte e Ciência por Mulheres’ traz para a linguagem de exposição uma narrativa que busca dar visibilidade à contribuição das mulheres ao longo dos tempos, e faz isso através da arte, buscando informar e sensibilizar para mudanças em curso, mas que seguem urgentes para a emancipação das mulheres“, ressalta Isabel Seixas, da equipe curatorial.

 

 

A EXPOSIÇÃO

 

A mostra, que teve uma itinerância anterior no Paço das Artes, em São Paulo, fica em cartaz de 22 de agosto até março de 2025, e ocupa grande parte da unidade do Sesc Interlagos, que possui cerca de 500 mil m2 de área verde preservada. “Nós Arte e Ciência por Mulheres” faz um recorte e apresenta cerca de 60 cientistas de diferentes épocas, como a alquimista e profetisa grega Maria; as químicas Marie e Irene Curie; a bióloga Bertha Lutz; e a paleontóloga Carlotta Joaquina Maury. Entre as artistas contemporâneas estão Arissana Pataxó, Berna Reale,  Efe Godoy, Thatiana Cardoso, Marcela Cantuária, Paty Wolff e duas peças do Acervo Sesc de Arte assinadas por Laura Gorski.

O percurso proposto para a exposição começa com um resgate dos tempos medievais e destaca como a sabedoria e autonomia femininas, muitas vezes na figura de parteiras, curandeiras e benzedeiras, por exemplo, enfrentaram e enfrentam até hoje a lógica patriarcal de opressão, apagamento e submissão da mulher perante seu código moral.

 

Também é abordada a ideia de construção social de gênero e seus impactos na produção de uma sociedade e de uma ciência majoritariamente androcêntricas, apresentando mulheres que têm relevância não só na produção científica como também no debate sobre igualdade e representatividade de gênero. Algumas das mulheres em destaque são: da educação, a escritora Nísia Floresta (1810-1885), considerada a primeira feminista do país e a fundadora do Colégio Augusto, no Rio de Janeiro, que viria a ser um marco na história da educação feminina brasileira; da saúde, a médica Maria Odília Teixeira (1884-1970), primeira mulher negra do Brasil a se formar no curso de medicina e autora de um estudo pioneiro sobre a cirrose alcoólica em uma época de forte estigmatização de pacientes da doença; e das ciências humanas, a filósofa Sueli Carneiro, fundadora e atual diretora do Geledés — Instituto da Mulher Negra, a primeira organização negra e feminista independente de São Paulo.

 

Uma frase que norteia a linha mestra da mostra é “A revolução será feminista, ou não será!”, ilustrando e costurando narrativas que revelam a contínua luta das mulheres por uma sociedade mais igualitária, onde todos tenham pleno acesso a direitos políticos, econômicos e sociais. O trabalho doméstico também ganha destaque, visto que no Brasil, principalmente em jornadas duplas, a dedicação da mulher é enorme, e muitas precisam largar seus estudos ou trabalhos para dedicar-se exclusivamente ao fazer doméstico.

 

Dentre nomes importantes nas áreas da ciência e tecnologia estão a médica brasileira Beatriz Grinsztejn, primeira mulher latino-americana eleita como presidente da International AIDS Society para a gestão 2024-2026, com o desafio de enfrentar as iniquidades que persistem na resposta global à epidemia de AIDS; a geneticista Mayana Zatz, pioneira ao localizar genes novos ligados a doenças neuromusculares e coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano; a cientista da computação Nina da Hora, que atualmente integra o Conselho de Segurança da rede social TikTok e se considera uma hacker antirracista dedicada a pensar de forma crítica a inteligência artificial; e Jaqueline Goes, biomédica que participou da equipe que sequenciou o genoma do vírus Zika, e destacou-se por coordenar a equipe que conseguiu sequenciar o genoma do vírus SARS-CoV-2 apenas 48 horas após o registro do primeiro caso de covid-19 no Brasil.

 

 

RECURSOS DE ACESSIBILIDADE

 

Além de um projeto expográfico com recursos de acessibilidade, a exposição conta com roteiros de audiodescrição para o público com deficiência visual e roteiro de vídeo-libras para as pessoas surdas. Esses roteiros podem ser acessados gratuitamente por QR codes. Os textos da exposição também serão disponibilizados via QR codes de forma acessível para softwares de leitura de pessoas com deficiência visual. Vídeos no espaço expositivo contam com legendas em português e legendas descritivas. Há também vídeos que contam com recurso de audiodescrição ou Libras. Foi realizada uma seleção de objetos sensoriais que são destinados às visitas mediadas realizadas pela equipe educativa, que também passou por formação em acessibilidade para poder receber todos os perfis de público com equiparação de oportunidades. O Sesc Interlagos possui rampa de acesso para espaço expositivo e banheiro acessível para pessoas com mobilidade reduzida ou deficiência física.

 

A exposição “Nós Arte e Ciência por Mulheres” é uma realização do Sesc São Paulo com concepção do Estúdio M’Baraká, além de apoio de acervo do Museu de Zoologia da USP, Museu do Índio (FUNAI), Museu de Ciências da Terra / CPRM, Instituto Butantan e documentação de instituições como Fiocruz, Museu Nacional, Sitio Roberto Burle Marx, Biblioteca Nacional entre outros.

 

 

SERVIÇO

 

Nós – Arte e Ciência por Mulheres

Abertura: 22 de agosto de 2024, às 11h

Visitação: de 22 de agosto de 2024 a 30 de março de 2025

Horário: de quarta-feira a domingo e feriados, das 10h às 16h30

Local: Sesc Interlagos

Endereço: Av. Manuel Alves Soares, 1100 – Parque Colonial, São Paulo – SP

Telefone: (11) 5662-9500

Grátis

Agendamento de grupos: https://www.sescsp.org.br/agendamento-de-grupos-sesc-interlagos/

 

 

Sobre os curadores



Isabel Seixas de Mello

 

Isabel Seixas é sócia-fundadora da M’Baraká, onde atua prioritariamente na área de desenvolvimento de conteúdos e projetos. Em todos os projetos, gerencia as etapas de pesquisa, curadoria e criação de conteúdos. Com uma formação múltipla, que incluiu a iniciação nas graduações de economia (UFF) e Ciências Sociais (UFRJ), a posterior formação em Produção Cultural (UFF) e estudos sobre narrativas audiovisuais e expositivas, Isabel atua em projetos de diferentes formatos. Dentre as exposições que participou como idealizadora e curadora destacam-se “Nise da Silveira – a revolução pelo afeto”, “Tropicália – um disco em Movimento, ‘Do Sal ao Digital”; “Virei Viral”, “Quando o Mar Virou Rio”, “Nós – arte e ciência por mulheres” entre outras.

 

Letícia Stallone

 

Letícia Stallone é pesquisadora e curadora com foco em iniciativas decoloniais, atuando entre Brasil e Dinamarca, onde reside. Dedica-se à promoção de uma educação inclusiva, tornando o conteúdo acadêmico acessível a um público diversificado. Com doutorado em linguística (UFF), colabora em diversos projetos como membro do coletivo curatorial M’Baraká, desde 2009. Letícia explora abordagens inovadoras na criação de exposições, especialmente aquelas que integram obras contemporâneas para contar histórias não convencionais e oferecer novas perspectivas, resgatando narrativas frequentemente negligenciadas na educação tradicional. Na IMMART (Dinamarca), conduz estudos sobre a inclusão de artistas estrangeiros na Europa, organiza exposições e desenvolve projetos educativos.

Diogo Rezende

 

Formado em desenho industrial pela Escola de Belas Artes da UFRJ, é especializado na criação e gestão de projetos expositivos, que articula a partir do estúdio M’Baraká (lê-se UM-BA-RA-KÁ), o qual fundou com Isabel Seixas em 2007. Com pós-graduação em branding cultural (ESPM) e especialização em design de exposição pela EAV (Parque Lage), atualmente é mestrando em Arquitetura Paisagística pelo PROURB (UFRJ), onde investiga a relação entre museu e paisagem, arte e ciência. Foi responsável pela direção de arte de diversos projetos culturais, dentre exposições, mostras, festivais, espetáculos de teatro e circo. Na área de museus, foi responsável pela expografia e curadoria de dezenas de exposições criadas com o coletivo do estúdio, dentre as quais a exposição “Nise – A Revolução pelo Afeto”, que recebeu menção honrosa por seu projeto de curadoria e design no prêmio do IAB-RJ em 2021. Diogo divide com a arquiteta Lilian Sampaio a direção de arte e projeto expográfico da exposição “Nós – Arte e Ciência por Mulheres”.

 

Magali Romero Sá

 

Bióloga, com mestrado em Zoologia (UFRJ) e Ph.D. em História e Filosofia pela Universidade de Durham, Inglaterra.  É pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz desde 1997 e Vice-Diretora de Pesquisa e Educação da Casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz (2017 – ). Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde/COC/Fiocruz, é bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) desde 2008 e bolsista do Programa Cientista do Nosso Estado, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) entre 2013-2016. Coordenadora de Projetos de Pesquisa Nacional financiados pelo CNPq  e  FAPERJ, desde 2001, e  Internacional pela British Academy  (2013-2017),  relacionados às seguintes áreas de atuação: História das Ciências, História das Relações Científicas Internacionais, Darwinismo no Brasil, Expedições e coleções científicas séculos XIX e XX. Orientadora e supervisora de mestrado, doutorado e pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação da Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz e na Faculdade de Ciências e Tecnologia do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da  Universidade Nova de Lisboa, Portugal. Com mais de 50 publicações em periódicos nacionais e internacionais, livros e capítulos de livros, Magali já colaborou na curadoria de diversas exposições. É Membro do Conselho Editorial da Medical History, Inglaterra, do Conselho Editorial da Editora MAUAD – Rio de Janeiro e Membro assessor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

 

 

Sobre o Sesc São Paulo

 

Com 77 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 42 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, do meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Para mais informações, visite o site:

https://www.sescsp.org.br/

 

Sobre o Sesc Interlagos

 

Inaugurado em 1975, o Sesc Interlagos possui uma área de 453.000 m², localizada no extremo sul de São Paulo, às margens da Represa Billings, importante reservatório de água da cidade. A Unidade atua na conservação ambiental, apresentando um importante fragmento de Mata Atlântica. Além das áreas verdes, sua estrutura oferece ao público: viveiro de plantas, instalações lúdicas, conjunto aquático, campo de futebol, quadras poliesportivas, espaço de brincar, espaço de tecnologias e artes, pontos de alimentação e estacionamento.  O acesso à Unidade é livre e gratuito.

 

Sobre o estúdio M’Baraká (UM-BA-RA-KÁ

 

Criado há 17 anos por Isabel Seixas e Diogo Rezende, o estúdio M’Baraká desenvolve projetos múltiplos com profissionais de diversos segmentos e se destaca por sua metodologia, que envolve criação, pesquisa, planejamento estratégico e direção de arte. Desde 2013, a economista Larissa Victorio faz parte da sociedade. Os projetos do grupo são únicos, focados na criação de experiências relevantes, que geram conhecimento e valor para seus públicos como as exposições de sucesso “Mostra Nise da Silveira – A revolução pelo Afeto”, “Mostra Darwin”, “Quando o Mar virou Rio” e “Tropicália”, entre outros.

 


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