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PROJETO CENA 3X4 CHEGA À ETAPA FINAL COM MOSTRA DE ESPETÁCULOS

Artilharia Cênica

Fotos de divulgação para o projeto Cenas 3×4.

Entre 14 de novembro e 6 de dezembro, em vários espaços de Belo Horizonte, serão realizadas as apresentações dos trabalhos criados pelos grupos Morro Encena, Maldita Cia, Artilharia Cênica e Caras Pintadas & El Individuo durante a edição de 2024 do projeto de compartilhamento e criação teatral

Chegou a hora de o público conhecer os espetáculos criados na edição 2024 do Cena 3×4, um dos mais importantes projetos de criação e compartilhamento de processos teatrais que, entre 14 de novembro e 6 de dezembro, ocupa vários espaços da capital mineira com trabalhos dos coletivos Morro Encena, Maldita Cia, Artilharia Cênica e Caras Pintadas & El Individuo, participantes do projeto neste ano. Todas as atrações são gratuitas, com recursos de acessibilidade, e a programação completa pode ser acessada no site do projeto.

O Cena 3×4 é uma rede de formação, criação e compartilhamento entre coletivos das artes da cena. Criado em 2002, através de parceria entre Maldita Cia. de Investigação Teatral e o Galpão Cine Horto, resultante do desejo em comum de experimentar princípios do processo de criação colaborativa e estabelecer uma rede de qualificação e fomento da linguagem de teatro de grupo em Belo Horizonte.

A cada edição, quatro coletivos participam de uma série de diálogos e encontros entre criadores e pensadores, enquanto compartilham seus processos de criação de uma obra de dramaturgia própria, a partir de princípios de processo de criação colaborativa. Em 2024, os grupos foram convocados, como conta Amaury Borges, co-fundador da Maldita Cia., a investigar a partir de seus próprios territórios, que dialogassem e reconhecessem suas comunidades.

“Penso que esses princípios refletem nas pesquisas dos grupos participantes, que buscam espaços diversos para potencializar a relação dos trabalhos com os espectadores, com trabalhos que acontecem em bar, no parque, em centros culturais. E também que direcionam suas criações para relação com comunidades com quem o trabalho possa fazer diálogo e gerar pertencimento, além de somente se apresentar”, analisa Borges.

O grupo Morro Encena, que abre a programação, irá fazer um trabalho nos bares de seu lugar de origem, no aglomerado da Serra, buscando intensificar a conversa com os moradores dali; o Artilharia Cênica busca um diálogo qualificado com as crianças em espaços abertos; enquanto o Caras Pintadas & El Indivíduo, ocupam centros culturais da cidade; e a Maldita Cia. desenvolve diálogo com uma comunidade interessada nas discussões acerca dos direitos humanos e espaços de memória na cidade.
Formado majoritariamente por mulheres negras e criado em 2011, o Morro Encena apresenta o espetáculo “Fia Feia de Delegado”, nos dias 14 de novembro, às 20h, e dias 15 e 16 de novembro, às 17h. O espetáculo se debruça sobre contos e causos populares ligados a casamento para fazer uma sátira ao machismo, numa comédia absurda, contrapondo o teatro realista e o teatro de máscara.No espetáculo, todas as conversas e temas debatidos nascem de fofocas de mesa de bar, aquelas que se costuma contar entre uma cerveja e outra. Os bares da região do aglomerado da Serra, local de origem do grupo, foram escolhidos como palco para a montagem. “É comum que pessoas de vilas e favela nunca tenham tido experiência com teatro, portanto, é muito diferente uma peça de teatro acontecer dentro de um boteco, local menos provável a ser pensado por este público. E se faz importante ir aonde o povo está, pois é a proposta de trabalho do grupo”, defende Hérlen.

A programação tem sequência com a apresentação de “Capítulo 3: nem meu nome eu falo hoje”, da Maldita Cia. de Investigação Teatral. A peça, que será apresentada no dia 17 de novembro, domingo, às 11h e às 16h30, faz uma travessia pelo Capítulo 3 do relatório da Comissão da Verdade em Minas Gerais, unida a relatos biográficos de Emely Vieira e dos artistas do coletivo. A obra dá continuidade aos processos investigativos da Maldita Cia. sobre história e memória das ditaduras na América Latina, iniciado ainda em 2018, quando a companhia organizou uma residência/ocupação artística no antigo prédio do DOPS.

“A peça percorre o Capítulo 3 do Relatório da COVEMG, capítulo que foi orientado por Emely Vieira. Emely é parceira dessa pesquisa desde o início, está em cena na peça, e a dramaturgia se orienta também por seus depoimentos como ex-presa política, cantora e trabalhadora dos direitos humanos”, antecipa a atriz Elba Rocha.
Com mais essa criação, a Maldita reafirma seu compromisso de criar uma dramaturgia de modo compartilhado, na pesquisa sobre o teatro como arte do encontro e arte do espaço. Segundo Amaury Borges, por sua característica profundamente documental, o trabalho intensifica a relação de diálogo com a realidade da cidade, e também tem a perspectiva de abrir diálogo com grupos teatrais e de direitos humanos de outros países da América Latina.
“É um convite para estar diante de um muro e pensar sobre o Brasil, dentro de uma sala escura, de cara com um muro, num domingo, em plena luz do dia”, completa Amaury Borges, responsável pela direção do espetáculo. Reunir toda a família é o foco do coletivo Artilharia Cênica, que leva para o Parque Municipal, nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro, às 15h, a estreia do espetáculo “HA!”. A montagem aborda, de maneira inventiva e lúdica, a relação com telas e dispositivos eletrônicos, sobre a super valorização dos recursos tecnológicos e as consequências dessas escolhas.
“Buscamos através do teatro de objetos, em que animamos objetos e bonecos em cena, provocar nossos espectadores com personagens que extrapolam o real, como os homens de areia, figuras misteriosas que conduzem uma criança a um mundo cheio de sonhos e fantasias. Estas figuras dos homens de areia possibilitam o contraste do real-virtual com o onírico, porque se portam de outras maneiras”, conta a atriz e produtora Raniele Barbosa.
A programação da mostra de espetáculos será encerrada por um trabalho que une dois coletivos: Caras Pintadas e Cia El Individuo apresentam “Antes Ele do que Eu!”, que leva para a cena a figura de um palhaço que carrega um baú com memórias de um circo decadente do Sertão. Baseado na obra “Defunto só Presta Morto”, de Fernando Limoeiro, o espetáculo “Antes ele do que eu!” convida o público a refletir sobre a situação dos circos de lona do Brasil, seus artistas e suas inter-relações políticas, econômicas, raciais e sociais. A montagem poderá ser vista no dia 5 de dezembro, às 20h, no Teatro Espanca!, e no dia 6, às 14h, no Centro Cultural São Bernardo.“O espetáculo traz uma visão bem-humorada sobre a vida, a morte e os conflitos dos artistas do teatro e do circo que se embrenham pelos interiores do Brasil profundo. Por superarem todas as dificuldades, sobressaem os valores da persistência e da amizade em meio ao duro cotidiano de re-existência dos artistas tradicionais”, antecipa Gabriel Coupe, integrante do Caras Pintadas e responsável pela direção da montagem.
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SERVIÇO: MOSTRA DE ESPETÁCULOS CENA 3X4

“Fia Feia de Delegado”, do coletivo Morro Encena
14 de novembro às 20h
15 de novembro às 17h
Local: Mirantinho Bar. Rua Bela Vista 14, Praça do Cafezal
Entrada gratuita

16 de novembro às 17h
Local: Bar “Para aqui Rapidim”: Rua Doutor Camilo, 504 (embaixo da Caixa d’água)
Entrada gratuita

“Capítulo 3: nem meu nome eu falo hoje”, da Maldita Cia. de Investigação Teatral.ção e 17 de novembro às 11h e às 16h30
Local: Galpão Cine Horto (rua Pitangui, 3.613 – Horto)
Entrada gratuita.
Ingressos no link: https://www.sympla.com.br/produtor/galpaocinehortobilheteria

“HA!”, do grupo Artilharia Cênica
30 de novembro e 01 de dezembro às 15h
Local: Praça dos Patins – Parque Municipal Américo Renné Giannetti (ao lado do Teatro Francisco Nunes) – Av. Afonso Pena, 1377 – Centro
Entrada gratuita.

“Antes Ele do que Eu!”, da Cia El Individuo e Caras Pintadas
05 de dezembro às 20h
Local: Teatro Espanca! (Rua Aarão Reis, 542 – Centro)
Entrada gratuita.

06 de dezembro às 14h
Local: Centro Cultural São Bernardo (Rua Édna Quintel, 320 – São Bernardo)
Entrada gratuita.

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SOBRE O CENA 3 X 4 – HISTÓRICO
Criado em 2002, o Cena 3×4 foi realizado ininterruptamente até 2006, graças à parceria entre Maldita Cia. de Investigação Teatral e o Galpão Cine Horto, resultante do desejo em comum de experimentar princípios do processo de criação colaborativa e estabelecer uma rede de qualificação e fomento da linguagem de teatro de grupo em Belo Horizonte.

O projeto tem sua importância notoriamente reconhecida pelos artistas que viveram esse período e, em suas primeiras 4 edições, promoveu a criação de onze (11) espetáculos, além de ter proporcionado a vinda à capital mineira de importantes artistas do cenário nacional como Tiche Vianna, Antônio Araújo, Luís Alberto de Abreu, Francisco Medeiros e Aderbal Freire Filho. Tudo isso fomentou a atividade de importantes grupos de teatro de Minas Gerais como Grupo Trama, Cia. Luna Lunera, Grupo Reviu à Volta, Grupo Armatrux e Teatro Invertido.

A partir de 2006, a Maldita Cia. ministrou oficinas sobre processos de criação colaborativos e experimentou princípios de colaboração em todos os seus trabalhos. Em 2023, iniciou-se o movimento de retomada do projeto através da ação “ofiCena 3×4”, uma oficina sobre criação teatral colaborativa, conduzida para grupos de três (3) cidades de Minas Gerais.


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