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Pinacoteca de São Paulo apresenta mostra panorâmica de Renata Lucas

Domingo no parque revisita trabalhos fundamentais da artista e apresenta novas ações que exploram a relação com o seu entorno

 

Cabeça e cauda de cavalo (2010)

PERÍODO: 09.11.2024 a 06.04.2025

 

São Paulo, 04 de novembro – A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, apresenta Renata Lucas: Domingo no Parque, a partir do dia 9 de novembro no edifício Pinacoteca Estação. A mostra panorâmica tem curadoria de Pollyana Quintella e revisita cerca de vinte anos de produção da artista, apresentando versões adaptadas de trabalhos já existentes e novas obras nas galerias expositivas do 4º andar do museu. A música Domingo no parque, de Gilberto Gil, empresta o título e funciona como o fio condutor da narrativa da mostra, que reapresenta trabalhos como Falha (2004), Cabeça e cauda de cavalo (2010) e O Perde (2022).

 

Ao longo da carreira, Renata Lucas realizou intervenções em áreas construídas, desafiando as estruturas que organizam o tecido social e urbano. Em Domingo no parque, a radicalidade do trabalho da artista se evidencia no confronto não apenas com a escala das três salas expositivas do museu, mas também a fachada e a praça em frente ao prédio, localizada no Largo General Osório.

 

Sobre a exposição

 

Domingo no parque opera com quatro ações externas ao museu. Na fachada do edifício, um grande letreiro estampa a frase “Amanhã não tem feira”, trecho da música de Gil, que só pode ser lida inteiramente a partir da praça. Sob a ótica de uma tragédia amorosa, a música conta como um homem traído realiza um duplo assassinato, tendo como cenário um parque de diversões. A canção, composta em 1967, no contexto de ditadura civil-militar, torna-se chave para refletir sobre conflitos sociais maiores, expressos na realidade contraditória de grandes cidades como São Paulo.

 

A segunda operação consiste em traçar e cortar um círculo de 6,4 metros de raio no Largo General Osório, como se fosse possível torcer parte da praça em sentido anti-horário, entrelaçando calçada e jardim. A obra é ainda uma reinterpretação da roda-gigante que Gil menciona na canção. No dia da abertura, um sorveteiro distribuirá ao público picolés de morango (também citados por Gil) que guardam versos da música no palito. Por último, a artista intervém na calçada do edifício: para acessar o prédio pela entrada principal, o público atravessa um grande carpete vermelho, repleto de intervenções com bitucas de cigarros, conectando o lado de dentro e o lado de fora.

 

“Lucas opera respondendo às circunstâncias de um lugar real, pré-existente. Por isso, revisitar sua produção implica quase sempre em produzir novas versões dela. Mesmo no caso das obras mais conhecidas, algo parecerá deslocado, levemente torcido em relação ao original. Ao longo do processo, fomos reconhecendo a mostra como uma maquete de si mesma, em escala 1:1. Tudo se torna, a um só tempo, obra e projeto, memória e protótipo e, nesse sentido, nosso gesto é tão retrospectivo quanto prospectivo. Em paralelo, a música é o que permite abordar a paisagem urbana do entorno do museu, tornando os próprios limites da exposição imprecisos, algo caro à produção da artista”, conta a curadora.

 

Nas galerias expositivas

 

Na mostra, o parque de diversões da canção de Gil se espelha na pracinha já mencionada, que reaparece simbolicamente na primeira sala expositiva, no quarto andar do edifício. Em referência ao trabalho Cabeça e cauda de cavalo (2010), apresentado no KW Institute for Contemporary Art, em Berlim, Lucas promove uma conexão metafórica entre o lado de dentro e o de fora através de uma plataforma giratória. Ao empurrar a parede do museu, o público faz parte do chão girar, revelando sobre ele uma área gramada, similar ao solo do Largo General Osório.

 

A sala central do museu se divide entre os projetos O Perde (2022) e [ ] (2014). No primeiro, uma mesa de sinuca foi modificada: suas caçapas foram substituídas por encanamentos que conduzem as bolas do jogo para canaletas embutidas no solo, até desaparecem. No térreo do museu, as bolas reaparecem, expelidas de tempos em tempos por buracos na parede. Em [ ] (2014), painéis expositivos foram convertidos em dispositivos móveis. Na medida que o público os manipula, acaba acionando discos embutidos no chão, que reproduzem alguns trechos da música Domingo no Parque, de Gilberto Gil (1967). A depender do ritmo, a velocidade da reprodução se altera, colocando a legibilidade do verso de Gil em cheque.

 

Na última galeria, o público pode experimentar uma das obrasmais conhecidas de Lucas, Falha (2003). Aqui, chapas de compensado, unidas por dobradiças, cobrem todo o piso da sala. Por meio de puxadores, o visitante as movimenta, experimentando a sensação de dobrar e desdobrar o chão, reconfigurando temporariamente o espaço.

SOBRE A ARTISTA

 

Renata Lucas (Ribeirão Preto, São Paulo, 1971). Artista visual. Renata Lucas concentra o repertório de seus trabalhos na proposição de intervenções temporárias em ambientes pré-existentes, com o objetivo de levantar questões e de refletir sobre a maneira com que os espaços urbanos e arquitetônicos determinam o comportamento social. As obras são realizadas a partir da quebra de padrões e de estruturas dos ambientes para oferecer perspectivas e caminhos alternativos a quem se depara com seus trabalhos.

 

SOBRE A PINACOTECA DE SÃO PAULO

 

A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até́ a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais em seus três edifícios, a Pina Luz, a Pina Estação e a Pina Contemporânea. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.

 

SERVIÇO:

 

Renata Lucas: Domingo no parque

Período: 09.11.2024 a 06.04.2025

Curadoria: Pollyana Quintella

Pinacoteca Estação (4º andar)

De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)

Gratuitos aos sábados – R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso

Quintas-feiras com horário estendido B3 na Pina Luz, das 10h às 20h (gratuito a partir das 18h)


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