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PERFORMANCES E PALESTRA, COM ARTISTAS DE SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO, INTEGRAM A PROGRAMAÇÃO ESPECIAL DA EXPOSIÇÃO ARTE SUBDESENVOLVIDA, EM CARTAZ NO CCBB BH

No Teatro II, as apresentações convidam o público a uma viagem pela história brasileira, a partir de canções, manifestos, fragmentos de peças teatrais e obras literárias emblemáticas, que dialogam com o tema da exposição. Já a palestra com o pesquisador Paulo Bio Toledo (RJ) repassa as inquietações estéticas dos diretores teatrais Augusto Boal e Zé Celso Martinez Corrêa, antes e após o golpe civil-militar de 64.

 

O evento faz parte da programação de atividades especiais da exposição Arte Subdesenvolvida, em cartaz no CCBB BH até 18 de novembro.

 

Nos dias 9 e 10 de novembro, sábado e domingo, o CCBB BH recebe mais uma programação especial da exposição Arte Subdesenvolvida: artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro ocupam o Teatro II do centro cultural com uma palestra e quatro apresentações da performance “Ecos de uma Arte Subdesenvolvida”, que mescla teatro e música. Em cena, Carlos Escher, João Filho, Nina Hotimsky, Paulo Tó, Rafaela Carneiro e Sara Neiva (São Paulo- SP) – todos com passagem pela premiada Companhia do Latão (SP) – levam ao público um apanhado de canções, manifestos, fragmentos de textos teatrais e obras literárias emblemáticas, que dialogam com o tema proposto na exposição: a reação de artistas brasileiros, no período de 1930 a 1980, ao conceito de subdesenvolvimento. Já a palestra “Debates sobre teatro e sociedade antes e depois de 1964: trabalho teatral, ativismo e protesto nas artes”, ministrada pelo pesquisador de artes cênicas, Paulo Bio Toledo (RJ), apresenta um recorte a partir dos trabalhos e debates estéticas trazidos, na época, pelos diretores Augusto Boal (Teatro Oprimido) e Zé Celso Martinez Corrêa (Teatro Oficina).

 

Com duração de 40 minutos, as performances acontecem no sábado e domingo (9 e 10.11), com sessões às 16h e às 18h, e possuem classificação livre. Já a palestra é somente no sábado (9.11), às 14h30, e tem duração de 45 minutos. Ambas ocorrem no Teatro II do CCBB BH. E para quem quiser aproveitar o passeio, ainda é possível visitar a exposição Arte Subdesenvolvida, em cartaz até 18 de novembro, nas Galerias do 3º Andar e no Pátio. São 130 peças de 40 artistas, entre vídeos, áudios, cartazes, pinturas, instalações e esculturas. Com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset Management, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a exposição, assim como a palestra e as performances, são gratuitas. No caso da exposição, o acesso é mediante retirada de ingresso na bilheteria ou pelo site ccbb.com.br/bh.

 

EXPOSIÇÃO ARTE SUBDESENVOLVIDA: em cartaz até 18 de novembro

 

A partir dos anos 1930, países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas reagiram ao conceito, comentando, se posicionando e até combatendo o termo. Parte do que eles produziram nessa época está presente na mostra Arte Subdesenvolvida, em cartaz até 18 de novembro, nas Galerias do 3º andar e Pátio do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH). A entrada é gratuita mediante retirada de ingresso na bilheteria ou pelo site ccbb.com.br/bh.

 

O conceito de subdesenvolvimento durou cinco décadas até ser substituído por outras expressões, dentre elas, países emergentes ou em desenvolvimento. “Por isso o recorte da exposição é de 1930 ao início dos anos 1980, quando houve a transição de nomenclatura, no debate público sobre o tema, como se fosse algo natural passar do estado do subdesenvolvimento para a condição de desenvolvido”, reflete o curador Moacir dos Anjos. “Em algum momento, perdeu-se a consciência de que ainda vivemos numa condição subdesenvolvida”, complementa.

 

A exposição, com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset Management, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, apresenta pinturas, livros, discos, cartazes de cinema e teatro, áudios, vídeos, além de um enorme conjunto de documentos. São peças de coleções particulares, dentre elas, dois trabalhos de Candido Portinari. Há também obras de Paulo Bruscky e Daniel Santiago gentilmente cedidas pelo Museu de Arte do Rio – MAR.

 

Assim que o visitante adentra o CCBB BH se depara, no Pátio, com a obra Sonhos de Refrigerador: Aleluia Século 2000, do artista mineiro, Randolpho Lamonier. A instalação multimídia apresenta grande volume de objetos que materializam representações de sonhos de consumo de pessoas da classe trabalhadora ouvidas nas ruas de São Paulo e de Belo Horizonte, pelo artista: algumas próximas a ele, como familiares e amigos, outras totalmente desconhecidas.

 

Outra obra que chama a atenção é Monumento à Fome, produzida pela vencedora da Bienal de Veneza, a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino. O público também tem acesso a uma série de fotografias da artista intitulada “Aos Poucos”.

 

Ao todo, mais de 40 artistas e outras personalidades brasileiras têm suas obras expostas na mostra, dentre eles: Abdias Nascimento, Abelardo da Hora, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Artur Barrio, Candido Portinari, Carlos Lyra, Carlos Vergara, Carolina Maria de Jesus, Cildo Meireles, Daniel Santiago, Dyonélio Machado, Eduardo Coutinho, Ferreira Gullar, Graciliano Ramos, Henfil, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, José Corbiniano Lins, Josué de Castro, Letícia Parente, Lula Cardoso Ayres, Lygia Clark, Paulo Bruscky, Rachel de Queiroz, Rachel Trindade, Solano Trindade, Regina Vater, Rogério Duarte, Rubens Gerchman, Unhandeijara Lisboa, Wellington Virgolino e Wilton Souza.

 

Durante o percurso, os visitantes contam ainda com diversos recursos de acessibilidade, como audioguias, visitas mediadas em Libras – disponíveis por meio de QR Code , além de Tablets para a visita em Libras.

 

PERCURSO DA EXPOSIÇÃO: O subdesenvolvimento em décadas

 

O percurso da exposição Arte Subdesenvolvida, que ocupa o 3º andar do CCBB BH, é dividido por décadas. O primeiro eixo, Tem Gente com Fome, apresenta as discussões iniciais em torno do conceito de subdesenvolvimento. “São de 1930 e 1940 os artistas e escritores que começam a colocar essa questão em pauta”, afirma o curador.

 

No segundo eixo, Trabalho e Luta, há uma série de obras de artistas do Recife, Porto Alegre, dentre outras regiões do Brasil, onde começaram a proliferar as greves e as lutas por direitos e melhores condições de trabalho.

 

Já o terceiro bloco se divide em dois. Em Mundo e Movimento “a política, a cultura e a arte se misturam de forma radical”, explica Moacir. Nessa seção há documentos do Movimento Cultura Popular (MCP), de Recife, e do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. Na segunda parte, Estética da Fome, a pobreza é tema central nas produções artísticas, em filmes de Glauber Rocha, obras de Hélio Oiticica e peças de teatro do grupo Opinião. “Nessa época houve muita inventividade que acabou sendo tolhida depois da década de 1960”, completa.

 

O último eixo da mostra, O Brasil é Meu Abismo, traz obras do período da ditadura militar e artistas que refletiram suas angústias e incertezas com relação ao futuro. “São trabalhos mais sombrios e que descrevem os paradoxos que existiam no Brasil daquele momento, como no texto O Brasil é Meu Abismo, de Jomard Muniz de Britto”, conta o curador.

 

Ao realizar esse projeto, o Centro Cultural Banco do Brasil oferece ao público a oportunidade de conhecer o trabalho de artistas renomados e entender um período importante da história do Brasil por meio da arte, reafirmando seu compromisso de ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura.

 

A exposição Arte Subdesenvolvida é produzida pela Tuîa Arte Produção e permanecerá aberta ao público até 18 de novembro, com entrada gratuita. Depois, irá circular pelas demais unidades do CCBB, em Brasília e no Rio de Janeiro.

 

Circuito Liberdade

O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

 

SERVIÇO

CCBB BH RECEBE PERFORMANCES E PALESTRAS COM ARTISTAS DE SÃO PAULO

Atividades especiais da exposição Arte Subdesenvolvida

 

Performance “Ecos de uma Arte Subdesenvolvida”

Intervenções cênico-musicais com artistas de São Paulo

9 e 10 de novembro, sábado e domingo – duas sessões: às 16h e 18h

Faixa etária: Livre (não é voltada para o público infantil)

Local: Teatro II do CCBB BH | Sujeito a lotação. | Duração de cada sessão: 40 min.

 

Palestra “Debates sobre teatro e sociedade antes e depois de 1964:

trabalho teatral, ativismo e protesto nas artes”

9 de novembro, sábado – às 14h30

Faixa etária: Livre (não é voltada para o público infantil)

Local: Teatro II do CCBB BH | Sujeito a lotação. | Duração: 45 min.

 

EXPOSIÇÃO ARTE SUBDESENVOLVIDA

Data: até 18 de novembro de 2024

Local: Pátio e Galerias do 3º Andar do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte

Endereço: Praça da Liberdade, 450 – Funcionários – BH/MG

 

Funcionamento: aberto de quarta a segunda, das 10h às 22h.

Ingressos gratuitos para a exposição: disponíveis em ccbb.com.br/bh e

na bilheteria física do CCBB BH.

 

Informações: (31) 3431 9400 | ccbb.com.br/bh

instagram.com/ccbbbh | facebook.com/ccbbbh | ccbb.com.br/bh

E-mail: ccbbbh@bb.com.br

 

 

 

EXTRA – SOBRE OS ARTISTAS

 

Carlos Escher é ator há mais de vinte anos e tem mais de trinta trabalhos em teatro. Trabalha com a Companhia do Latão há quinze anos, com a qual fez importantes espetáculos, como “A Comédia do Trabalho”, “O Patrão Cordial” e “Ópera dos Vivos”, todos com direção de Sérgio de Carvalho. No cinema, atuou em filmes selecionados e premiados em festivais nacionais e internacionais, sendo os mais recentes: Deuses da Peste (2023), de Tiago Mata Machado (em finalização); A Idade da Pedra (2022), de Renan Rovida (em finalização); Três Tigres Tristes (2022), de Gustavo Vinagre (Festival de Berlim – vencedor do prêmio Teddy Awards de Melhor Longa-Metragem e de melhor longa no Festival do Rio); A Máquina Infernal (2021), de Francis Vogner dos Reis (Festival de Locarno – vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Brive); Desaprender a Dormir (2021), de Gustavo Vinagre (Festival Ecrã); e Seus Ossos e Seus Olhos (2019), , de Caetano Gotardo (Festival de Rotterdam).

 

Nina Hotimsky é sonoplasta, sanfoneira, atriz e professora. Doutoranda no departamento de Artes Cênicas da ECA/USP, mesma instituição onde realizou seu mestrado e graduação. Formada em Acordeon pela EMESP Tom Jobim. Desde 2018, trabalha com Sérgio de Carvalho e a Companhia do Latão, como musicista e compositora. Integrou por seis anos a Companhia da Revista (2012 a 2017), sob direção de Kleber Montanheiro.

 

Paulo Tó é músico, compositor e produtor musical. É mestre pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Tem 5 álbuns lançados, sendo “Terno Azul” seu último álbum, em parceria com Salloma Salomão.

 

Rafaela Carneiro é paraibana radicada em São Paulo, tem 38 anos de idade e duas décadas de ininterrupto trabalho na área teatral na cidade. É atriz (DRT 23340/SP), diretora, preparadora de elenco e produtora, tendo também feito colaborações e assinado trabalhos em dramaturgia, cenografia e figurino. Cofundou e integrou a Brava Companhia, reconhecido grupo da Zona Sul de São Paulo, de 2006 a 2018. Cofundou, em 2013, e integra a Cia. MadeiriteRosa, que, atualmente, por meio do Prêmio Zé Renato, realiza uma ampla circulação na cidade de São Paulo, em comemoração aos 10 anos de existência do grupo. Nos últimos 12 anos, dirigiu peças em parceria com diversos grupos da cidade de São Paulo, dentre eles, Brava Companhia (2011, 2013), A Próxima Companhia (2015, 2017) e Companhia O Grito (2022).

 

Sara Neiva é atriz, professora e pesquisadora. É doutora em Artes Cênicas pela USP, com estágio internacional na School of Arts da Universidade de Glasgow, e pesquisa sobre o teatro estudantil e universitário no Brasil entre os anos 1930 e 1950. Formada em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas, possui experiência na área de Artes e Educação Artística, com ênfase em Teatro. Como atriz, participou de diversas experiências e grupos, incluindo a Cia do Latão, a Cia

Acidental e o Grupo do Trecho. Atualmente, faz parte da Cia Kambas de Teatro. É pesquisadora do Laboratório de Investigação em Teatro e Sociedade, coordenado pelo professor Sérgio de Carvalho, na USP.

 

Paulo Bio Toledo possui graduação com Bacharelado em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo (2010), mestrado em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo (2013) e doutorado em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo (2018). Foi professor conferencista no curso de Artes Cênicas da ECA-USP e professor substituto no Instituto de Artes da Unesp. Atualmente, é professor de Literatura e Teatro da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), credenciado no Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários da FALE/UFMG e coordenador do Núcleo de Estudos em Letras e Artes Performáticas (NELAP) da Faculdade de Letras da UFMG e do CNPq.


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