Ícone do site Dica de Teatro

Pérfida Iguana questiona os limites entre dança e trabalho em Reconhecer e Perseguir, que estreia no Sesc Pompeia no dia 18 de fevereiro

Projeto de dança também conta com apresentação da série de vídeos “Manejo” e um bate-papo com os artistas e convidadas

Crédito: Tetembua Dandara

 

O coletivo Pérfida Iguana, que pesquisa dança desde 2014 apresenta o espetáculo Reconhecer e Perseguir, a série de vídeos “Manejo” e a conversa “Sem conteúdo de dança” no Sesc Pompeia, de 18 a 21 de fevereiro (ver abaixo no serviço os diferentes dias e horários das atividades).

O grupo atua há 10 anos como um polo de pesquisa e produção por meio do trabalho continuado dos artistas Carolina Callegaro e Renan Marcondes, ao lado da produtora Tetembua Dandara. Ao longo dessa trajetória, uma questão tem sempre pairado sobre o trabalho do grupo: “o que eles fazem é dança?”.

E é justamente esse questionamento que deu origem ao novo espetáculo. “Essa questão sempre nos perseguiu de forma saudável e inclusive nos estimula a seguir trabalhando. Porém, ela tomou uma forma inesperada durante a pandemia. Nosso problema começa com um parecer que recebemos em 2021 de gestores de um edital público do Estado de São Paulo após entregarmos o relatório parcial de um projeto realizado com o apoio de um edital de dança que ganhamos no final de 2019 e tivemos que realizar – quase completamente – ao longo da pandemia”, conta Renan Marcondes.

Na ocasião, o documento questionava a autenticidade da série de vídeos “Manejo”, produzida com os recursos do edital, afirmando que as obras tinham “conteúdo inexpressivo, enigmático e irreconhecível como dança para o público em geral”. Após um longo processo jurídico, o caso foi resolvido, não sem transformar radicalmente a visão dos artistas sobre o contexto de produção no Brasil e os modos possíveis ou necessários de se relacionar com ele.

“Ter recebido tal resposta no ano de 2021, após 7 anos de pesquisa continuada, nos parece dizer muito do tempo em que vivemos. Um trabalho experimental e de pesquisa, como o que o Pérfida Iguana tem realizado, talvez tenha pouco respaldo mercadológico, o que torna as políticas públicas essenciais para viabilizar sua produção e a de trabalhos com interesses similares, a fim de que a produção cultural se mantenha em constante atualização e renovação. Portanto, no debate sobre se o que estamos fazendo é dança ou não é dança, nossa resposta no momento é: estamos pesquisando dança. E estar pesquisando dança nos projeta para situações incertas, de risco e de possível indefinição da linguagem, sempre confiando na capacidade do público de refletir e discordar – e não apenas de entender e gostar”, comenta Carolina Callegaro.

Os trabalhos

Feita no primeiro ano da pandemia de Covid-19, sob as condições adversas do momento, a série de quatro vídeos  intitulada “Manejo” reúne as diversas tentativas simbólicas de Callegaro e Marcondes de enterrar aquilo que permite a expressão humana. Em cena, câmeras, livros e conteúdos diversos de dança vão para debaixo da terra, sendo seguidos por seus próprios corpos, a fim de que pudessem servir de matéria decomposta para adubar um novo chão ou cultivar uma nova dança.

Já em “Reconhecer e Perseguir”um grupo de pessoas tenta criar, repetidamente, um chão para dançar. Para produzi-lo, lançam mão de fragmentos de uma história, que podia ser da dança ou não. A cada tentativa, um novo chão surge, abrindo caminho para outro futuro possível. No entanto, o chão tanto quanto o futuro são instáveis e seguem se transformando constantemente pelo esforço do grupo, revelando o poder do trabalho humano de construir coisas e destruí-las simultaneamente.

Por fim, na conversa “Sem Conteúdo de Dança”, os artistas do Pérfida Iguana e as convidadas Daniele Sampaio e Paula Petreca falam sobre o processo criativo do espetáculo e o trabalho de pesquisa que o grupo desenvolve desde 2014.

A atividade faz parte de uma série de encontro entre os criadores e professores, curadores, artistas para conversar sobre o que eles têm percebido nessa relação entre forma e conteúdo na dança: quais os atuais impasses, o que é primeiramente percebido, que casos são interessantes de se analisar e como essa relação dialoga com nosso atual contexto de produção contemporânea. Já participaram desse encontro, que pode ser conferido no canal do grupo no YouTube, nomes como Alejandro Ahmed, Sonia Sobral, Eliana de Santana, Christian Duarte e Ana Teixeira.

Veja abaixo a programação completa:

Série de vídeos Manejo

Quando: De 18 a 21 de fevereiro

Onde: Área de convivência do Sesc Pompeia
Quanto: Gratuito
Classificação: Livre

Sinopse: Manejo é uma série de quatro vídeos experimentais curtos – intitulados Primavera, Verão, Outono e Inverno – que resultaram de um projeto de pesquisa do Polo de Criação Pérfida Iguana executado no contexto da pandemia da Covid-19.

A urgência de reconhecer as condições de produção no campo da dança naquele momento e perseguir como criar espaços possíveis de continuidade naquelas condições levou o Pérfida Iguana a investir performaticamente nos gestos de cavar, abrir buracos no chão como faz a raiz de uma planta, adubar a terra com livros de dança, enterrar câmeras fotográficas, desfolhar e levar ao chão uma árvore a fim de produzir solo, apostando em compor a partir da destruição daquilo que existe para imaginar outras temporalidades e modos de existência.

Ficha Técnica:

Concepção, performance e direção geral da pesquisa: Carolina Callegaro e Renan Marcondes (Polo de Criação Pérfida Iguana)

Direção dos vídeos: Carolina Callegaro e Renan Marcondes em parceria com a BRUTA Flor Filmes

Textos: Artur Kon

Direção de fotografia: Cacá Bernardes

Montagem: Bruna Lessa

Som direto: Carina Iglecias

Vídeo Inverno: Gabriel Junqueira

Mixagem de som e trilha original de Inverno: Sérgio Abdalla

Produção: Tetembua Dandara e Mariana Pessoa

Agradecimentos: Rodrigo Bianchini, Marcileia Egídio Sampaio, Rever Estudos em Fotografia, Clarissa Sacchelli, Laura Salerno, Andréia Yonashiro e Érica Tessarolo

Espetáculo de dança Reconhecer e Perseguir

Quando: De 18 a 21 de fevereiro, às 21h

Onde: Área de convivência do Sesc Pompeia
Quanto: Gratuito
Classificação: Livre

Sinopse: Havia um grupo de pessoas que tentava criar, repetidamente, um chão para dançar. Para produzi-lo, lançavam mão de fragmentos de uma história, que podia ser da dança ou não. A cada tentativa, um novo chão surgia, abrindo caminho para outro futuro possível. No entanto, o chão tanto quanto o futuro são instáveis e seguem se transformando constantemente pelo esforço do grupo, revelando o poder do trabalho humano de construir coisas e destruí-las simultaneamente.

Ficha Técnica:

Direção e performance: Carolina Callegaro, Raul Rachou e Renan Marcondes

Performer convidada: Marilene Grama

Texto, figurino e design gráfico: Renan Marcondes

Dramaturgistas: Artur Kon e Clarissa Sacchelli

Trilha original: Peri Pane e Otávio Ortega (gravado no estúdio 100 Grilos)

Músicas originais: composição e voz de Paula Mirhan e letra de Artur Kon

Desenho de luz: Laura Salerno e Marcus Garcia

Direção técnica e operação de som e luz: Matias Ivan Arce

Fotografias: Tetembua Dandara e Mariana Chama

Vídeo: BRUTA Flor Filmes

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Produção executiva: Tati Mayumi

Direção de produção: Tetembua Dandara

Perfis para serem marcados nas redes:
@perfidaiguana @renan_marcondesc @carolina.callegaro @tetembua

Conversa “Sem conteúdo de dança”, com artistas do Pérfida Iguana, Daniele Sampaio e Paula Petreca.

Quando: 19 de fevereiro, às 20h

Onde: Área de convivência do Sesc Pompeia
Quanto: Gratuito
Classificação: Livre

Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Água Branca

Informações: (11) 3871-7700

Acessibilidade: espaço acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida


Sair da versão mobile