Espetáculo reflete sobre a sociedade moderna, marcada pela necessidade de sustentar aparências.
O cenário de LoKona reproduz o ambiente de um talk-show com pitadas de programa de
auditório. A trilha sonora transita livremente entre referências de músicas clássicas,
populares e vulgares. O figurino segue uma proposta inusitada, com peças que contrastam
entre si e reforçam o tom farsesco do espetáculo.
Inspirado no livro Elogio da Loucura, escrito pelo humanista holandês Erasmo de Rotterdam,
em 1508, o Orbivagante Núcleo de Teatro criou o espetáculo LoKona, com estreia e
temporada marcadas entre os dias 24 de novembro e 17 de dezembro, às 21h, às segundas,
terças e quartas, no Teatro Manás Laboratório.
A peça atualiza as questões presentes no texto original do século XVI. “Rotterdam buscou
apontar (para corrigir) os vícios e as malversações da sociedade de sua época. Para isso,
evocou a figura divina da Loucura, já que ela observa o mundo de um ponto de vista original
e pode falar com total liberdade sobre qualquer assunto”, conta o diretor Dino Bernardi.
Na trama de LoKona, essa figura tão presente no imaginário comum participa de um talk-show,
abordando temas contemporâneos, como as tecnologias e a sociedade de aparências.
Sobre a encenação
“Criamos um apresentador com características de um psicólogo tresloucado que, de
repente, chama ao palco LouLou Divine, uma artista performática. Quer dizer, tiramos da
personagem o peso da divindade e a colocamos como uma representante das artes”,
acrescenta o encenador. Em cena estão Karina Giannecchini, Fernando Aveiro e Fábio
Evangelista que executa a música ao vivo.
O grupo reflete como lucidez e loucura se interpenetram, não sendo manifestações
exatamente antagônicas. Para isso, discutem o mundo acelerado do 5G e suas múltiplas
conexões, que nos uniram e, ao mesmo tempo, nos atomizaram – sem perder de vista o
homem atemporal, em sua pretensa racionalidade. “É como se ficássemos presos à
interação pelas telas, perdendo a capacidade de nos relacionarmos e de sentirmos
empatia”, explica Aveiro.
LoKona configura-se como uma farsa, ou seja, o público pode esperar situações exageradas
e muito humor. “A Loucura entra em cena imponente, com um tom quase de superioridade.
Mas, com o passar do tempo, ela vai revelando suas múltiplas facetas, fazendo com que as
pessoas se identifiquem com ela”, comenta Karina.
A ideia da companhia foi montar um texto com humor – e a sagacidade do original de
Rotterdam – que flertasse com a cultura pop. “Abordamos o fenômeno da loucura como
necessário para que o sujeito não reprima sua subjetividade e possa canalizá-la para a
criação no cotidiano”, completa Aveiro.
Simultaneamente, o clima farsesco extrapola a interpretação. O cenário é excêntrico,
misturando elementos de talk-show com pitadas de programa de auditório. A trilha sonora
utiliza a técnica de soundpainting, mickeymousing, e transita livremente entre referências
de músicas clássicas, populares e vulgares. O figurino se apropria de elementos diversos,
entre os anos 1970, 1980 e dias atuais.
“Dizemos que LoKona é uma espécie de ritual para provocar um alívio na alma”, conclui
Bernardi.
FICHA TÉCNICA:
Texto original: Erasmo de Rotterdam
Adaptação para o teatro: Dino Bernardi e Eduardo Akiyama
Concepção e direção: Dino Bernardi
Atuação: Karina Giannecchini e Fernando Aveiro
Criação musical e execução: Fábio Evangelista
Desenho de luz: Michel Mika Masson
Cenário, figurinos e visagismo: Dino Bernardi
Confecção de adereços: Eudóxio Beato
Costureira: Antonia Azevedo
Fotografia de divulgação: Kaligari Fotografia
Design Gráfico: Cinthia Vendruscolo
Produção: Karina Giannecchini e Fernando Aveiro
Realização: Núcleo Orbivagante
Sinopse:
O espetáculo exerce a função de comunicólogo da Loucura, personagem protagonista.
Convidada a participar de um talk-show, a Loucura, encarnada numa mulher, expressa o
desejo em confluir linguagens e levantar discussões sobre tecnologia, velocidade no acesso
de informações e dinamismo da vida moderna.
Serviço:
Lokona
Data: 24 de novembro a 17 de dezembro de 2025, às segundas, terças e quartas, às 21h
Local: Teatro Manás Laboratório – R. Treze de Maio, 222 – Bela Vista
Ingresso: 80 inteira / 40 meia (via Sympla)
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
