Marcia Valéria Teixeira Zucoloto
“No dia 13 de maio de 1888, após seis dias de votações e debates no Congresso, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que decretava a libertação dos escravos no país.”
Como professora do 5º ano do Ensino Fundamental, sempre que vou falar sobre a escravidão no Brasil, começo avisando meus alunos que esse é um assunto pesado e triste. Sempre lembro que esta parte da história, a abolição dos escravos, deveria ser de grande alegria. Porém, não é! Digo também que não é uma história feliz, desde seu início, apesar do momento ter de ser comemorado, pois foi um grande acontecimento. Realmente, foi celebrado pelos negros do nosso país com muita festa e por vários dias quando aconteceu, em 13 de maio de 1888. Não só pelos negros, mas por todos aqueles que não aceitavam a escravidão.
Contudo, a pergunta dos alunos que fica é: “Se houve comemoração, se foi um momento de festa, por que a tristeza?”
Temos muitos fatos para relatar: o Brasil foi o último país a libertar seus escravos da América e isso ocorreu depois de muitas discussões, negociações, entendimentos e desentendimentos. Não foi uma decisão tranquila e, por cerca de 350 anos, fomos o maior território escravagista do Ocidente. Que triste….
“Mas professora? Foram libertos? Isso não foi bom?”
Sim! Uma lei foi assinada e agora era oficial! Depois de tantas tentativas, como a Lei Eusébio de Queirós, com a proibição do tráfico negreiro, a Lei do Ventre Livre e a Lei do Sexagenário! Agora, podemos dizer que não existe mais escravidão no nosso país.
Mas o que será que aconteceu depois da abolição e das comemorações feitas com a assinatura da Lei Áurea?
Um povo que foi humilhado, subjugado e dominado pela força dos homens brancos, que se diziam superiores… não era apenas um papel assinado que iria libertá-los de uma vida de sofrimento. A partir dessa data, eles tiveram de lutar para conseguir seu espaço e seu título de brasileiros. Não foi fácil conseguir emprego, escola e até mesmo a dignidade merecida.
Cerca de 134 anos se passaram e, infelizmente, ainda não podemos comemorar em toda a sua plenitude a abolição dos escravos. Ainda há luta contra o preconceito; em muitos momentos, continuam subjugados.
Gosto de perguntar para os alunos e deixá-los responder: “O que a Princesa Isabel diria sobre o atual cenário brasileiro, depois que os negros foram libertos?” Imagino que ela sabia que não seria fácil, mesmo depois de tantos anos.
Marcia Valéria Teixeira Zucoloto é historiadora por formação e professora do 5º ano do Ensino Fundamental do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré — Internacional.
Sobre os Colégios Presbiterianos Mackenzie
Os Colégios Presbiterianos Mackenzie são reconhecidos, hoje, pela qualidade no ensino e educação que oferecem aos seus alunos, enraizada na antiga Escola Americana, fundada em 1870, por George e Mary Chamberlain, em São Paulo. A instituição dispõe de unidades em São Paulo, Tamboré (em Barueri-SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). Com todos os segmentos da Educação Básica – Educação Infantil (Maternal, Jardim I e II), Ensino Fundamental e Ensino Médio, procura o desenvolvimento das habilidades integrais do aluno e a formação de valores e da consciência crítica, despertando o compromisso com a sociedade e formando um indivíduo capaz de servir ao próximo e à comunidade. No percurso da história, o Mackenzie se tornou reconhecido pela tradição, pioneirismo e inovação na educação, o que permitiu alcançar o posto de uma das renomadas instituições de ensino que mais contribuem para o desenvolvimento científico e acadêmico do País.