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O Grande Lapso de Berta Valentina

Teatro Cartum investiga os campos da memória e do envelhecimento no solo O Grande Lapso de Berta Valentina, estrelado por Mônica Raphael

Espetáculo dirigido por Toni D ́Agostinho faz nova temporada no Teatro Amadododito com ingressos gratuitos até o dia 4 de dezembro

Créditos: FVFilmes

Conhecido por investigar o diálogo entre teatro e histórias em quadrinhos em seus trabalhos, o Teatro Cartum estreia o solo O Grande Lapso de Berta Valentina, com direção de Toni D’Agostinho, atuação de Mônica Raphael, composição musical William Germano e produção Vanda Dantas.

O espetáculo faz nova temporada no Galpão Amado da Cia. Teatral Amadododito, no Bom Retiro, às quartas e quintas, às 20h, até o dia 4 de dezembro.

O texto, também escrito por Toni D’Agostinho, nasceu há quase 30 anos no Seminário de Dramaturgia do Teatro Arena, coordenado pelo saudoso Chico de Assis. O enredo conta as angústias de uma atriz veterana, que, na milésima apresentação do mesmo espetáculo, na noite mesma em que será premiada pelo conjunto de sua obra, esquece todo o texto, esquece do que trata a peça, esquece, a bem da verdade, de aspectos de sua própria identidade.

 “A partir de conversa com a atriz Mônica Raphael, decidimos retomar o mesmo argumento que o do dramaturgo neófito, mas, desta feita, com certa experiência de um artista no fim da meia-idade, que já conviveu com alegrias, perdas, realizações e mortes num país que luta para não deixar a memória de tempos obscuros desaparecer”, explica o diretor e dramaturgo.

A montagem propõe uma reflexão sobre os campos da Memória e do Envelhecimento. A dramaturgia explora a ideia de que, antes da morte do indivíduo, há uma morte precedente mais contundente: a morte do mundo que o cerca e que dá significado à sua existência. E, ao conduzir a plateia ao reconhecimento da Memória como valor sumamente humano, uma verdadeira gênese do ser, o projeto fomenta o encontro entre vida individual e social para refletir sua posição ante o tempo.

O que pode, à primeira vista, sugerir um teatro sumamente trágico é, na verdade, tratado com humor e lirismo, elementos que tornam a reflexão acerca do correr do tempo em nossa existência ainda mais profunda; pois, como lembrava Chico de Assis no Seminário de Dramaturgia do Arena, “o riso alcança dimensões que a tragédia não abarca”.

Durante o processo criativo, o grupo contou com o “Ciclo de Encontros Envelhecimento em Cena”, com a Coordenação e Moderação de Natalia Negretti, Doutora em Ciências Sociais pela Unicamp e pós-graduada em Gerontologia. Junto ao público, os especialistas discutiram temas que são abordados no espetáculo, como “Memórias em Conversa: teatro e arte em trajetos individuais e coletivos” que contou com Eliná Coronado, Valéria di Pietro e Mônica Raphael; “Velhice: uma estética da existência” com Silvana Tótora; “Políticas Públicas, Cultura e Envelhecimento” com Renato Cintra; e “Etarismo e Teatro” com Ubiratan Negrão Vieira. Esses encontros ofereceram uma profundidade singular sobre cada tema, onde somente a investigação e olhar especializado conseguem abarcar.

No mesmo dia, também será inaugurada a exposição “Charges Antietárias”, de Toni D’Agostinho. Sob a linguagem do humor gráfico, as imagens levarão ao público o discurso antietário e de combate à violência à pessoa idosa, contando ainda com a distribuição gratuita de botons para interação e recordação da luta contra o preconceito e etarismo.

 

Sobre o Teatro Cartum

O Teatro de Arena Eugênio Kusnet anunciava em 2006 a estreia do espetáculo Insanus S/A de autoria e encenação de Toni D’Agostinho, com direção de Chico de Assis. A bem-sucedida montagem tratou do estigma social que acompanha a categoria “louco”. Após participar do I Festival de Monólogos de Campinas, o espetáculo recebeu a premiação de melhor ator, melhor espetáculo (segundo lugar) e melhor texto (indicação).

Essa experiência foi o embrião do Teatro Cartum, à época com o nome de Teatro do Espelho, que busca oferecer ao público o exercício da alteridade por meio da expressão artística. Desde suja criação, o núcleo participou de importantes projetos, entre eles: Mostra Artes Latinidades – Sesc SP, Palco de Letrinhas (Tatiana Belinky) – Sesc Vila Mariana, diversas edições da Virada Cultural e temporada do Espetáculo O Último Herói – projeto HQ do Sesc Santo André.

Com objetivo de estudar as possíveis relações das histórias em quadrinhos e o teatro, concebeu-se o esboço da estética Teatro Cartum – que, posteriormente, denominaria o coletivo. A busca por tal integração foi tão instigante que acabou motivando constantes reuniões e um fazer artístico que transita entre o dinâmico do palco e a série de instantes congelados das HQs. Assim, surgiu uma releitura d’O Alienista, de Machado de Assis, que cumpriu temporada no Espaço Parlapatões, participou das Satyrianas 2016 e 2017, além de integrar o projeto Teatro nas Bibliotecas – da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

O segundo espetáculo da companhia, A Peleja do Conta Gotas, ofereceu a oportunidade de desenvolvimento estético e verticalização das relações entre artes cênicas e gráficas, enquanto apresentava esse estudo ao público infantil; participou das Satyrianas 2018, temporada nos Espaço Parlapatões, Mostra Motij – Movimento de Teatro para Infância e Juventude, na Biblioteca Monteiro Lobato e integrou a programação da Exposição ‘Quadrinhos” do MIS – Museu da Imagem e do Som, projeto Biblioteca Viva da Secretaria Municipal de Cultura, temporada no Sesc Belenzinho (além de diversas outras unidades do Sesc) e Centro Cultural São Paulo.

O espetáculo Uma Pitada de Pitágoras estreou no Sesc Pinheiros com o objetivo de levar à cena uma homenagem aos clássicos do humor e explorar a manipulação de bonecos para contar como a ciência e as tarefas comezinhas do cotidiano se encontram. No início de 2020, o Teatro Cartum estreou, no teatro do Espaço Parlapatões, seu novo espetáculo adulto Nosferatu – liberal na economia, conservador nos costumes. A concepção promove a integração entre as linguagens do teatro, quadrinhos e cinema, sob a égide do expressionismo, para criticar a onda de autoritarismo que o mundo atravessa. Infelizmente, a temporada foi interrompida pela pandemia de COVID-19.

Em um cenário de distanciamento social – o que inviabiliza o teatro com plateia -, o núcleo criou o projeto Contos Ilustrados, que capta em vídeo narrativas acompanhadas por ilustrações que são concebidas enquanto o enredo acontece. A série com 12 episódios Stories do Teatro é exemplo que permaneceu por três meses em exibições nas redes sociais do Sesc.

Ficha Técnica

Diretor e Dramaturgo: Toni D’ Agostinho

Idealizadora e Atuação: Mônica Raphael

Compositor Musical: Willian Germano

Figurinista: Ruth Melchior

Costureira: Salete Paiva e Diva Atelier de Costura

Iluminador: Reynaldo Thomaz

Operadora de Luz: Adriana Dham

Músico: Willian Germano

Cenógrafo: Dan Maaz

Concepção Ilustrativa do Cenário: Toni D’ Agostinho

Diretora de Filmagem dos depoimentos: Letícia Negretti

Assistente de Direção de Filmagem: Vanda Dantas

Atrizes Convidadas (Depoimentos): Eliná Coronado e Valéria Di Pietro
Maquiadora: Suellem Melquiades

Operadora de Vídeo: Letícia Negretti e Vanda Dantas

Assessoria em Antropologia, Gerontologia, Pesquisadora e Coordenação do Ciclo de Encontros: Natalia Negretti

Assessoria de Mídias Sociais: Felipe Apolo e Felipe Rabello

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Designer Gráfico: Natalia Negretti

Fotografia de divulgação: Betânia Betcher – Espaço Betcher

Fotografia do espetáculo: André Bicudo e Nara Ferriani Veras

Filmagem e Teaser do espetáculo: Fvfilmes – Nara Ferriani Veras

Assistente de Produção: Letícia Negretti e Felipe Rabello

Produtora: Vanda Dantas

Coordenadora de projeto: Mônica Raphael

Gestão: Colmeia Produções

 

Realização: Cooperativa Paulista de Teatro, Teatro Cartum, Prêmio Zé Renato, São Paulo Capital da Cultura e  Prefeitura da cidade de São Paulo.

 

Agradecemos: Danilo Pinheiro, Espaço Parlapatões, Fundação Escola de Sociologia e política de São Paulo – FESPSP, Galeria Olido, Hugo Possolo, Júlio Doria, Márcio Boaro, Palacete dos Artistas, Rebeka Noivas, Regina Muniz, Renato Cintra ,Rodrigo Estramanho, Rudifran Pompeu, Silvana Tótora, Tatianne Portilla, Ubiratan Negrão Vieira, Victor Wagner.

 

“Este projeto foi contemplado pela 18ª Edição do Prêmio Zé Renato para a Cidade de São Paulo — Secretaria Municipal de Cultura”

 

Sinopse

O Grande Lapso de Berta Valentina narra as angústias de uma atriz veterana, que na milésima apresentação do mesmo espetáculo, esquece todo o texto. Esse é o ponto de partida para a discussão sobre memória e envelhecimento.

 

Serviço

O Grande Lapso de Berta Valentina, do Teatro Cartum

Classificação: Livre

Duração: 60 minutos

Galpão Amado da Cia. Teatral Amadododito – Quartas e quintas, às 20h
De 13 de novembro até 4 de dezembro de 2025
Rua Javaés, 455 – Bom Retiro
Entrada gratuita


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