Com direção de Fernando Philbert e supervisão artística de Amir Haddad, espetáculo narra a trajetória de um homem que vai morar na rua após os efeitos devastadores da crise econômica nos anos 90
Sucesso há quase nove anos nos palcos do país, o drama “Nefelibato” terá uma sessão especial para moradores de rua, no dia 15 de janeiro, às 15h30, no Teatro Glauce Rocha, no Centro. O evento é organizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e pela equipe do espetáculo. A reestreia da peça para o público será nessa mesma data, às 19h. Escrito por Regiana Antonini, dirigido por Fernando Philbert e com supervisão artística de Amir Haddad, o monólogo com o ator Luiz Machado completará 500 apresentações este ano, com uma trama que fala sobre situações limite e os limites entre lucidez e loucura.
“Nas sessões que fiz para os moradores de rua nas temporadas anteriores, tive o privilégio de presenciar encontros muito emocionantes, únicos e interessantes. Percebi que eles se entregavam de uma forma muito intensa durante as apresentações. Nos debates, após o espetáculo, eles se abriam e contavam suas próprias histórias de vida. Isso é uma satisfação pessoal que não tem preço, pois pra mim o teatro tem esta força, que é a de acolher e motivar emocionalmente pessoas que são excluídas por nossa sociedade”, comenta Luiz Machado.
Na trama, Anderson perambula pelas ruas da cidade, apenas uma sombra de um homem outrora bem-sucedido, mas que perdeu tudo: sua empresa, todas as suas economias, o grande amor da sua vida e um parente querido. Está na fronteira com o delírio, mas ainda capaz de lampejos de sabedoria. A história é ambientada na década de 90, mas dialoga muito com o Brasil de hoje. Em cena, os efeitos devastadores do Plano Collor, que levaram Anderson a se tornar morador de rua. O país voltava a ter um governo eleito democraticamente e a inflação galopante exigia medidas drásticas. A saída da nova equipe econômica foi confiscar parte da caderneta de poupança da população, o que levou milhares de brasileiros ao desespero e à bancarrota. Muitos enlouqueceram.
“Conhecendo diversos moradores de rua, percebi que cada um tem o seu motivo de estar ali, vi de tudo. É essencial que haja políticas públicas que deem mais atenção a estas vozes tão carentes que clamam por algum tipo de ajuda. Analiso este quadro como uma questão muito preocupante para o nosso país. Na rua temos pessoas que precisam de oportunidades e outras que necessitam de cuidados médicos. E o mundo virtual hoje vem cada vez mais desumanizando a nossa sociedade”, acrescenta o ator.
O quanto de loucura é necessário para o ser humano não perder a própria vida? Essa pergunta acompanhou o diretor Fernando Philbert ao longo do processo da montagem. “Quis tratar do instinto de sobrevivência que o ser humano tem e esquece que tem. Viver na rua é o caminho que ele encontrou para continuar vivo”, destaca o diretor.
Trechos de críticas
Luiz emociona com o olhar. Penetra na alma e nos faz questionar, em plena área de cracolândia paulistana, onde Nefelibato está em cartaz, toda a realidade que tentamos fazer invisível está ali e coexiste com a cidade. – Kyra Piscitelli, site Aplauso Brasil
Anderson é alguém que vive situações-limite – um equilibrista no fio tênue entre lucidez e loucura, vida e poesia. Luiz Machado encarna com força e maestria um homem visceral. Um louco? Quem sabe? Ou alguém que não se submete? Alguém que escolhe andar no mundo da lua, pois a realidade pode ser mortal? – Claudia Chaves, site Lu Lacerda
Luiz Machado
Luiz Machado é formado em Artes Cênicas pela UniRio. Atua profissionalmente em teatro, televisão e cinema desde 1994. Na TV, faz parte do elenco da novela Dona Beja que tem estreia prevista em 2025 na HBO, o seriado “Z4”, para o SBT e Disney, e foi protagonista do seriado “Família Imperial”, da TV Globo e do Canal Futura, com direção de Cao Hamburger. Protagonizou um dos episódios do programa “Anjos do Sexo”, sitcom de Domingos de Oliveira na Rede Bandeirantes. No teatro, já participou de 34 espetáculos teatrais como ator e como produtor em outros quatro. Entre eles, “Dois Idiotas Sentados Cada Qual no Seu Barril”, de Dudu Sandroni e Fátima Valença, “Em Cantos”, de Rosyane Trotta, que foi indicado ao prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem como melhor Produção, “Como Matar um Playboy”, de João Bethencourt, “Céu e Branca”, de Moisés Bittencourt, e “Nefelibato” de Regiana Antonini com a direção de Amir Haddad e Fernando Philbert, há sete anos em cartaz. Em 2009, atuou em “Apocalipse, Segundo Domingos de Oliveira” e “O Confronto”, ambos de autoria e direção de Domingos de Oliveira.
Ficha técnica:
Texto: Regiana Antonini
Supervisão artística: Amir Haddad
Direção: Fernando Philbert
Interpretação: Luiz Machado
Cenografia e figurino: Teca Fichinski
Iluminação: Vilmar Olos
Música: Maíra Freitas
Direção de movimento: Marina Salomon
Preparação vocal: Edi Montecchi
Design gráfico: Cláucio Sales e Sydney Michellette
Assessoria de imprensa – Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Assistente de direção: Alexandre David
Assistente de cenário: Juju Ribeiro
Produção Executiva: Valéria Meirelles
Direção de produção: Edmundo Lippi
Realização: LM Produções Artísticas
Serviço:
Sessão para moradores de rua: 15 de janeiro, às 15h30
Temporada: de 15 de janeiro a 6 de fevereiro
Teatro Glauce Rocha: Av. Rio Branco, 179 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Dias e horários: quartas e quintas-feiras, às 19h
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada).
Lotação: 204 lugares
Duração: 1h
Classificação: 14 anos
Venda de ingressos: No Sympla
(www.sympla.com.br/eventos?s=nefelibato&tab=eventos&ordem=start-date) e na bilheteria do teatro. Horário de funcionamento: de quarta a domingo, das 14h às 19h.
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