Notícias da ZUM, revista de fotografia do Instituto Moreira Salles
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O OPOSTO DE ATIRAR por Sheida Soleimani, Anna Ortega e Taís Cardoso
Toda fotografia da artista Sheida Soleimani começa a partir de uma história. Pode ser um acontecimento político que envolva a complexa relação entre Oriente Médio e Ocidente, ou uma memória contada por seus pais, cidadãos iranianos que se refugiaram nos Estados Unidos após a guerra entre Irã e Iraque. Sheida pensa no roteiro, nos cenários, na posição dos objetos, no jogo de luzes, nos personagens. Sobre esses últimos, em seus mais de dez anos de trajetória, há protagonistas que se destacam: os pássaros.
Em conversa com a jornalista Anna Ortega e a pesquisadora e curadora Taís Cardoso, a artista revela que seu processo artístico expressa uma recusa de reproduzir violências ao fotografar. Sua prática parte de outros lugares, inclusive, de outras palavras.
ENTRE O PRIVADO E O PERFORMATIVO por Amanda Devulsky
O projeto Ultrasuperfície, da artista e cineasta brasiliense Amanda Devulsky, explora as ambiguidades de ambientes privados e performativos. Apresentado como web art em parceria com a plataforma aarea.co em 2021 e publicado como fotolivro pela zero-Edições no final de 2023, Ultrasuperfície nasce do resgate dos arquivos digitais do fotolog da pompomzinha, nas palavras de Amanda uma “proto-influencer” e alter-ego da autora que aos 13 anos de idade se tornou uma celebridade local na comunidade online de Brasília.
Amanda conta que uma das suas ideias com o projeto foi “brincar com essa coisa da futilidade, do supérfluo, do bonitinho. Tem muita inocência envolvida, mas também alguma estratégia. Ao tentar recuperar algum poder no mundo através de imagens, de narrativas, ela está também desafiando o mundo a responder a isso, e encarando as consequências”.
A NEGRITUDE AMAZÔNICA por Marcela Bonfim & Lucas Veloso
Com o projeto Amazônia Negra, a fotógrafa paulista Marcela Bonfim, busca, por meio da fotografia e da oralidade, aprofundar as narrativas de pessoas e comunidades negras na Amazônia. Vindos da América Central para trabalhar na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré no início do século 20, os representantes de populações afro-caribenhas não são apenas um capítulo na história de Rondônia, mas um pilar na construção do que a região é hoje.
“Essa prática fotográfica vai além da estética; é um gesto político e afetivo, um ato de resistência contra séculos de apagamento. Minha fotografia é uma forma de costurar os pedaços de uma história que foi fragmentada, resgatando a dignidade e a memória dessas populações.”
ÁLBUM DE DESESQUECIMENTOS por Mayara Ferrão & Fernanda Silva e Sousa
A artista soteropolitana Mayara Ferrão introduz novas fotografias na história visual do Brasil ao criar cenas familiares e afetivas usando inteligência artificial e bancos de imagens.
Em ensaio publicado na edição impressa da ZUM 27, a professora e crítica Fernanda Silva e Sousa destaca que “Ferrão produz ainda uma iconografia para outra forma de amor, o ‘amor grosso’ – como nomearia Toni Morrison em Amada – das mulheres negras por seus filhos, tantas vezes desejados e igualmente delas separados, mulheres para quem a luta pela maternidade inspirava projetos de liberdade”.
O ÚLTIMO SHOW por Carime Elmor
A história das fotos do último show de Lou Reed com a sua clássica banda The Velvet Underground, encontradas há cinco anos em uma feira popular em Juiz de Fora (MG). No conjunto de 24 fotografias, compradas por R$ 4 reais, algumas imagens raras do Velvet Underground em shows realizados entre o final dos anos 1960 e o início dos 70.
A jornalista Carime Elmor conta como as fotos foram encontradas e quem foi Leee Black Childers, o fotógrafo responsável pelos registros da última apresentação de Lou Reed com o Velvet. [Foto: Leee Black Childers]
MEMÓRIAS DE RESISTÊNCIA por Arquivo da Memória Trans Argentina & Amara Moira
No Brasil, desde 2004 se comemora em 29 de janeiro o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Para marcar esta data, abrimos no site da ZUM matéria sobre o Arquivo da Memória Trans Argentina publicada na edição impressa da ZUM #23.
O projeto reúne fotografias, relatos e outros documentos para contar a história de mulheres trans, silenciadas, perseguidas e mortas durante a ditadura. Para a escritora Amara Moira, o arquivo oferece um modelo de ativismo e de celebração da vida. [Foto: Acervo Julieta González]
DESTAQUES 2024 por Anna Ortega
Exposições, fotolivros, meme e obras: convidamos curadores, pesquisadores e artistas a compartilhar os destaques do ano de 2024 na fotografia e no audiovisual.
Na seleção, obras de Anti Ribeiro, Coletivo Legítima Defesa, Mike Leigh, Katia Novitskova, Tayná Uráz, Labo Young, Rafaela Kennedy, Claudio Goulart, Isaac Julien, Max Pinckers, R0s4, George Love, Julia Milward, Rosa Bunchaft, Anna Costa e Silva, Ariella Azoulay, Silvana Mendes e Hervé Guibert.
Conheça as escolhas de Ana Lira, Raphael Fonseca, Carolina Rodrigues, Tiago Sant’Anna, Luíz Juárez, Tatiane de Assis, Talita Trizoli e Denise Camargo. [Foto: Rafaela Kennedy e Labo Young]
ARQUIVO ZUM
O projeto GH, Gal e Hiroshima, da dupla de artistas brasileires Masina Pinheiro e Gal Cipreste Marinelli, foi o vencedor do principal prêmio da bolsa PHmuseum 2021 Photography. “Em novembro de 2019, eu e Gal voltamos em Vila da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, onde fui apedrejade quando criança. Levamos uma mochila para enchê-la de escombros, pedaços de asfalto, as pedras da rua, e fazer alguma coisa no estúdio.”
Entrevista– Marco de Mutiis, artista e curador digital do Fotomuseum (Suíça), fala sobre a intricada relação entre os videogames e a fotografia, além de ressaltar os desafios das instituições em lidar com essas novas linguagens em seus espaços expositivos e abordagens curatoriais. “A simulação é sempre uma redução do real, e a operação fotográfica pode ser pensada de maneira semelhante. Então, o que acontece quando você simula a fotografia? E o que isso nos diz sobre a fotografia antes de tudo?”
Em um brilhante ensaio publicado originalmente em 1967, o renomado fotógrafo japonês Takuma Nakahira (1938-2015) investiga o olhar do fotógrafo William Klein (1926-2022) em Nova York (1956), seu primeiro e revolucionário livro. “Enquanto Klein vê a fotografia como um método de pesquisa e reconhecimento, um plano de aventura em um mundo infinito, Bresson e Frank consideram que a fotografia é um meio para expor de maneira direta uma visão do mundo, como o fato de que o homem é um ser trágico e triste.”
RECOMENDAÇÕES
Em entrevista publicada no site da revista Aperture, o artista norte-americano Trevor Paglen, pioneiro no uso da Inteligência Artificial em seus processos artísticos, fala sobre sua prática, ameaças e oportunidades impostas pela IA. “Paglen utiliza a câmera menos para propósitos descritivos do que como uma analogia para o trabalho extraordinário de tornar algo visível — seja a coisa a ser vista um drone de vigilância, a análise computacional rotineiramente realizada em fotografias de nossos rostos ou uma estratégia de guerra psicológica moldando nosso consumo de mídia.” [Revista Aperture]
O site da BBC ouviu um grupo de especialistas em imagem a respeito da nova foto oficial de Melania Trump, primeira-dama dos Estados Unidos. O retrato foi feito por Regine Mahaux, fotógrafa belga que há mais de 20 anos registra a família Trump. “Tirada na Casa Branca um dia depois que seu marido tomou posse como presidente, a foto em preto e branco mostra-a vestindo um terno escuro e uma camisa branca enquanto ela descansa as mãos em uma mesa no Salão Oval Amarelo.” [Site da BBC]
O site da revista No Niin resenha a exposição On Mass Hysteria (Sobre a histeria em Massa), da artista espanhola Laia Abril. Em cartaz no Festival de Fotografia Política, organizado pelo Museu Finlandês de Fotografia, esta terceira parte da trilogia A History of Misogyny (Uma História da Misoginia) continua a abordar sistemas institucionalizados de opressão feminina. “Ao invés de focar na psicologia individual e no trauma, Abril usa a fotografia para argumentar como o racismo, a misoginia e a opressão literalmente nos deixam doentes.” [Revista No Niin]
A revista Huckrelembra Evidence, livro da dupla de fotógrafos Larry Sultan e Mike Mandel publicado pela primeira vez em 1977. “O livro reúne 59 fotografias sem legendas retiradas de cerca de dois milhões de imagens mantidas nos arquivos de 77 agências governamentais, corporações e instituições educacionais. Elas variavam do Departamento de Polícia de Beverly Hills ao Departamento de Água e Energia de Los Angeles — a organização corrupta do filme Chinatown”. [Revista Huck]
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