Estreia no próximo dia 25 de fevereiro, às 20h30, no Espaço Cênico do Sesc Pompeia, a temporada do espetáculo “Nora e a Porta”, uma releitura contemporânea de “Casa de Bonecas”, do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. Sob a direção de Sandra Corveloni e com texto de Marina Corazza, a peça transporta a história de Nora — protagonista do clássico do século XIX — para a São Paulo de 2025, onde enfrenta desafios e opressões que ecoam e se atualizam nas relações familiares e sociais.
Na festa de inauguração do novo apartamento de Nora, tensões mascaradas por danças e excessos começam a emergir. “Nora e a Porta” retoma o impacto disruptivo do gesto final da Nora de Ibsen — a decisão de abandonar marido e filhos — e o transpõe em um novo marco: uma celebração, que parecia estar sob controle, se torna o palco de revelações e escolhas fundamentais da mulher. “No título do espetáculo, fazemos alusão a uma primeira travessia. Que porta é essa? Quais outras portas se abrirão além desta?”, reflete a diretora Sandra Corveloni, vencedora do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes por sua atuação em “Linha de Passe” (2008).
Cidade de São Paulo, 2025. O casal Nora e Marcelo, com seus três filhos, está de mudança para uma casa no condomínio onde passaram a infância e a adolescência. A ação da peça transcorre nesta nova casa da família, durante um final de semana. Assim como na peça original de Henrik Ibsen, Casa de Bonecas, com a qual o espetáculo dialoga, há fatos do passado recente e toda uma estrutura patriarcal que impelem Nora aos conflitos que resultarão na tomada de consciência da personagem.
Atriz, professora e diretora de teatro. Possui graduação em Pedagogia (1999) pela Faculdade de Educação da USP (FEUSP) e pós graduação lato sensu em Arte e Educação ECA USP. Integrou o CPT dirigido por Antunes Filho e participou como atriz de diversas montagens com diferentes coletivos. Participou do elenco da montagem Franco Brasileira “Retorno ao Deserto”, produzida pela Cia Parnas e dirigida por Catherine Marnas, o trabalho cumpriu temporada em São Paulo e em diversas cidades francesas entre 2008 e 2010. Fez preparação de elenco para o curta-metragem vencedor do Prêmio Estímulo 2010 “Algum lugar no Recreio”, assim como da série infanto juvenil da TV CULTURA “A Grande Viagem”; ambos os trabalhos com direção de Caroline Fioratti. É professora de teatro, de Leitura e Crítica da Obra Teatral e Curta Metragem para alunos do Ensino Médio no Colégio Santa Maria.
Sandra Corveloni
Atriz e diretora brasileira. Reconhecida na televisão e no cinema, vencedora do prêmio de interpretação feminina do Festival de Cannes por seu papel em Linha de Passe, além de ter sido indicada quatro vezes ao Grande Otelo da Academia Brasileira de Cinema, sendo vencedora em 2018 na categoria melhor atriz coadjuvante por A Glória e a Graça. Sua formação artística iniciou-se nos anos 90, quando Sandra começou a estudar teatro na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), formando-se pelo TUCA. Para manter-se na vida, a atriz realizava apresentações teatrais infantis e representações em peças sobre segurança em empresas. Sandra sempre teve sua carreira voltada para os palcos, onde já realizou inúmeros espetáculos, angariando reconhecimento no meio teatral, sendo considerada uma das melhores atrizes do país. Integrante do Grupo Tapa, no qual atua, ensina e faz assistência de direção, atualmente ela se prepara para montar o espetáculo Amargo Siciliano, como diretora assistente de Eduardo Tolentino, fundador do grupo. Sandra estreou no cinema de longa-metragem com o filme Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas, sendo consagrada logo em sua estreia com o prêmio de melhor atriz (Prix d’interprétation féminine) no Festival de Cinema de Cannes, em maio de 2008, por seu trabalho no papel de Cleuza, a mãe de quatro meninos pobres da periferia paulista, seu sonhos e suas expectativas frustradas. Sandra conquistou oito dos nove jurados presentes no festival, desbancando as atrizes Angelina Jolie e Julianne Moore. Em virtude da perda recente de um bebê, Sandra não compareceu ao Festival, sendo representada na premiação pelos diretores do filme. Anteriormente, Sandra tinha atuado nos curtas-metragens Flores Ímpares (1996) e Amor! (1994). Na televisão, Corveloni ganhou destaque tardiamente e ficou conhecida por seus papéis em telenovelas da Rede Globo, em principal de autoria de Walcyr Carrasco. Sua estreia se deu no ano seguinte à vitória em Cannes, em 2009, fazendo participações nos seriados Força Tarefa e Unidos do Livramento, na Rede Globo e na TV Cultura, respectivamente. Em 2010 conquista seu primeiro personagem fixo em uma produção da Rede Globo, na 18.ª temporada de Malhação, interpretando a mãe do protagonista, Bruno Gissoni, Lourdes, uma dona-de-casa batalhadora. Em 2012, destaca-se na série vencedora do Emmy Internacional de melhor série dramática, O Brado Retumbante, interpretando a professora Neide Batalha. No mesmo ano integra o elenco da telenovela Amor Eterno Amor de Elizabeth Jhin, interpretando a vilã Solange Campos, atuando ao lado das atrizes Cássia Kiss e Mayana Neiva.
Maristela Chelala
Maristela Chelala se formou em 1995 em Engenharia Civil na UFPA. Não satisfeita, iniciou mestrado no ano seguinte e como uma Engenheira que se preze, tinha sua vida toda planejada e organizada em planilhas, mas ela não contava com uma coisa: o poder arrebatador da arte na vida das pessoas. Foi imprevisível: em 1996, largou tudo e decidiu colocar o coração na frente da razão. Rasgou planilhas, deixou o escalímetro de lado e foi estudar teatro. Fez curso profissionalizante, ingressou em vários grupos, estudou palhaçaria e desde que se formou em 1999 no INDAC escola de atores, nunca mais deixou os palcos. Já dentro de sala de aula, começou em 2001 e foi até 2008 ministrando aulas de teatro para crianças e adolescentes e em 2007 se estendeu à terceira idade quando participou do projeto Reminiscências ou Resgate da Tradição Oral. De 2009 a 2020 ministrou aulas de interpretação e montagem na escola de atores INDAC, tanto em cursos para quem quer ser ator e atriz ou para aqueles curiosos sobre a arte de atuar e de falar em público. De vez em quando, na calada da noite, ainda se pode ouvir Maristela desenhando fachadas de casas na escala correta – só para não perder a prática. Mas planilhas nunca mais, a não ser que esteja produzindo algum espetáculo.
Marina Corazza
Dramaturga, atriz e educadora, mestranda pelo Programa de Mudança Social e Participação Política da Universidade de São Paulo (EACH/USP), sob orientação da Profa.Dra.Maríllia Velardi e graduada como bacharel em Interpretação Teatral pelo Departamento de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo. Integra o Grupo de Estudo e Pesquisa ECOAR – Estudos em Corpo e Arte, que atualmente tem como focos: (a) a construção de conhecimento com artistas sobre a Arte; (b) a busca por epistemologias artísticas como suporte para as investigações qualitativas e (c) a criação de estruturas de performances dos dados ou dos conhecimentos produzidos nas investigações. Escritora de peças teatrais que dialogam com a vida e obra de mulheres escritoras na viragem do século XX, assim nasceram “Alice, retrato de mulher que cozinha ao fundo”, “Aproximando-se de A Fera na Selva” (indicada ao Prêmio APCA 2018) e “Um percurso para Orlando e outras canções entre nós”. Também escreveu a peça “Fóssil” (indicada ao Prêmio APCA 2020), baseada na Revolução das mulheres curdas em Rojava. Como atriz, integra o Coletivo Concreto que investiga práticas do performer por meio de cantos ancestrais e ações psicofísicas. Cofundadora e atriz da Companhia Auto-Retrato de 2001 a 2015, tendo participado da criação das peças teatrais Retornarse, Seis da tarde, O Ruído Branco da Palavra Noite, e Origem Destino (contemplado pela 19a. Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo). Desde 2001 atua como arte-educadora em diferentes projetos públicos, como Fábricas de Cultura, Programa Vocacional Teatro, Iniciação Artística nos CEUS, Casas de Cultura de São Paulo e Diadema. Atua também em instituições privadas como Instituto Equipe, Escola Móbile e Colégio Santa Maria.