Espetáculo teatral com Cilene Guedes e Carlos Marinho
fica em cartaz de 6 a 15 de fevereiro, às quintas, sextas e sábados.
Peça traz a relação de amor entre uma trabalhadora e um homem 20 anos
mais jovem. Ela, mãe de um criminoso prestes a voltar da prisão. Ele,
resistindo à deficiência visual que aos poucos vai mudando sua vida.
Temporada terá sessões especiais com audiodescrição para pessoas com
deficiência visual e abertura da cantora Ana Maura
e do violonista Lúcio Rodrigues.
Quanto de romance cabe no cotidiano de um casal pobre e periférico marcado pela
profunda incerteza do amanhã? Que natureza de amor subsiste quando a dureza da
vida suplanta qualquer fantasia romântica? Escrito e dirigido por João Cícero, o
espetáculo teatral “Meus Olhos (ou de medo e cuidado)” acompanha um dia
especialmente difícil na vida de Alcina (50 anos) e Ednaldo (30 anos). Unido há 8
anos, o casal vê sua relação ameaçada pela chegada iminente do filho de Alcina, um
criminoso violento, que está para deixar a prisão. Com Carlos Marinho e Cilene
Guedes, o espetáculo fica em cartaz no Espaço Abu, em Copacabana, de 6 a 15 de
fevereiro, às quintas, sextas e sábados, sempre às 20h30. As sessões de quinta-feira
terão audiodescrição, recurso também explorado também na dramaturgia, quando os
personagens descrevem-se para o público.
“Meus Olhos (ou de medo e cuidado)” narra a véspera da volta para casa de Beto,
filho de Alcina, condenado por tráfico, acusado de várias mortes – e amigo de infância
de Ednaldo. O filho desconhece a relação amorosa da mãe com Ednaldo, com quem
durante alguns anos conviveu como irmão, na mesma casa. O drama do casal de
moradores do Morro do Castro, em São Gonçalo, é aprofundado pela condição de
trabalho abusiva que Alcina suporta para sobreviver e pela deficiência visual
progressiva de Ednaldo. Para eles, o erotismo e o amor instauram-se sob a pressão
da pobreza e do preconceito e sob necessidade de cuidarem um do outro. Mas quanto
é possível suportar para manter uma relação de amor?
O texto e a direção resultam de uma pesquisa dramatúrgica etnográfica e da
experiência de quatro anos de João Cícero como professor de artes numa escola
próxima à comunidade do Morro do Castro. As observações da pesquisa trouxeram
para a trama um retrato da vida nesse território hoje. Estão no texto os choques do
conservadorismo ideológico, as vivências religiosas de matriz africana e cristã, a
proximidade da violência e do encarceramento e o efeito devastador de ambos na vida
familiar, o esforço desmedido das mulheres trabalhadoras, mães solteiras e viúvas
para o sustento de seus lares, os relacionamentos amorosos com grande diferença de
idade e a recusa (não de todo opcional) a lidar com a deficiência como um limitador da
existência e do trabalho. Para o tema da baixa visão e cegueira, João Cícero contou
com a consultoria de Ana Maura, cantora lírica, que já foi uma pessoa baixa visão,
como Ednaldo, e que hoje não enxerga. As sessões de quinta-feira da peça são
abertas por um recital de MPB com Ana Maura e o violonista Lúcio Rodrigues.
O espetáculo compõe uma trilogia de amor não romântico com as peças “Meu coração
(ou de carinho e de sexo)”, encenada no Rio de Janeiro, em 2022; e “Lábios Meus”,
prevista para entrar em cartaz em 2025. “Busco histórias de amor vividas na periferia,
em ambientes de violência e precariedade, relações normalmente desprezadas nos
palcos de teatro. Falo de amor sob o ponto de vista de pessoas subalternizadas que
lutam para sobreviver em espaços negligenciados por ações políticas, culturais e
sociais”, explica João Cícero.
SINOPSE
Um dia na vida de Alcina e Ednaldo. Um momento dramático na relação do casal
periférico, longe dos clichês do amor romântico e à sombra do preconceito de idade e
do medo da violência.
JOÃO CÍCERO BEZERRA
Dramaturgo, diretor, historiador da Arte, da Cultura e do Teatro. Pós-doutorando do
PPGHA-UERJ; Pós-doutor em Artes Cênicas pelo programa de Pós-Graduação da
UNIRIO (2015-2017/2021- 2022); Doutor em Artes pelo PPGARTES-UERJ (2023);
Doutor em História Social da Cultura pela PUC-RIO (2015), Bacharel em Artes
Cênicas pela UNIRIO. Atua como docente em Ensino Superior há mais de quinze
anos: Faculdade SENAI-CETIQT (2008-2019), Instituto CAL (2016-2022), Faculdade
Cesgranrio (desde 2018; onde coordena a Licenciatura em Teatro). É professor de
teatro na educação básica: Prefeitura do Rio (desde 2000), Prefeitura de São Gonçalo
(desde 2021). Colabora com a revista “Questão de Crítica”. É diretor e dramaturgo das
peças: “Menininha”, (2010), “Sexo Neutro” (2015; indicado melhor autor para os
prêmios Questão de Crítica e Cesgranrio), “Batistério” (2017), “Ossos ou O Salto de
Prometeu” (2018), “Meu Coração” (2022), prêmio de melhor autor FETAERJ 2023,
“Um Dia Feliz” (2023) e “Três Asas: Fim de Voo” (2023), “Meus Olhos” (2024). Lançou
em 2023 o livro “Monólogos Informes” (Editora Numa), na ABRACE 2024 e na FLIP
2024. É nascido em Mesquita, na Baixada Fluminense. É uma pessoa com deficiência
auditiva unilateral profunda – surdez unilateral.
CILENE GUEDES
Em “Meus Olhos”, interpreta Alcina, uma mulher batalhadora, que se entrega a um
amor improvável com um homem mais novo e amigo de infância de seu filho
presidário. Atriz, autora e produtora de teatro, Cilene também integra o elenco da
novela das 18h “Garota do Momento”, da TV Globo, reconhecida pela crítica uma das
melhores obras da teledramaturgia brasileira das últimas décadas. No audiovisual,
participou de “Farofeiros 2”, que levou mais de 1,8 milhão de espectadores ao cinemas
em 2024; e está na websérie “Sambinha”, com lançamento previsto para 2025. É atriz
dos espetáculos “Furdunço no Fiofó do Judas” (Prêmio de Humor 2019 e Prêmio
Musical.Rio Bis 2020 – há 5 anos em circulação), “Narcisa” (sobre a poeta Narcisa
Amália, que reestreia em 2025, do qual também é autora), e “O Inspetor Geral – o
Musical” (do qual também é produtora) que reestreia em abril. Integrou o elenco de
sucessos do teatro musical carioca, entre eles “Elizeth, a divina” (indicada ao Fita 2018
de melhor atriz coadjuvante) , “Emilinha e Marlene, as rainhas do rádio” e “A Revista
do Ano, o Olimpo Carioca”.
CARLOS MARINHO
Em “Meus Olhos”, Carlos Marinho é Ednaldo, um homem jovem que se apaixona pela
mãe do melhor amigo e se recusa a aceitar limitações impostas por uma deficiência
visual progressiva. Carlos também integra o elenco de“Fortaleza” (dir. de Daniel Dias
da Silva), que reestreia em fevereiro no Rio de Janeiro e depois segue para
apresentações em Nova York. Atua no monólogo “3 Asas – Fim de Voo” (2023), com
direção de Antonio Karnewale e texto de João Cícero. Em 2022 atuou no espetáculo
“Seus Pêsames”, com direção de Audrei Andrade e baseado na obra de Jorge
Andrade. Atuou em “Meu coração”, escrito e dirigido em 2021 por João Cícero. Em
2020 atuou em “A Tempestade”, com direção de Marise Duarte na Sede da Cia dos
Atores. Também atuou na performance “Caminhos – uma intervenção Urbana” (2019),
junto à Cia Enviezada, levada ao Festival MAPAS nas Ilhas Canárias e ao Festival
Sesc de Inverno. Estreou no teatro em 2018, no espetáculo “Deflora-te”, de Gabriela
Linhares baseado na obra “O Balcão” de Jean Genet.
FICHA TÉCNICA
Texto e direção: João Cícero
Elenco: Carlos Marinho e Cilene Guedes
Direção de Arte: Ticiana Passos
Iluminação: Lara Aline
Trilha: Márcio Pizzi
Produção: João Cícero
Produção Executiva: Mayara Voltolini
Consultoria: Ana Maura
Programação visual: Bernardo Bastos
Fotos: Aloysio Araripe
SERVIÇO
Espetáculo de Teatro
Título: “Meus Olhos (ou de medo e cuidado)”
Texto e direção: João Cícero
Elenco: Carlos Marinho e Cilene Guedes
Data/Hora: 06 a 15 de fevereiro, às quintas, sextas e sábados, 20h30
Às quintas (dias 6 e 13) sessão com audiodescrição e abertura da cantora Ana Maura
acompanhada do violonista Lúcio Rodrigues, com o recital de MPB “No ar parado”.
Local: Espaço Abu
Endereço: Av. NS de Copacabana, 249 – Loja E – Copacabana
Ingressos: inteira R$ 50 – meia R$ 25
Classificação etária: 16 anos
Duração: 60 min.