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Fragilidades existenciais

Seres humanos adorariam super-heróis, mas são frágeis, seja em seus desejos primeiros, como a alimentação e a sexualidade, como em sua busca existencial, muitas vezes marcada apenas pela procura de um poder vazio. Essas questões de primeira grandeza são tratadas no filme ‘A Favorita’.

Com pouca fidelidade histórica, a trama, ambientada na Inglaterra do século XVIII, tem como protagonista a Rainha Anne (Olivia Colman), vítima de uma gota que lhe impede a movimentação, mas não um apetite alimentar e sexual amplamente motivador para todas as suas ações, comandadas ainda por ter sofrido mais de uma dezena de abortos espontâneos.

As preferências da monarca, que vê seus coelhos de estimação como as crianças perdidas, oscila entre Lady Sarah (Rachel Weisz), que governa o país de fato, e Abigail (Emma Stone), uma nobre decadente, transformada em serviçal. A primeira faz de tudo para manter o poder; a segunda é capaz das mais variadas e intrincadas estratégias para atingi-lo.

A direção de Yorgos Lanthimos, com música opressora e lentes que deformam os interiores dos palácios, transformando-os em labirintos imagéticos, acentua a vacuidade das relações humanas, que incluem cenas que mostram a as fúteis refeições e divertimentos da corte como contraponto a lutas para ter o controle das situações, seja na cama ou no Parlamento.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.


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