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Espetáculo MIÊDKA marca retorno da bailarina Ana Mondini a Porto Alegre após 28 anos

Espetáculo MIÊDKA – Uma Metáfora do Encontro marca o retorno da bailarina Ana Mondini aos palcos de Porto Alegre

 

A artista, que mora fora do Brasil há 28 anos, estará na capital gaúcha neste mês protagonizando a peça de dança ao lado de Claudia Palma e Armando Aurich. A programação inclui apresentações nos dias 21 e 22 de setembro e bate-papo sobre dança e etarismo no Teatro Oficina Olga Reverbel, além de uma residência artística nos próximos dias 23, 24 e 25, no Centro Cultural da UFRGS

 

Em cena, os bailarinos Claudia Palma, Armando Aurich e Ana Mondini, todos sexagenários, colocam em questão o etarismo na dança

Crédito da foto: Natália Franciscone

 

O Teatro Oficina Olga Reverbel recebe nos dias 21 e 22 de setembro, às 19h, o espetáculo MIÊDKA – Uma Metáfora do Encontro para suas primeiras apresentações em Porto Alegre. A montagem marca o retorno da bailarina gaúcha Ana Mondini, que mora há 28 anos fora do Brasil, aos palcos de sua terra natal, dividindo a cena com a paulista Claudia Palma e o capixaba Armando Aurich. O elenco, formado por três sexagenários e septuagenários, foi vencedor do Prêmio APCA de Dança 2023 logo após as primeiras apresentações em São Paulo, que marcaram a reunião do trio, depois de muitos anos afastados geograficamente, justamente para fazer essa criação.

 

A peça de dança resgata memórias de experiências artísticas que atravessaram a década de 1980 e metade da de 1990 dos três artistas através de sensações, lembranças e afetos, e não pelo resgate das coreografias encenadas naquela época. “É um extrato essencial daquilo que reflete nos corpos hoje. Resgatar a memória, trazer corpos que me antecederam e que tanto me inspiraram, faz vir à tona o que sou e quem me tornei hoje”, explica Claudia, que também assina a direção da montagem.

 

Outro aspecto fundamental que guiou a construção de MIÊDKA é a discussão a respeito do etarismo na dança. Em um contexto em que ainda é preciso provar, a uma sociedade preconceituosa, que corpos maduros se movem, dançam e criam, o reencontro entre os três intérpretes carrega tanto as memórias dos tempos vividos quanto os corpos que, hoje, têm outras potências físicas, expressivas e emocionais. Como dançam estes corpos hoje? Em que aspectos do movimento reside o virtuosismo de suas movimentações agora, aos 62 (Palma), 61 (Aurich) e 70 (Mondini)?

 

Os ingressos para as apresentações custam R$10,00 no valor inteiro e R$ 5,00 para quem tem direito a meia-entrada. As entradas podem ser adquiridas antecipadamente no site do Theatro São Pedro ou, nos dias das sessões, a partir das 18h, na entrada do Teatro Oficina Olga Reverbel.

 

Além do espetáculo, a passagem pela capital gaúcha conta com o bate-papo Dança e Etarismo – A Potência das Idades no sábado (21), logo após a apresentação, com o trio recebendo as artistas locais convidadas Eva Schul e Mônica Dantas. Já a sessão de domingo (22) terá audiodescrição. O projeto, realizado pela iN SAiO Cia. de Arte, ainda inclui a residência artística gratuita Eu danço, Eu sou, realizada na segunda, terça e quarta (dias 23, 24 e 25), das 15h às 18h, no Centro Cultural da UFRGS, para todos os interessados em movimento, a partir de 16 anos, com condução de Ana e assistência de Claudia.

 

“Voltar a Porto Alegre é uma mistura de excitação e nostalgia, de rever o passado, se é que ele existe, pois com certeza está escrito no meu corpo, e então ainda é presente e olha para o futuro. Depois da temporada paulista agora retornar à casa, a primeira casa, são presentes que o universo está me dando, para que eu honre esses espaços onde tudo começou e possa agradecer mais uma vez por todos os ensinamentos e experiências”, reflete Ana.

 

O espetáculo

Armando, Claudia e Ana percorreram trajetórias parecidas, algumas no mesmo lugar e em tempos diferentes, mas com a mesma intensidade. Mondini vive fora do Brasil há quase três décadas, e o convite veio para aproximar e atualizar, depois de tanto tempo, as experiências de vida e arte, em um possível e novo encontro, com uma celebração pelo que perdura e ainda metamorfoseia a todos.

 

A experiência entre os três acontece por meio de um mote condutor: o livro Escute as Feras, de Nastassja Martín, que trata de um acontecimento real: o encontro de um urso com a autora do livro. Não se trata apenas dos limites físicos entre um humano e um bicho que, ao se confrontarem, abrem fendas no corpo e na cabeça. É também o tempo do mito que encontra a realidade; o outrora que encontra o atual; o sonho que encontra o encarnado.

 

Assim, MIÊDKA são as pessoas que foram marcadas por um urso e sobreviveram ao encontro. Esse termo remete à ideia de que a pessoa que carrega esse nome passa a ser metade humano, metade urso. No espetáculo, é também a metáfora de um sentimento que permanece depois de tantos encontros pelos tempos diversos. Ficar marcado pelos encontros e pelos acontecimentos da vida torna a todos MIÊDKA.

 

O bate-papo

O tempo, as memórias e as construções são temas de MIÊDKA diretamente relacionados, também, à idade dos intérpretes, que permitiu a eles tais experiências. Como estes corpos trazem à cena suas questões, desejos, forças, emoções e angústias? E como são recebidos pelas mais diversas plateias? As discussões sobre etarismo habitam MIÊDKA a partir do momento em que o espetáculo é construído. Em Porto Alegre,  a bailarina e coreógrafa Eva Schul e a bailarina e professora da UFRGS Mônica Dantas, também na faixa etária de mais de 60 anos, foram convidadas para participar da conversa com o elenco do espetáculo, para trazer à tona meios e modos de pensar, fazer e viabilizar dança para estes artistas na capital gaúcha.

 

A residência artística

Serão três dias de encontros, com três horas de duração cada, nos quais Ana Mondini guiará a maior parte dos procedimentos, com assistência de Claudia Palma. O tempo será dividido entre práticas de movimento e conversas que partem de perguntas sobre o dançar, sobre o que acontece quando nos movemos, e em que parte de nós tocamos. Qual é esse mistério que está muito além das técnicas que aprendemos, das imagens que temos, quem é esse EU que conta essas histórias de vida, que se busca constantemente senão uma faísca original, um contato com a fonte de si mesmo? A residência busca acessar essa liberdade cheia de memória, esse EU que SE dança, com um tempo dedicado a descobrir, sentir, liberar essas memórias celulares, fazendo do encontro uma experiência de SER.

 

Mais sobre o projeto

MIÊDKA estreou em setembro de 2023, no Centro Cultural Olido, em São Paulo, e, em seguida, cumpriu temporada no Espaço Cênico Ademar Guerra, no Centro Cultural São Paulo. Fomentado pela Bolsa Funarte de Dança Klauss Vianna 2023, o projeto está fazendo circulação por Vitória, no Espírito Santo, e por Caxias do Sul e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul,  propondo o retorno de Ana e Armando às suas terras natais (Porto Alegre e Vitória, respectivamente), bem como diálogos com artistas locais por meio das oficinas, dos bate-papos e da residência. Antes de desembarcar na capital gaúcha, o projeto passará, nos dias 17 e 18 de setembro, pela Serra, integrando a programação do Festival Caxias em Cena.

 

A iN SAiO Cia. de Arte

É dirigida por Claudia Palma em São Paulo desde 2010. A contemporaneidade é o alicerce da sua pesquisa e, sendo assim, torna-se voz e inspiração de artistas que buscam o fortalecimento das identidades artísticas e estéticas da companhia. Tal identidade caracteriza-se por intenso trabalho autoral, em consonância com o olhar proposto pela direção, na busca de uma criação em dança que descubra as necessidades expressivas de cada trabalho. Com isso, investigar um corpo constituído por vocabulários voltados a uma permanente construção e desconstrução do movimento, a favor da cena e de sua expressão. Além de MIÊDKA – Uma Metáfora do Encontro (2023), a companhia tem em suas criações Olhares Impressos – Danças para Fotografia e Vídeo (2023), Um outro corpo – Desdobramentos (2022), ATÃO – performance em vídeo (2020), ATO INFINITO (2018), Abissal (2016), Platô (2014), Dark Room (2014), Novos experimentos (2012), Cálamo (2012), Lugar algum (2010) e Um outro corpo (2004 – originalmente criado para a Cia. 2 do Balé da Cidade de SP).

 

SERVIÇO

Espetáculo MIÊDKA – Uma Metáfora do Encontro

Com Ana Mondini, Claudia Palma e Armando Aurich

Dias 21 e 22 de setembro, às 19h

No sábado, após a apresentação, haverá o bate-papo Dança e Etarismo – A Potência das Idades, com participação de Eva Schul e Mônica Dantas

No domingo, a sessão terá audiodescrição

Teatro Oficina Olga Reverbel – anexo do Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, S/N – Centro Histórico, Porto Alegre/RS)

 

Ingressos

R$ 5,00 (meia-entrada)

R$ 10,00 (inteiro)

 

Pontos de venda

Online: https://www.theatrosaopedro.rs.gov.br/miedka

Entrada do Teatro Oficina Olga Reverbel: somente nos dias das apresentações, a partir das 18h

 

Residência artística Eu danço, Eu sou

Com condução de Ana Mondini e assistência de Claudia Palma

Dias 23, 24 e 25 setembro, segunda a quarta-feira, das 15h às 18h

Centro Cultural da UFRGS – Sala Pitangueira (Rua Engenheiro Luiz Englert, 333 – Campus Centro da UFRGS – Bairro Farroupilha – Porto Alegre/RS)

Inscrições gratuitas, mediante inscrição prévia em formulário disponibilizado aqui

Para interessados em movimento, a partir de 16 anos

 

Ficha técnica e artística de MIÊDKA

Direção geral e artística: Claudia Palma

Intérpretes-criadores: Armando Aurich, Claudia Palma e Ana Mondini

Trilha sonora original: Joaquim Tomé

Ambientação cênica, design gráfico e desenho de luz: Hernandes Oliveira

Operação de luz: Hernandes de Oliveira (Caxias do Sul e Vitória) e Ade (Porto Alegre)

Figurino: Elenco

Provocação filosófica: Rodrigo Vilalba

Escrita e colaboração dramatúrgica: Tatiana Avanço

Fotografias: Hamilton Ramos e Natália Franciscone

Operação de som: Hamilton Ramos (Caxias do Sul e Vitória) e Driko Oliveira (Porto Alegre)

Assessoria de imprensa: Jéssica Barcellos (Caxias do Sul e Porto Alegre) e Camila Domingues (Vitória)

Produção artística: Cristina Ávila

Produção executiva: Dionísio Produção Cultural (Cristiane Klein)


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