Ícone do site Dica de Teatro

Circuito Sesc de Artes 2024 percorre 122 cidades de São Paulo com mais de 420 artistas

 

Foto: Samara Neves

 

Circuito Sesc de Artes 2024 percorre 122 cidades de São Paulo com mais de 420 artistas

De abril a maio, evento leva mais de 760 atividades de diferentes linguagens e expressões artísticas, entre espetáculos, oficinas e vivências, a municípios do interior, litoral e da Grande São Paulo. Com forte presença de artistas locais, programação está dividida em 12 roteiros e distribuída em seis finais de semana.

Arte na rua para todas as pessoas. Esse é o propósito do Circuito Sesc de Artes, que traz uma extensa programação nas áreas de música, teatro, dança, circo, cinema, literatura, artes visuais e tecnologias para a edição 2024. Entre os dias 20 de abril e 26 de maio, as ruas, praças e parques de 122 municípios paulistas vão receber 75 trabalhos artísticos, entre espetáculos, intervenções, mediações de leitura, oficinas e vivências.
Tudo gratuito, com acesso livre e para todos os públicos.

Realizado pelo Sesc São Paulo em parceria com prefeituras municipais e sindicatos do comércio de bens, serviços e turismo locais, o Circuito ocupa espaços públicos que tradicionalmente são pontos de encontro no município. O evento é um convite à população para desfrutar de um dia diferente e vivenciar novas experiências. Quem está de passagem, para e aproveita. E quem mora nas redondezas, também se junta à plateia. Em todo o estado, serão mais de 760 atividades em cerca de 480 horas de programação.

Para Luiz Deoclecio Massaro Galina, diretor do Sesc São Paulo, “O Circuito Sesc de Artes é uma iniciativa que proporciona novas trajetórias e roteiros, conectando residentes e visitantes e promovendo a sensação de pertencimento nas praças e espaços públicos”. Galina reflete que “essa experiência é essencial para fortalecer laços comunitários, visando democratizar o acesso cultural para mais pessoas”.

O Circuito é bem abrangente e acontece em diferentes territórios. Desde a municípios da região metropolitana da capital com mais de 800 mil habitantes como São Bernardo do Campo, a estâncias do interior e litoral com apenas três mil residentes, a exemplo de Águas de São Pedro no noroeste do estado. O intuito é estender o alcance da ação do Sesc para além das cidades que contam com unidades da instituição. Nesta edição, Bertioga e São Caetano do Sul são exceção.

A programação é o resultado do olhar atento de uma curadoria coletiva formada pelas equipes das 22 unidades do Sesc responsáveis pela produção e organização do Circuito. A partir de premissas como a diversidade, pluralidade e a representatividade para a escolha das atrações, a edição deste ano reúne desde a um coletivo de circo composto só por mulheres de diferentes nacionalidades e etnias, a grupo de artes de Povos Indígenas. A cultura popular está muito presente com atividades que exaltam o frevo, a folia do reisado e as danças populares, como samba-de-roda e ciranda. Outro aspecto importante é a valorização da produção local. Em 2024, cerca de metade das atrações são oriundas do interior e litoral.

Para quem gosta de cinema, tem projeção em realidade virtual de curta-metragem brasileiro premiado no Festival de Veneza. Aos entusiastas da literatura, se preparem: as 122 cidades irão receber atividades desta linguagem artística que tem na palavra, a matéria-prima para a construção de histórias – de intervenções a mediações de leitura. Das opções de práticas manuais, há oficinas para inventores de todas as idades. E entre uma atração e outra, DJs comandam as pickups para manter a animação do público.

Nesta edição, o Circuito também promove uma ação para além das atividades nos espaços públicos das cidades focada na formação dos gestores culturais. É o curso on-line Mapeamentos culturais: teorias, ferramentas e aplicações, com a doutoranda em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC e mestra em Estudos Culturais pela EACH-USP, Ana Paula do Val. Serão quatro encontros semanais às terças-feiras, entre maio e junho, para compartilhar metodologias e ferramentas para compreensão e intervenção em contextos socioculturais, a partir de reflexões e exercícios práticos.

O Circuito Sesc de Artes tem como marca a pluralidade e por promover a circulação das atividades artísticas em todo o estado de São Paulo. Ao mobilizar trabalhos de diversas áreas e envolver centenas de profissionais, o projeto busca movimentar a cultura e economia criativa local.

Destaques da programação

Música

Formado pelos músicos Pietro Leal (vocais), Dani Vie (vocais), Filipe Coelho (baixo), Ícaro Reis (guitarra), Thiago Nogueira (bateria), Cristiano Bananal (percussão) e Cleber Kekeu (percussão), o grupo Baile da Massa Real convida o público para um mergulho no universo musical da Bahia ao som de hits de várias épocas. Da nostalgia de Riachão a novidades como Attoxxa e Luedji Luna, a apresentação faz uma síntese entre os bailes antigos e o carnaval de rua de Salvador.

Fundada em 2005 na cidade de Cabo de Santo Agostinho, litoral de Pernambuco, a Orquestra Frevo Capibaribe recria o clima dos bailes e dos tradicionais desfiles de blocos do carnaval de Recife e Olinda. Herdeiro das marchas, maxixes e dobrados, com influência das bandas militares e das quadrilhas de origem europeia, o frevo pernambucano é uma expressão artística popular e centenária que arrebata o público por onde passa.

No mesmo clima, dançarinos e dançarinas do Núcleo Fervo, acompanhados de cabeções e bonecos gigantes, uma pequena orquestra de sopros e percussão reproduz o clima do carnaval de rua em diversas localidades do país. Com o show Arrastão de frevo, os artistas mostram coreografias acrobáticas e pulsantes, coloridas pelos figurinos e guarda-chuvinhas típicos do gênero.

Releituras originais e irreverentes de grandes sucessos dançantes da música brasileira formam o repertório de Baile da Samucagem, apresentação liderada pelo vocalista Samuel Samuca, da banda Samuca e a Selva. Em uma festa que celebra a diversidade da cultura de pista, o grupo de instrumentistas toca clássicos do brega e da MPB, hits da Bahia dos anos 1990 e canções de artistas como Tim Maia, Jorge Benjor, entre outros.

Com o show Nos braços do povo, o Inovasamba apresenta canções de autoria do grupo e experimentações com gêneros musicais como o maracatu. Releituras de clássicos do samba e do pagode também fazem parte do repertório do animado quinteto, que não costuma deixar ninguém parado. Entre uma composição e outra, os artistas mostram números cênicos e convidam a plateia a interagir com a apresentação.

Entre os nomes que comandam as pickups, estão o DJ Fulô, que já dividiu os palcos com o grupo Racionais MC’s e os rappers Djonga e Tasha & Tracie e promete embalar a pista mesclando diversos estilos musicais, combinando brasilidades, produções autorais e a cultura das periferias; e a DJ Rupin com seus sets ecléticos, formados por sonoridades nordestinas, funk, house, vogue, rap e o pop rock nacional nas vozes de artistas como Marina Lima, Fernanda Abreu, Rita Lee e Angela Ro Ro. A artista e produtora cultural já se apresentou em festas e festivais como Embrazza, Technologica, Bacante e Howz6.

Teatro

Ambientada em meio à folia do reisado, festa tradicional do Cariri cearense, o grupo Clã do Jabuti apresenta Noite de brinquedo no terreiro de Yayá. A peça conta a história da menina Maria. Na passagem da infância para a adolescência, a jovem enfrenta uma experiência desafiadora: precisa entregar sua coroa de reisado e encontrar um novo papel nos folguedos ao lado da avó Yayá e de um grupo de artistas.

Para reverenciar o cantor, compositor e multi-instrumentista pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989), a Cia. Teatro da Investigação encena A casa de farinha do Gonzagão. O espetáculo transporta os personagens de suas canções para uma casa de farinha nordestina. Ali, na cozinha do sertão, eles contam seus “causos” e transformam a montagem teatral em um grande arrasta-pé com música ao vivo embalado pelo repertório de Gonzagão.

Onze atores do grupo de teatro Os Geraldos, cantam, atuam e interpretam a trilha sonora de um show cênico-musical baseado em ritmos brasileiros, como samba, coco e baião. O espetáculo Músicas em Pararatimbum reúne o som de sanfona, violão, violino e saxofone, entre outros instrumentos tradicionais, ao efeito percussivo obtido com materiais reutilizáveis, a exemplo de baldes, tonéis, sacolas e latas.

Shangrilá – Uma distopia tecnobrega é uma comédia que combina máscaras balinesas, distopias pós-apocalípticas e sucessos da música brega nacional interpretados ao vivo por um elenco formado por Amanda Schmitz, Artur Mattar, André Sun, Marcelo Moraes, Mariana Rhormens e Pamela Leoni. No enredo, ambientado em um futuro não muito distante, um grupo de amigos do Bar Shangri-lá se une em um plano audacioso para resgatar o colega Jonas, preso injustamente pelo soberano autoritário do Reino de Déjà Vans y Bregança – antes conhecido como Brasil.

Inspirada no conto “Quando as cores foram proibidas”, da alemã Monika Feth, a Companhia Barco apresenta O país que perdeu as cores. A peça aborda temas como democracia, coletividade e respeito ao contar a história de um país surpreendido pela ascensão de um governo autoritário ao poder. Representado por uma trupe de artistas em êxodo por diferentes lugares com personagens como o Pintor, a Padeira, o Florista e o Cachorro, o povo precisa, então, definir que destino deseja dar para a sua própria história.

Dança

A beleza do mundo feminino – com suas alegrias, decepções, lutas e esperanças – percorre as danças populares brasileiras no espetáculo Saias, do grupo GiraSaia. Lundu colonial, samba-de-roda e ciranda, entre outras, são intercaladas com cantos, percussão e declamação de poemas, conferindo um sentido específico a cada cena. Unindo toda a narrativa, as saias entram como o elemento que representa força, doçura, sensibilidade e a preservação cultural do universo feminino nas manifestações afro-brasileiras.

Figura conhecida do carnaval pernambucano, La Ursa é uma personagem que pede dinheiro e atormenta os foliões nas brincadeiras pelas ruas. Na apresentação de dança Concerto para La Ursa da Cia. Brasílica, o grupo propõe um contraponto entre o olhar turístico lançado sobre as culturas tradicionais e a sobrevivência de seus representantes.

Com dançarinos de passinho dos anos 1970, 1980 e 1990, patinadores que se exibem na roller dance e figurinos disponíveis para quem quiser entrar no clima da festa Jam Dancing, o Coletivo Master Soul Nostalgia convida a plateia a mostrar suas habilidades na pista – ou a aprender alguns passos de dança e participar do encontro sem se preocupar com técnicas, mas apenas para se divertir.

Duas bicicletas performáticas com equipamento de som portátil e carregadas de adereços, figurinos e materiais de cena anunciam a chegada do elenco e convidam o público para o início do espetáculo O diário de duas bicicletas. Inspirada na cultura popular brasileira, a apresentação conduzida por Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira reúne coreografias de frevo, maracatu, samba, coco, xote, afoxé e caboclinho, entre outras manifestações, e procura diminuir a distância entre os espectadores e a dança.

Circo

Concebido e dirigido pela artista circense Erica Stoppel, o espetáculo Ginga do Coletivo Multicultural Feminino, combina música, equilibrismo, acrobacia e humor. Em cena, o elenco composto somente por mulheres de diferentes nacionalidades e etnias interpreta ao vivo a trilha sonora e mostra números que combinam dança, elementos de outras culturas, ironia e improviso.

Ao som de música ao vivo, a Cia. K de circo revive as travessuras de criança e as brincadeiras da infância com esquetes lúdicas que utilizam diferentes técnicas de circo. Numa viagem ao mundo da imaginação, a cena é povoada de pernas-de-pau, monociclos, acrobatas, malabaristas e pipas coloridas.

O espetáculo de variedades circenses Varieté Ninguna Costilla estreou na Argentina e chegou ao Brasil mantendo a característica de ocupar o palco com mulheres e gêneros dissidentes. Ciceroneadas por uma mestre de cerimônias, as sete artistas do elenco atual da Cia. NC, de São Paulo, que estreou em agosto de 2023, mostram cenas coletivas concebidas exclusivamente para as apresentações e números individuais de malabares, acrobacia e palhaçaria, entre outros.

Literatura

Entre as mediações de leitura distribuídas por todo o Circuito, estão a Ler para crescer: afeto, diversidade e imaginação com a Cia. Vovó Cachola (SP), que convida o público a mergulhar no universo da literatura infantojuvenil, aproximando o leitor das histórias literárias e estimulando a imaginação por meio da leitura compartilhada; e a Brincando de contar no circo da Lua com a Trupe Arlequinos & Colombinas, que traz os personagens do circo Las Mágicas para a narrativa da menina Lua, como malabaristas, trapezistas e até fantasmas. Tudo com muita interação com a plateia para estimular a imaginação, como se todos observassem juntos a roda-gigante e se divertissem com as travessuras do palhaço.

Já a mediação com o Grupo de Artes DyroáBayá, objetos e saberes indígenas criam paralelos com o mundo das letras. Em Le’e ríma’sa, uma armação de madeira tradicionalmente utilizada para assar peixes recebe os livros, enquanto cestos de cipó apresentam as obras como alimentos que nutrem. Também estão presentes o banco em que os xamãs da etnia tukano se sentam para refletir e entender o mundo, a peneira do saber e o suporte para espremer massa de mandioca, que simboliza o conhecimento vindo da leitura.

Para além das rodas de leitura, tem a intervenção artística do Grupo Prisma que vai reunir músicas, contação de histórias e sonoplastias lúdicas executadas ao vivo com instrumentos eletrônicos ou de brinquedo. Autores brasileiros como Vinicius de Moraes, Cecília Meireles e Manuel Bandeira marcam presença em narrativas que se sobrepõem poeticamente aos curtas de animação exibidos. Em Hologramas cintilantes, Eduardo Beu, Bibiane Graeff e Tatá Aeroplano apresentam ao público lendas e contos de fadas que refletem a existência humana com seus sonhos, medos e inquietações existenciais.

Cinema

Entre oficinas e vivências, destaque para projeção de Cinema em realidade virtual do curta-metragem A linha (2019), dirigido pelo brasileiro Ricardo Laganaro e premiado com um Leão no Festival Internacional de Cinema de Veneza, na Itália. Um equipamento especial permite ao público interagir com a maquete utilizada como cenário do filme, numa experiência participativa com realidade virtual. Na São Paulo dos anos 1940, Pedro e Rosa parecem perfeitos um para o outro. Para viver sua história de amor, porém, precisam superar importantes barreiras, já que estão presos a engrenagens que os levam a caminhos opostos.

O universo do cinema de animação serve como ponto de partida na oficina Pequena cinemato-gráfica, orientada pelos artistas Anike Laurita e Jc Ruzza, que têm mais de vinte anos de experiência com arte-educação. Com tintas, canetas, moldes de letras e imagens, usando técnicas manuais como carimbo, stencil e colagem, a dupla convida o público a criar pequenas narrativas visuais, que resultam em cartazes dos filmes inventados durante o processo criativo.

Orientado pelos monitores da produtora Cine 16, em Imagens em movimento: oficina com brinquedos ópticos o público pode explorar os primeiros dispositivos de desenho animado da história, surgidos há duzentos anos, que serviram como fonte de inspiração para o cinema. Depois, aprende a fazer suas próprias animações. Além de conhecer os brinquedos óticos, quem fizer a atividade recebe um GIF animado gerado a partir de seus trabalhos.

Artes visuais e Tecnologias

As práticas manuais são sempre muito procuradas pelos públicos do Circuito e nesta edição há atividades para todos, a começar pela oficina Robozinhos de madeira com o coletivo Manufaturarte. Ministrada pela educadora Larissa Cunha e o arquiteto e marceneiro Alexandre Takashi Fujita que, utilizando kits pré-fabricados, propõem que o inventor participante possa customizar de forma livre o seu boneco: vale colocar três olhos, criar chapéus, pintar um coração… tudo em nome da criatividade.

Na oficina Pipas: Voo das cores do Vento, Ventanias, a arte e a ciência de projetar, construir, testar e empinar pipas serão colocadas em prática. O ateliê ensina as técnicas necessárias para montar os objetos voadores e estimula o uso da criatividade com papéis de várias cores e formatos variados, a exemplo de pássaros, estrelas e caretas.

Do estado do Pará, o Coletivo Katurama orienta uma oficina que produz composições artísticas a partir de fotografias, carimbos que representam figuras ou elementos da natureza e tintas naturais. No exercício criativo intitulado Carimbos da natureza, o público consegue criar obras únicas, conectadas à sua identidade. Idealizado pela fotógrafa e arte-educadora Evna Moura, o coletivo também é formado pelos educadores e artistas Clovis Geron, Bruna Braza, Kely Xavier, Danilo Pontes e Rafael Kajé.

A artista Eliete Della Violla vai ensinar como criar seus próprios impressos a partir de matérias-primas como folhas, galhos, frutos secos e outros objetos na oficina Gráfica aberta: impressos caseiros. A atividade serve para lembrar que muito antes das impressoras, a reprodução gráfica só era possível graças a processos manuais e mecânicos, como os mimeógrafos a álcool, os decalques com papel carbono, as prensas caseiras e o hectógrafo, uma copiadora do século 19 que funcionava à base de gelatina.

Sobre o Sesc

O Sesc é uma instituição privada que promove o bem-estar social, o desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida das pessoas que trabalham nos setores do comércio de bens, serviços e turismo, e da comunidade em geral. Por ser mantido pelas empresas dessas áreas, o Sesc considera como público prioritário seus trabalhadores.

Serviço
Circuito Sesc de Artes 2024
De 20 de abril a 26 de maio, sábados e domingos.
Programação completa no site sescsp܂org܂br/circuitosescdeartes
Em caso de chuva, verifique o novo local.

Acompanhe o Sesc São Carlos:

 

Facebook Instagram Sesc São Carlos Twitter

 

 

 


Sair da versão mobile