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Baseada na obra de Claudia Barral, Mar Aberto estreia na cúpula do Theatro Municipal dia 13 de dezembro

Com direção de Beatriz Barros, espetáculo metateatral propõe reflexão sobre temas como a complexidade das relações familiares, os limites, as perdas e o luto

 

Fotos de Gui Echeverria

 

Quais segredos devem sempre permanecer afogados no silêncio? Em uma reflexão sobre questões como esta, Mar Aberto, baseado na obra de Claudia Barral, pesquisa o fazer teatral e os limites entre ficção e realidade. O espetáculo faz uma temporada gratuita de estreia na cúpula do Theatro Municipal (de 13 a 15 de dezembro) e, em seguida, na SP Escola de Teatro ( de 17 a 22 de dezembro).

O trabalho dá uma nova vida para a obra de Barral por meio da dramaturgia desenvolvida por Giovana Echeverria (que também integra o elenco e é a idealizadora do projeto) e Beatriz Barros (encenadora e diretora geral). Em cena, ainda estão Ayomi Domenica (atriz indicada a representar o Brasil no Oscar com o filme Levante) e Carolina Manica (indicada ao prêmio APCA de melhor atriz por seu trabalho em Dias de Vinho e Rosas).

A peça original explora temas universais e humanos, mergulhando nas complexidades emocionais e nas relações interpessoais, típicas do trabalho de Barral. A estrutura dramatúrgica do espetáculo pode ser vista como uma metáfora para a imensidão e a imprevisibilidade do oceano, refletindo as incertezas e os desafios enfrentados pelos personagens da narrativa.

“As emoções à flor da pele, os conflitos internos e os mistérios são tratados com delicadeza e profundidade, buscando capturar a essência do ser humano em situações de vulnerabilidade e transformação”, revela a dramaturga, atriz e idealizadora da montagem Giovanna Echeverria.

Na trama, em um teatro abandonado, duas atrizes recebem uma terceira artista muito famosa para ensaiar e apresentar um espetáculo. Elas lidam com muitos mistérios ao encenar a seguinte trama: ao alugar um dos quartos de sua casa para uma estranha, a vida das irmãs Helena e Lúcia começa a mudar. Uma misteriosa janela que não pode ser aberta guarda segredos acerca de uma irmã ausente, soterrada nos escombros da memória. O mar, sempre próximo, impondo a sua presença aquática através do seu barulho, parece encurralar e ameaçar Helena.

Sofia, a hóspede inesperada, não conhece limites em sua busca apaixonada por respostas. Ainda assim, sabe que algo a ameaça: sejam as águas internas, como os segredos não revelados, a violência de Helena; ou águas externas, como a fúria do mar e a chuva que alaga sonhos e esperanças. Já Lúcia, ao presenciar os embates entre a irmã mais velha e a nova convidada, precisa decidir que rumos dará ao enigma do seu desejo.

Echeverria e Barros trazem para o palco não apenas a força do texto original de Barral, mas a própria visão, incorporando elementos contemporâneos e diálogos dinâmicos que ressoam com o público atual. “A peça se destaca por criar uma atmosfera híbrida, na qual a ficção transpassa a realidade e  convida os espectadores à reflexão, sobrepujando as barreiras de tempo e espaço em um exercício contínuo de metalinguagem entre o real e o ficcional, entre o fazer teatral e a realização de uma peça, entre o ensaio e a apresentação final”, comenta a diretora Beatriz Barros.

O enfoque nas relações pessoais, e também familiares, nos desafios emocionais e nas buscas individuais por identidade e sentido são traços distintivos da linha dramatúrgica seguida pelas autoras, que enchem de vida novos elementos sem se desviar da obra original de Barral. “Mar Aberto” é, portanto, uma celebração do poder da intertextualidade e da colaboração criativa no teatro contemporâneo, incluindo uma perspectiva épica, que reflete a todo momento em paralelo à narrativa de Barral sobre o fazer teatral e a profissão do ator.

A dramaturgia, desenvolvida por Giovana Eche e Beatriz Barros, foi fundamentada no uso de dispositivos como o melodrama, metalinguagem e uma investigação de diferentes recursos do teatro épico, traçando-se um paralelo entre o público e o mar. E, nessa pesquisa, uma forte referência estética foram as obras do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.

A peça  é um convite a refletir sobre temas como a complexidade das relações familiares, limites, perdas, o luto e as linhas tênues entre o que se entende por ficção e realidade. “Trata-se de enfrentar os medos e as verdades submersas, ponderando se há paz em manter certos segredos afogados na quietude ou necessidade de reconhecê-los. Dessa forma, ela se desdobra em uma conta dramática de confrontos, revelações e um olhar profundo e intrigante sobre os mistérios da memória humana e da natureza ao redor”, acrescenta Echeverria.

Já a encenação se desdobra em múltiplas camadas, explorando os bastidores do teatro. Neste contexto, a estrutura do espaço se torna parte integrante do cenário: vigas e paredes expostas se fundem à cena, criando um ambiente que respira e vive. “O percurso entre o palco e os bastidores sugere que a linha que separa realidade e ficção é tão tênue quanto um feixe de luz. O público é convidado a testemunhar não apenas a performance, mas também os elementos que a tornam possível, em um jogo de reflexões e revelações”, explica a diretora.

Sinopse

Três atrizes se reúnem em um teatro para ensaiar um espetáculo que desafia as fronteiras entre a ficção e a realidade, criando um metateatro que propõe dinâmicas intrigantes, nas quais elas começam a imitar os dramas que encenam. Ao receber uma nova atriz, juntas elas dão vida à história de “Mar Aberto”, que narra a vivência de duas irmãs que alugam um quarto de sua casa a uma estranha, desencadeando uma série de mistérios e conflitos. No centro da trama, uma janela intransponível e uma dinâmica familiar ambígua revelam um passado repleto de segredos, culminando em uma morte que paira sobre a narrativa.

Ficha Técnica

Baseado na obra Mar Aberto de Claudia Barral

Beatriz Barros | diretora e concepção

Tricka Carvalho | assistente de direção

Giovana Eche, Ayomi Domenica e Carolina Mânica | elenco

Maira Sciuto | cenografia e figurino

Ana Luiza Secco | cenografia

Dj Akinn | direção e concepção musical

Ligia Chaim | desenho de luz

Roseli Marttinelly | assistente de luz

Beatriz Barros, Ayomi Domenica, Paula Picarelli, Giovana Eche | colaboração de dramaturgia

Giovana Eche | idealização

Cris Casagrande | produção executiva e geral

Samila Zambetti | assistente de produção

Serviço

Mar Aberto, baseado na obra de Claudia Barral

 

Temporada:

Theatro Municipal – Cúpula –  Praça Ramos de Azevedo, s/n – República

 

13 a 15 de dezembro:

13 de dezembro, às 20h

14 de dezembro, às 17h

15 de dezembro, às 17h e às 20h

 

Ingressos: gratuitos, com reserva em https://theatromunicipalsp.byinti.com/#/ticket/

Classificação: 16 anos

Duração: 90 minutos

 

SP Escola de Teatro – Praça Franklin Roosevelt, 210 – Bela Vista

 

17 a 22 de dezembro:

17 de dezembro, às 20h30

18 de dezembro, às 20h30

19 de dezembro, às 20h30

20 de dezembro, às 20h30

21 e 22 de dezembro, às 17h e às 20h

Ingressos: gratuitos

Classificação: 16 anos

Duração: 90 minutos

 


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