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Artes Cênicas em destaque na programação do 13º Festival Artes Vertentes

Realizado anualmente em Tiradentes (MG), o Festival Artes Vertentes, considerado um dos eventos mais importantes do país na promoção das artes de forma integradas, será realizado entre os dias 19 e 29 de setembro.

Reconhecido como um dos mais importantes festivais de artes integradas do país, o Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes, anuncia Alteridade como temática escolhida para a décima terceira edição, que será realizada entre os dias 19 e 29 de setembro na cidade histórica. A programação reúne concertos, exposições, exibições, bate-papos, residências artísticas, oficinas, além de uma série de atividades voltadas para a promoção das artes e do conhecimento. A programação de artes cênicas conta com apresentação dos espetáculos: “O Estrangeiro reloaded”, protagonizado por Guilherme Leme e direção de Vera Holtz, o premiado “Tebas Land”, com Otto Jr. (vencedor do Prêmio Shell de Melhor ator) e Robson Torinni e a estreia oficial de “Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui”, projeto vencedor do Festival Cenas Curtas 2023, promovido pelo Galpão Cine Horto.

A proposta é oferecer uma programação que seja capaz de promover reflexões acerca da importância de se respeitar as individualidades e a construção coletiva na busca pela compreensão das diferenças. “Estamos convictos de que reconhecer a existência de pessoas e culturas singulares e subjetivas, que pensam, agem e entendem o mundo de suas próprias maneiras é um primeiro passo importante para a formação de uma sociedade justa, equilibrada, democrática e tolerante. Estamos empenhados em realizar esta reflexão de forma plural e diversificada”, destaca Luiz Gustavo Carvalho, curador e diretor artístico do Festival Artes Vertentes.

A programação reserva um espaço especial para as artes cênicas, incluindo a apresentação de três espetáculos, ainda inéditos em Minas Gerais, que são:

  • O Estrangeiro reloaded

“O Estrangeiro reloaded” é uma adaptação do livro do escritor, jornalista e filósofo franco-argelino Albert Camus (1913-1960), Prêmio Nobel de Literatura em 1957, lançado em 1942. Protagonizado pelo ator e diretor Guilherme Leme, a montagem tem direção de Vera Holtz. Guilherme e Vera conheceram juntos a versão da mais conhecida obra de Albert Camus adaptada pelo ator, diretor e amigo dinamarquês Morten Kirkskov. Guilherme já gostava do livro e ficou encantado com a possibilidade de levar O Estrangeiro aos palcos. Vera aceitou estrear na direção. Juntos, criaram a primeira montagem do clássico do escritor no Brasil. O processo levou dois anos de maturação com leituras dramatizadas realizadas para amigos, críticos literários, diretores e público, no Rio e em São Paulo.  Após 15 anos da primeira e bem-sucedida montagem, sucesso de público e crítica, que circulou por quatro anos pelo Brasil e se encerrou no Festival de Edimburgo em 2012, Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia, se juntam novamente para darem nova roupagem e emprestar novo olhar, remixado e recarregado de novos sentidos, à obra prima da literatura mundial.

Meursault, o personagem central de O Estrangeiro, leva uma vida banal; recebe a notícia da morte da mãe, comete um crime, é preso, julgado, em meio à controversa relação entre o indivíduo e a lei, sendo assim mais um homem arrastado pela correnteza da vida e da história. Seu drama pode ser lido como o drama de qualquer pessoa, que se depara com o absurdo, ponto central da obra de Albert Camus. Na trama, Meursault não encontra explicação nem consolo para o que acontece em sua trajetória, tudo acontece à sua revelia e nada faz o menor sentido. Ele não acha explicação na fé, religião ou ideologia, não tem onde se amparar. O que pode ser visto como uma vantagem: esse homem é livre, pode se fazer a si mesmo, sua vida está em aberto. Ele se depara, e se angustia, diante da liberdade e do absurdo, e quando descobre que essas duas condições são intrínsecas, finalmente encontra a paz.

Ficha TécnicaO Estrangeiro reloaded

Texto: Albert Camus

Adaptação: Morten Kirkskov

Tradução: Liane Lazoski

Direção: Vera Holtz

Performance: Guilherme Leme Garcia

Desenho de Luz: Aline Santini

Figurino: João Pimenta

Movimento: Renata Melo

Trilha Sonora: Zema Tämatchan

Identidade Visual: Roger Velloso

Assistente de Direção e Produção Executiva: Sofia Papo

Direção de Produção: Sérgio Saboya

Classificação: 16 anos

 

  • Tebas Land

Escrito pelo diretor e dramaturgo franco-uruguaio, Sergio Blanco, o espetáculo “Tebas Land” é inspirado no mito do Édipo e na vida de São Martinho de Tours, santo europeu do século IV. A montagem tem como tema central um parricídio. O espetáculo, porém, não foca na reconstrução do crime, mas nos encontros entre um jovem parricida e um dramaturgo interessado em escrever a história desse crime. Dirigido por Victor Garcia Peralta, o espaço cênico de Tebas Land é simples e depurado: a quadra de basquete da prisão, onde acontece o encontro quase documental entre esses dois personagens, duas pessoas de mundos completamente distintos. Começa então uma peça dentro da peça, em que o jovem assassino e o ator que o interpreta são representados por Robson Torinni. O elenco também traz Otto Jr., no papel do dramaturgo. Com esse jogo de metalinguagem, a peça pode ser considerada uma tese sobre o fazer do teatro, em que o espetáculo surge de uma sedutora combinação entre razão e emoção dos personagens.

“O texto nos cativou pelos dois diferentes planos, razão e emoção, e pelo processo criativo imbuído neles, em que a dramaturgia é construída durante a ação da peça, oscilando, quase que paralelamente, entre a discussão do fato ocorrido e a construção do texto da peça que será baseada no crime”, destacam Victor Garcia Peralta, diretor e Torinni, idealizadores do projeto.

 

Victor Garcia Peralta – Diretor

Formado no Piccolo Teatro di Milano sob a direção de Giorgio Strehler. Trabalhou em Buenos Aires como ator e diretor em diversos espetáculos. No Brasil, dirigiu o sucesso de público Os homens são de Marte… E é para lá que eu vou! (com Mônica Martelli). Também foi responsável pela direção dos espetáculos Não sou feliz, mas tenho marido (com Zezé Polessa). Decadência (de Steven Berkoff, com Beth Goulart e Guilherme Leme), Tudo que eu queria dizer (de Martha Medeiros, com Ana Beatriz Nogueira) e Quem tem medo de Virginia Woolf? (de Edward Albee, com Zezé Polessa), A Sala Laranja: no Jardim de infância (Victoria Hladilo), O garoto da última fila (J. Mayorga). Na televisão dirigiu Alucinadas (Multishow), Gente lesa (GNT).

 

Robson Torinni – Ator e idealizador

O ator pernambucano participou de alguns trabalhos no cinema, teatro e televisão. Iniciou sua trajetória na Escola de Atores Globe-SP, passando pela Oficina de Atores da Rede Globo e Escola de Atores Wolf Maya. Se formou como Bacharel em Teatro no Rio de Janeiro e sua primeira produção foi A Sala Laranja: no Jardim de Infância.

 

Otto Jr. – Ator

Ator mineiro radicado no Rio de Janeiro, ganhou o Prêmio APTR 2017 de melhor ator por “Amor em dois atos”, de Pascal Rambert e direção de Luiz Felipe Reis. Atuou em mais de 30 peças. Integrou por 10 anos a Cia. Teatro Autônomo, sob a direção de Jefferson Miranda, onde, além de ator, foi criador (junto com os demais integrantes da Cia.) de espetáculos, como o premiado “Deve Haver Algum Sentido Em Mim Que Basta”, ganhador em 2005 do Prêmio APCA de “melhor espetáculo”.

 

Ficha Técnica

Autor: Sergio Blanco

Tradutor: Esteban Campanela

Direção: Victor Garcia Peralta

Atores: Otto Jr. e Robson Torinni

Cenógrafo: José Baltazar

Iluminador: Maneco Quinderé

Figurino: Criação coletiva

Trilha sonora: Marcello H

Operador de luz: Walace Furtado

Operador de som: Rodrigo Pinho

Direção de produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela

Produção executiva: João Eizô Y Saboya

Idealização: Robson Torinni e Victor Garcia Peralta

Classificação: 16 anos

 

 

  • “Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui”

Vencedor do Festival Cenas Curtas 2023, promovido pelo Galpão Cine Horto, a montagem aborda a experiência de pessoas surdas e ouvintes negras e traz à tona questões essenciais de inclusão e diversidade nas artes. “Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui” é dirigido por Carlandreia Ribeiro, com texto escrito por ela em parceria com Marcos Andrade, e direção de texto em Libras por Dinalva Andrade. No elenco, Jaqueline Gonçalves e Marcos Andrade dão vida às narrativas que buscam ampliar a visibilidade e a compreensão das histórias e lutas das pessoas surdas e ouvintes negras. A cenografia de Jacko Nascimento e o figurino de Anderson Ferreira complementam a experiência visual, enquanto a iluminação de Veec Santos e a coreografia de Marcos Andrade intensificam a performance.

O espetáculo não apenas traz à tona questões essenciais de inclusão e diversidade dentro e fora das artes, mas também promove um espaço de reflexão e diálogo sobre a importância da representatividade. “Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui” convida o público a reconhecer e valorizar a riqueza das experiências plurais, proporcionando uma experiência teatral única e profundamente impactante.

Para a diretora Carlandreia Ribeiro, que é ouvinte: “Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui é uma viagem pela cosmopercepção de memórias atlânticas. Quando a cia de teatro em Libras me fez o convite para dirigir esse trabalho, a primeira ideia que me ocorreu foi a de tentar traçar esse percurso de fluxo e refluxo feito de memórias, até chegarmos aqui e colocarmos nossa existência em evidência, e de como isso só foi possível, graças às tecnologias de sobrevivência e resistência daqueles que vieram antes de nós”, destaca.

 

Ficha Técnica Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui

Direção: Carlandréia Ribeiro

Direção de texto em Libras: Dinalva Andrade

Texto: Carlandreia Ribeiro e Marcos Andrade

Elenco: Jaqueline Gonçalves e Marcos Andrade

Voz off: Carlandreia Ribeiro

Cenografia: Jacko Nascimento

Figurino: Anderson Ferreira

Iluminação: Veec Santos

Coreografia: Marcos Andrade

Operação de Som: Mateus Souza

Classificação: livre

 

Sobre o Festival Artes Vertentes

Criado em 2012 por Luiz Gustavo Carvalho e Maria Vragova, o Festival Artes Vertentes é projeto realizado pela Ars et Vita e pela Associação dos Amigos do Festival Artes Vertentes. O evento vem apresentando, ininterruptamente, uma programação artística que estimula diálogos entre as mais diversas linguagens artísticas e propõe, por meio da arte, reflexões sobre temas de relevância para a sociedade contemporânea. Vencedor do prêmio CONCERTO 2021 e nomeado para o prêmio internacional Classic: NEXT Innovation Award 2022, durante as últimas doze edições, o Festival Artes Vertentes já recebeu mais de 470 artistas, originários de 40 países.

 

Mais informações no site www.artesvertentes.com.

 

Serviço

 

Programação Artes Cênicas Festival Artes Vertentes

 

Espetáculo “Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui”

Data: 20 de setembro – sexta-feira

Horário: 20h

Local: Centro Cultural Yves Alves(Rua Direita, 168 – Tiradentes/MG)

Ingressos: R$40 inteira e R$20 meia

Classificação: livre

 

Espetáculo “Tebas Land”

Data: 27 de setembro – sexta-feira

Horário: 20h

Local: Centro Cultural Yves Alves(Rua Direita, 168 – Tiradentes/MG)

Ingressos: R$40 inteira e R$20 meia

Classificação: 16 anos

 

Espetáculo O Estrangeiro reloaded

Data: 28 de setembro – sábado

Horário: 19h

Local: Centro Cultural Yves Alves(Rua Direita, 168 – Tiradentes/MG)

Ingressos: R$40 inteira e R$20 meia

Classificação: 16 anos


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