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Apesar de retração, mercado de arte apresenta oportunidades para galerias de médio porte

Com a queda nas vendas de obras de alto valor, trabalhos com valores intermediários ganham destaque ao movimentar o mercado com produções de qualidade e preços mais acessíveis.

Maior parte dos colecionadores escolheu adquirir obras com valores de até US$50 mil.
[imagem: Felipe Perazzolo]

A edição mais recente do relatório anual Art Basel and UBS Global Art Market Report mostrou uma retração significativa no mercado de arte, em um cenário que pode parecer alarmante, mas também indica oportunidades para galerias de médio porte e artistas em fase intermediária de carreira.

O relatório indica uma queda de 4% nas vendas no mercado de arte global em 2023, percebida principalmente no segmento de obras de alto valor, aquelas com preços acima de US$10 milhões. Nesta faixa de valores, as vendas tiveram um declínio de 10% em relação a 2022. Por outro lado, as obras de arte com valores abaixo de U$50 mil foram responsáveis pela maior parte das transações, representando 93% do volume de vendas.

Os colecionadores HNWI (high-net-worth individuals, ou indivíduos de alto patrimônio líquido, aqueles que têm ativos financeiros acima de um milhão de dólares) reduziram seus investimentos em arte, com uma queda de 32% entre 2022 e 2023. Outra pesquisa realizada pela Art Basel e UBS, a Survey of Global Collecting, observou uma nova queda nos investimentos desse grupo em arte, desta vez de 30%, no primeiro semestre de 2024. Além de comprar menos arte, os indivíduos de alto patrimônio líquido também preferiram adquirir obras com valores mais baixos: 64% dos entrevistados investiram em obras abaixo de US$50 mil.

As instabilidades políticas, altas taxas de juros e inflação foram apontadas como fatores para uma postura mais cautelosa dos colecionadores. Consequentemente, o segmento de obras com valores mais acessíveis mostrou maior resiliência e crescimento, alcançando uma base maior de colecionadores. Assim, o panorama atual do mercado acaba por fortalecer galerias de médio porte, que em geral, negociam obras com valores mais democráticos.

É o caso da OMA Galeria, que comercializa obras de arte de artistas emergentes ou em fase intermediária de carreira, com valores de até R$100 mil. Segundo o galerista Thomaz Pacheco, o momento atual foi vantajoso para a galeria em 2024. “Trabalhamos com artistas em crescimento, que têm alto potencial de desenvolvimento de carreira e uma produção de muita qualidade, porém com valores ainda acessíveis para os padrões do mercado”.

Para além da parte comercial, os artistas representados pela galeria também tiveram um ano produtivo no âmbito institucional: diversos nomes do casting da OMA tiveram trabalhos incorporados ao acervo de museus, como o Museu de Arte do Espírito Santo, o FAMA (Itu – SP) e o Museu da Inconfidência (Minas Gerais), além de premiações em salões de arte.

“Esses passos são fundamentais não apenas para preservar e consolidar o legado desses artistas, mas também para impulsionar a valorização de suas obras no mercado. Investir em trabalhos com valores intermediários, especialmente de artistas com grande potencial de crescimento, é uma oportunidade promissora para colecionadores que buscam qualidade e retorno a longo prazo”, afirma Pacheco.


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